Capítulo 4

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Emily já havia batido pela quarta vez, e ninguém abriu a porta. Ir visitar o pai já era difícil. Ficar esperando tornava aquilo pior ainda. Ela batucava o pé no chão com o humor impaciente.

Talvez a porta dos fundos estivesse aberta. E para sorte de Emily, estava.

O cheiro da casa não era nada bom. Da pia erguia-se uma montanha de louça. As garrafas de álcool estavam espalhadas por toda a casa.

- Pai?

O som da voz de Emily chamava por ninguém. Se ela não soubesse que seu pai morava ali, chutaria que a casa estivesse abandonada.

Ela subiu as escadas e foi até o quarto de Jonas. E lá estava ele. Deitado de barriga para cima, com a camisa desabotoada e a calça aberta. Como se tivesse bebido tanto que seu corpo não coubesse mais nas roupas.

Quando Emily viu aquilo, teve uma mistura de sentimentos.

Pena e vergonha.

A aparência que dava era que um tornado havia passado pelo quarto.

- Meu Deus pai. - Emily disse recolhendo algumas roupas do chão.

Ele não apresentou qualquer reação.

- Pai! - Ela gritou.

O velho acordou com um pulo.

A mente dele ainda estava sob o efeito do sono, mas pelo menos conseguiu se sentar e calçar os chinelos.

- Por quanto tempo eu dormi? - Jonas perguntou com a voz rouca.

- Eu não sei. Cheguei e você estava desacordado.

Jonas estava com uma forte dor de cabeça, resultado de sua ressaca. Abrir os olhos e até mesmo andar era um desafio.

- Desculpe pela bagunça. Não precisa arrumar nada. - Jonas apontou com a mão bamba.

- Você comeu alguma coisa? - Emily perguntou.

- Não sei... Não me lembro.

Emily respirou fundo para não discutir com o pai. Ela odiava vê-lo embriagado, ainda mais em meio a aquele lixão.

Ela preparou um café e eles se sentaram em uma mesa no quintal. Jonas ainda não estava totalmente recuperado, mas estava sóbrio o bastante para ter uma conversa civilizada.

- Você não vai parar beber mesmo né?

- Eu tento. Mas é mais forte que eu. - Jonas bebericou o café. - Mas não quero falar de mim. Como está o Daniel? Faz tempo que eu não o vejo.

Nem Emily sabia como o filho estava. Ele guardava tanta coisa para si que era difícil fazê-lo se abrir.

- Ele está bem. Continua rebelde por causa do divórcio. Mas não posso culpá-lo. Ele só está magoado.

- A adolescência é uma fase difícil. Mas logo passa. - Jonas disse como um ancião. - Mas por que veio me fazer essa visita surpresa? Você sempre me liga.

Emily ficou séria. Batendo os dedos na mesa.

- Pai, eu vou vender minha casa.

Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos.

- Quando eu vender, irei me mudar para um apartamento em Washington.

- E quando vai ser isso? – Jonas perguntou surpreendido.

- Ainda não é nada certo, mas pretendo fazer isso até o mês que vem. Vou ligar para o corretor hoje.

O efeito do álcool foi cortado no mesmo instante em que ela disse aquilo para Jonas.

A Esperança Mora Ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora