• DRACO •
-Astoria? - interrompi.
-Hum?
-Eu posso te dar um beijo? - falei por fim.
Astoria arregalou os olhos em minha direção e suas bochechas coraram.
-Desculpa, qual foi a pergunta? - um riso nervoso escapou de sua boca.
-Ah, desculpe, foi uma pergunta por impulso.
Era verdade. Acredite se quiser. Quando ela observava as bolhas eu senti o feitiço dela novamente, era natural as pessoas se beijarem, certo?
-Não. - endireitou-se e se aproximou mais de mim - Só estou tentando entender o motivo do pedido.
-Me deu vontade. - falei tentando parecer indiferente.
Astoria maneou a cabeça e sorriu.
-Te deu vontade de me beijar?
-Não ria, por favor. É constrangedor.
-Não tem nada de errado com isso, pelo menos você pediu para mim, se fosse outra garota teria negado na hora.
Girei a cabeça para o outro lado e cocei a nuca, onde eu estava com a cabeça em pedir algo assim? Não era como ir no Três Vassouras e pedir uma cerveja amanteigada, era uma garota a qual eu estava pedindo algo supostamente mais íntimo do que pareceu a princípio.
Senti a mão de Astoria deslizar sobre minha bochecha e puxar meu rosto, nossos olhos se encontraram, seu corpo estava inclinado para me alcançar, ela se ajeitou meio ajoelhada no sofá e se aproximou mais, senti o calor de sua pele próxima a minha e meu coração batia mais rápido a cada segundo.
Ouviu-se um barulho de porta se abrindo e nos afastamos, as bolhas estouraram e Astoria se encolheu fitando a lareira.
-Ah, são vocês. - alguém disse atrás de nós, não reconheci a voz, tampouco me interessou saber.
-Boa noite. - Astoria se levantou com um sorriso tímido no rosto e por fim me encontrei só.
Estirei o corpo no sofá e suspirei, faltou tão pouco. Agitei a varinha e repeti o feitiço, as bolhas furta-cor dançavam graciosamente diante de mim, estourei uma e senti o sono bater.
-Façam o trabalho do capítulo doze, pratiquem a poção e tragam as anotações e resultados na próxima aula. Dispensados.
Alonguei os ombros enquanto me dirigia a biblioteca, algumas garotas da Lufa Lufa estavam pelo corredor com cestas entregando o que parecia ser barras de cereal, uma delas me estendeu uma e aceitei, o sorriso que ela esboçava me deixou um pouco nervoso, mas devia ser minha imaginação.
Empurrei as grandes portas e busquei o livro de poções, gastei um bom tempo com as anotações do trabalho até estar fatigado. Uma pausa não faria mal. Alonguei os dedos, já travados de tanto escrever e abri a barra de cereal comendo calmamente.
Depois da pequena pausa meu corpo já me avisava que precisaria dormir mais cedo para compensar a falta de sono das noites anteriores, recolhi meus livros e me arrastei até o dormitório. Minha cabeça deu um giro de trezentos e sessenta graus, me encostei na parede para recobrar o equilíbrio praguejando por ter levantado muito rápido.
O ar se tornou rarefeito, senti um bolo se formar na garganta impedindo-me de respirar, a vista se tornou turva impedindo que eu veja quem estava se aproximando apressadamente. Senti dedos me tocarem, busquei por mais ar, mas era impossível.
Uma voz distorcida conjurou um feitiço o qual não consegui distinguir, o ar entrou de uma vez em meus pulmões e eu fiquei um pouco desorientado.
-...co? - ouvi uma voz distante - Draco? - meu corpo foi girado sobre o colo de alguém fazendo com que eu visse um rosto familiar - Draco? Por favor responda!
-Astoria?
-Você está bem? Consegue respirar?
-Sim. - tentei me mexer, mas o mundo perdeu o foco.
-Por favor fique quieto um pouco. - Astoria massageava minhas costas me prendendo em seu abraço, agora mais lúcido pude ver que ela estava sentada no chão segurando-me meio de lado, estávamos a sós e um lampejo de vergonha me arrebatou.
-O que aconteceu? - tomei coragem de perguntar.
-Acho que você foi enfeitiçado. - ela disse calmamente, sua mão ainda circulava em minhas costas - Quando virei o corredor você estava no chão quase desmaiando, foi um feitiço fraco mas se eu não tivesse aparecido você poderia ter... - Astoria engoliu seco e senti seu abraço um pouco mais firme.
-Obrigado. - disse por fim e sorri - Quem poderia ter sido e por que?
-Eu não sei, mas como você pode ter sido enfeitiçado?
-Não sei, eu... - houve um estalo em minha mente - A barra de cereal.
-Que barra de cereal? - com dificuldades me sentei de frente para Astoria e me aproximei para que ela conseguisse me ouvir.
-Quando saímos da aula de poções mais cedo, - sussurrei bem perto dela - tinha algumas meninas da Lufa Lufa entregando no corredor, a que me entregou me deu um sorriso estranho.
-Mas você acha que a Casa faria isso com você? Tentaria te matar? Não faz sentido.
-A Casa não, mas algo está errado Astoria, eu preciso descobrir o que é.
-Aquele garoto que te seguiu no corredor aquele dia também era da Lufa Lufa. Draco, devemos contar a Diretora.
-Não! - segurei-a pelos ombros - A professora Minerva já tem coisa demais com a reabertura de Hogwarts, nem sabemos mesmo se tentaram me matar ou se... olha, eu preciso confiar que você não vai contar pra ninguém.
-Eu prometo. - Astoria encolheu os ombros - Mas você tem que me deixar te ajudar.
-Nada feito. - soltei seus ombros e endireitei a postura, se ela estava achando que eu ia enfiá-la no meio de algo que eu nem ao menos tinha certeza se era realmente perigoso, ela estava errada.
-Então, nos vemos na sala da diretora. - suspirou fingindo desapontamento.
-Você... - estreitei os olhos, ela estava me chantageando.
-Draco Malfoy, - Astoria se aproximou bem até demais do meu rosto, pude sentir seu hálito quente contra minha boca me causando arrepios - eu não quero barganhar.
Uma limpada de garganta nos fez saltar, era o Filtch, nos levantamos e saímos correndo em direção ao salão principal, rindo como dois idiotas adentramos e nos sentamos juntos, o salão estava quase vazio mas os que estavam nos olhavam torto.
-Não ligue pra eles. - Astoria falou baixo para mim.
-Tem razão.
-Mais importante, saber quem está por trás dessa maracutaia. O que vamos fazer?
-Esperar pacientemente.
-Esperar?
-Não temos como fazer nada somente com uma barra de cereal já engolida e um garoto bobo no corredor.
Astoria pareceu estar com o pensamento distante, pergunto-me porquê ela estaria querendo me ajudar arriscando possivelmente a própria vida.
-Por que está me ajudando? - perguntei de uma vez.
Ela riu e balançou a cabeça, como se a resposta estivesse embaixo do meu nariz e eu estivesse sendo burro de não ver.
-Me encontre na sala comunal da Sonserina às duas da manhã, sem atraso e saberá. - ela balançou os ombros e se levantou sumindo porta a fora.
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O Feitiço da Sonserina
FanfictionEXCLUSIVAMENTE NO WATTPAD 16/07/18 - #2 em fanficharrypotter 27/05/20 - #15 em fanficharrypotter A Segunda Guerra Bruxa havia acabado, era o momento de recomeçar. Isso era o que Draco queria, mas acima de tudo ele precisava se reencontrar em todos o...