•3• Agora estamos juntos

271 27 3
                                    

• DRACO •

-Astoria? - interrompi.

-Hum?

-Eu posso te dar um beijo? - falei por fim.

Astoria arregalou os olhos em minha direção e suas bochechas coraram.

-Desculpa, qual foi a pergunta? - um riso nervoso escapou de sua boca.

-Ah, desculpe, foi uma pergunta por impulso.

Era verdade. Acredite se quiser. Quando ela observava as bolhas eu senti o feitiço dela novamente, era natural as pessoas se beijarem, certo?

-Não. - endireitou-se e se aproximou mais de mim - Só estou tentando entender o motivo do pedido.

-Me deu vontade. - falei tentando parecer indiferente.

Astoria maneou a cabeça e sorriu.

-Te deu vontade de me beijar?

-Não ria, por favor. É constrangedor.

-Não tem nada de errado com isso, pelo menos você pediu para mim, se fosse outra garota teria negado na hora.

Girei a cabeça para o outro lado e cocei a nuca, onde eu estava com a cabeça em pedir algo assim? Não era como ir no Três Vassouras e pedir uma cerveja amanteigada, era uma garota a qual eu estava pedindo algo supostamente mais íntimo do que pareceu a princípio.

Senti a mão de Astoria deslizar sobre minha bochecha e puxar meu rosto, nossos olhos se encontraram, seu corpo estava inclinado para me alcançar, ela se ajeitou meio ajoelhada no sofá e se aproximou mais, senti o calor de sua pele próxima a minha e meu coração batia mais rápido a cada segundo.

Ouviu-se um barulho de porta se abrindo e nos afastamos, as bolhas estouraram e Astoria se encolheu fitando a lareira.

-Ah, são vocês. - alguém disse atrás de nós, não reconheci a voz, tampouco me interessou saber.

-Boa noite. - Astoria se levantou com um sorriso tímido no rosto e por fim me encontrei só.

Estirei o corpo no sofá e suspirei, faltou tão pouco. Agitei a varinha e repeti o feitiço, as bolhas furta-cor dançavam graciosamente diante de mim, estourei uma e senti o sono bater.

 Agitei a varinha e repeti o feitiço, as bolhas furta-cor dançavam graciosamente diante de mim, estourei uma e senti o sono bater

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

-Façam o trabalho do capítulo doze, pratiquem a poção e tragam as anotações e resultados na próxima aula. Dispensados.

Alonguei os ombros enquanto me dirigia a biblioteca, algumas garotas da Lufa Lufa estavam pelo corredor com cestas entregando o que parecia ser barras de cereal, uma delas me estendeu uma e aceitei, o sorriso que ela esboçava me deixou um pouco nervoso, mas devia ser minha imaginação.

Empurrei as grandes portas e busquei o livro de poções, gastei um bom tempo com as anotações do trabalho até estar fatigado. Uma pausa não faria mal. Alonguei os dedos, já travados de tanto escrever e abri a barra de cereal comendo calmamente.

Depois da pequena pausa meu corpo já me avisava que precisaria dormir mais cedo para compensar a falta de sono das noites anteriores, recolhi meus livros e me arrastei até o dormitório. Minha cabeça deu um giro de trezentos e sessenta graus, me encostei na parede para recobrar o equilíbrio praguejando por ter levantado muito rápido.

O ar se tornou rarefeito, senti um bolo se formar na garganta impedindo-me de respirar, a vista se tornou turva impedindo que eu veja quem estava se aproximando apressadamente. Senti dedos me tocarem, busquei por mais ar, mas era impossível.

Uma voz distorcida conjurou um feitiço o qual não consegui distinguir, o ar entrou de uma vez em meus pulmões e eu fiquei um pouco desorientado.

-...co? - ouvi uma voz distante - Draco? - meu corpo foi girado sobre o colo de alguém fazendo com que eu visse um rosto familiar - Draco? Por favor responda!

-Astoria?

-Você está bem? Consegue respirar?

-Sim. - tentei me mexer, mas o mundo perdeu o foco.

-Por favor fique quieto um pouco. - Astoria massageava minhas costas me prendendo em seu abraço, agora mais lúcido pude ver que ela estava sentada no chão segurando-me meio de lado, estávamos a sós e um lampejo de vergonha me arrebatou.

-O que aconteceu? - tomei coragem de perguntar.

-Acho que você foi enfeitiçado. - ela disse calmamente, sua mão ainda circulava em minhas costas - Quando virei o corredor você estava no chão quase desmaiando, foi um feitiço fraco mas se eu não tivesse aparecido você poderia ter... - Astoria engoliu seco e senti seu abraço um pouco mais firme.

-Obrigado. - disse por fim e sorri - Quem poderia ter sido e por que?

-Eu não sei, mas como você pode ter sido enfeitiçado?

-Não sei, eu... - houve um estalo em minha mente - A barra de cereal.

-Que barra de cereal? - com dificuldades me sentei de frente para Astoria e me aproximei para que ela conseguisse me ouvir.

-Quando saímos da aula de poções mais cedo, - sussurrei bem perto dela - tinha algumas meninas da Lufa Lufa entregando no corredor, a que me entregou me deu um sorriso estranho.

-Mas você acha que a Casa faria isso com você? Tentaria te matar? Não faz sentido.

-A Casa não, mas algo está errado Astoria, eu preciso descobrir o que é.

-Aquele garoto que te seguiu no corredor aquele dia também era da Lufa Lufa. Draco, devemos contar a Diretora.

-Não! - segurei-a pelos ombros - A professora Minerva já tem coisa demais com a reabertura de Hogwarts, nem sabemos mesmo se tentaram me matar ou se... olha, eu preciso confiar que você não vai contar pra ninguém.

-Eu prometo. - Astoria encolheu os ombros - Mas você tem que me deixar te ajudar.

-Nada feito. - soltei seus ombros e endireitei a postura, se ela estava achando que eu ia enfiá-la no meio de algo que eu nem ao menos tinha certeza se era realmente perigoso, ela estava errada.

-Então, nos vemos na sala da diretora. - suspirou fingindo desapontamento.

-Você... - estreitei os olhos, ela estava me chantageando.

-Draco Malfoy, - Astoria se aproximou bem até demais do meu rosto, pude sentir seu hálito quente contra minha boca me causando arrepios - eu não quero barganhar.

Uma limpada de garganta nos fez saltar, era o Filtch, nos levantamos e saímos correndo em direção ao salão principal, rindo como dois idiotas adentramos e nos sentamos juntos, o salão estava quase vazio mas os que estavam nos olhavam torto.

-Não ligue pra eles. - Astoria falou baixo para mim.

-Tem razão.

-Mais importante, saber quem está por trás dessa maracutaia. O que vamos fazer?

-Esperar pacientemente.

-Esperar?

-Não temos como fazer nada somente com uma barra de cereal já engolida e um garoto bobo no corredor.

Astoria pareceu estar com o pensamento distante, pergunto-me porquê ela estaria querendo me ajudar arriscando possivelmente a própria vida.

-Por que está me ajudando? - perguntei de uma vez.

Ela riu e balançou a cabeça, como se a resposta estivesse embaixo do meu nariz e eu estivesse sendo burro de não ver.

-Me encontre na sala comunal da Sonserina às duas da manhã, sem atraso e saberá. - ela balançou os ombros e se levantou sumindo porta a fora.

O Feitiço da SonserinaOnde histórias criam vida. Descubra agora