1. A grande Epifania

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     Ouçam seres, os clamores de uma nova era. A estação do despertar, nas entranhas do ócio pecaminoso. O titubear dos fracos dissimulava o quanto de grandeza havia em suas confusões recorrentes.

    Passavam por cegos, enquanto os gigantes embebedavam-se do suor mais clarividente que lhes eram servidos. Servos dos seus impérios de cristais, tão frágeis e permeáveis como a vida. Intrínseco fulgor da memória, contam os segundos para retornarem as suas vilas pacatas.

     E a cada amanhecer, movidos por um temor desleal, partem para os portais sombrosos das suas mansões crisálidas. Corações cansados e mãos calejadas, uma vida toda estipulada apenas por serem pregadores e propulsores desse mundo pagão. Crianças que carregarão a cruz por seu itinerário vital.

     Vejam seres, o esplendor desse percurso magistral, altares de seu reino, miseráveis em sentimentos puros. Corroídos, cultivam uma essência cada vez mais insignificante, intocável.

      Provem seres, o sabor azedo que corre por seus corpos, pela fachada estrutural que os camufla e esconde o rancor cristalizado que os detém. Sintam a leveza da vida pairando diante de vós. Contemple-a com todos os sentidos possíveis, com todas as forças adormecidas.

     Sejam os construtores da sua própria história, do seu próprio espetáculo. Libertem-se da monotonia que os direciona para um mundo neutro e morno, não fique no meio termo, avance e contemple, felizmente.

     Se nenhuma palavra consegue motivar você, pense e note você já possui a resposta para seus males cristalizada em seu interior. Já que não existe ninguém que conhece suas limitações e tudo o que tu tens experienciado que não seja você mesmo. Embarque na mais bela das viagens emocionais, deixando o seu coração falar e assim, compreenderá que se trata apenas de desprende-se dos medos que o enfraquecem.

     Alimenta-se de verdade, rodeie-se de alegria, sustente os mais enriquecedores laços e simplesmente, viva. Aperte seus cintos e deixe-se decolar por entre as nuvens do intelecto, tornando claros os aspectos a serem trabalhados e mire sempre um objetivo, podemos ser maiores em vivacidade e melhores na evolução humana que tanto almejamos.

     Suje-se de vida, lambuze-se e não tenha receio em mostrar-se. É vivendo que a vida pode nos tornar, imensamente, seus protagonistas. Um forte exemplo são as regras sociais, sendo estipuladas com o principal argumento de manter a ordem e a coercitividade. Desde o nosso primeiro suspiro já nascemos em instituições banhadas por normas a serem cumpridas em favor da manutenção da harmonia na sociedade. Portanto, por mais que invisível, inicialmente, existe uma forte repressão cristalizada em nosso interior, duras celas em nossa mente abrigam conhecidos prisioneiros: nós mesmos.

     E diante disso, o homem se debruça em estudar os pilares que nos compõem, pois somos os únicos seres que desenvolvemos estudos detalhados sobre nós, falamos sobre nossa fala e cometemos um duro e egoísta suicídio em nosso âmago.

Fazendo um pequeno levantamento, somos extremamente minúsculos em comparação com o universo que nos envolve. Somos energicamente fortes, concomitantemente, medíocres em atos e atitudes. Nossa verdade mais íntima supera tudo e sim, estamos aqui para a mais bela revoada.

     Alce suas asas e jamais negue um voo, atravesse os mares que lhe recobrem e mergulhe diante do seu caos existencial, além de si. A grande verdade que não nos é revelada, mas depende de uma interpretação e permissão íntima, condiz com o nosso reconhecimento como construtores de vida e é, certamente, pela ânsia de vida que vos escrevo cada junção de letras, com a mais transparente das emoções, o amor.

     Quem nasceu ou banhou-se de amor no decorrer de sua trajetória, compreende que viver é diferente de existir. Que o amor é um caudaloso rio que corre, que faz você mergulhar por suas águas sem se afogar. Também, nos mostra que para sermos seus nadadores precisamos ser seletivos em relação as mazelas altamente destrutivas, como o ódio, o rancor e a mágoa. Aprender a nadar no mar do amor envolve muita transformação, um contínuo mergulho de sabedoria.

     E se por ventura, alguma coisa o machucar gravemente, impedindo-o de nadar, saiba que você é capaz, somos todos capazes, pois, existe um imenso furor em nós, a mente cria, o coração pulsa e você, então, voa. Olhando-se do alto você valorizará a sua caminhada repleta de sacrifícios. Já que evoluir significa sacrificar-se por uma luz maior, por uma paz suprema, aquela sensação benéfica que vem lá de dentro. 

Vi: VáWhere stories live. Discover now