XLVIII - DESTINOS

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 Kelmo jogou Samy com força no chão após ressurgirem em uma praia deserta em Laka. Nuvens grossas cobriam o sol, tornando o tempo escuro e sombrio. Algumas árvores emitiam um som relaxante ao balançar seus galhos e folhas com o vento. Notando o bioma diferente pela presença de alguns pinheiros, ela supôs que deviam estar do outro lado da ilha.

A caçadora apontou a extremidade da sua espada para a face de Samy. A ex-sereia estava inerte, deitada no chão, mas ainda conseguia respirar sem dificuldade. Ela fitava a face de Kelmo, que não expressava nenhuma emoção com um de seus pés calçados por botas pesadas por cima do seu ventre e sua outra mão estirada na esperança de receber um certo objeto precioso.

— Vamos! Me entregue o rubi!

Novamente, ela cobrava o objeto e Samy não entendia o porquê. Se aquela pedra não era para aprisionar o feiticeiro, para que lhe serviria então? Lú havia desaparecido subitamente e a ex-sereia ainda estava apreensiva. Ela não conseguia imaginar para onde ele haveria ido e tinha somente uma suposição: Uma abdução de Lauren. Era a lógica mais plausível para ela e o que a reconfortava, porém, precisava de ao menos entrar em contato com a semideusa para lhe confirmar isso.

— Não tenho o dia todo! — Kelmo aguardava, impaciente.

Samy despertou de seus devaneios. Kelmo olhava furiosa para ela, ainda insistindo em ter a posse da pedra.

— Não irei entregar! — a ex-sereia martelou.

— Não seja teimosa. O feiticeiro foi embora, não irei usar contra ele.

Samy estreitou os olhos. Para alguma coisa ela usaria aquela joia, mesmo que não fosse para aprisionar o feiticeiro. Aquele comportamento da caçadora estava muito estranho desde o episódio da estalagem em que a deixara escapar.

— Se não é para usar contra o feiticeiro, para que lhe serve então? — Samy atreveu-se a perguntar.

— Olha aqui! Não lhe devo satisfações!

Kelmo cravou a espada abruptamente com toda a raiva que impulsionara seus músculos, porém, havia afundado a lâmina na terra, a poucos centímetros da face de Samy. A ex-sereia estava paralisada, por um segundo achou que fosse morrer, ainda conseguia sentir o fio da arma cortar sua bochecha, mas era apenas uma falsa impressão de seu psicológico.

A caçadora, com uma de suas mãos, agarrou o pescoço de Samy e a aprendeu contra o chão. Samy tentava se livrar daquelas garras que a sufocava e ao mesmo tempo sentia mãos tateando os bolsos de sua calça, então começou a espernear.

— Facilite as coisas! — disse Kelmo após aguentar firme um chute na barriga. — Eu não quero te matar!

Samy não se importava com as palavras dela, não a deixaria pôr as mãos no rubi. A ex-sereia logo teve as suas pernas imobilizadas, a caçadora sentou em cima delas e antes que ela pudesse fuçar os seus bolsos, Samy tentou socá-la, porém, recebeu em troca um tapa do rosto.

Kelmo se pôs de pé, havia conseguido pegar o rubi. Ela sorriu vitoriosa, enquanto apreciava a pedra cor de sangue em suas mãos. Samy se levantou com uma mão no lado da face que foi agredida. Ela olhava pasma para a caçadora, e sem pensar correu na tentativa de lhe tomar a pedra.

A caçadora sacou o seu último punhal preso ao cinto e a ameaçou ao se aproximar.

— Você é mesmo muito persistente! Eu a admiro por isso. — Ela sorriu. — Não tem medo de morrer, não é mesmo?

Samy continuou em silêncio e manteve-se imóvel diante de mais uma ameaça pontiaguda. Kelmo apontou a arma, mirando no peito da ex-sereia.

— Agora vá embora! — Kelmo insistiu em um tom áspero. — Saia daqui!

Legend - O Feiticeiro Azul ( Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora