Alice

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Estou terminando de colocar a mesa quando recebo a mensagem de Daniel, fiz almôndegas ao vinho e macarrão com queijo, a geladeira estava abastecida com cervejas e whisky, havia refrigerante também e tantas outras coisas, passei as mãos pelos cabelos e respirei fundo, estava inegavelmente nervosa, Daniel estava lá fora.

Perdi o ar ao ver o homem que me esperava encostado ao carro, ele usava calça jeans escura e uma camisa preta sem gola, um pouco justa ao peito, e ao levantar o rosto vi seus olhos percorrem todo o meu corpo, me senti corar e me amaldiçoei por isso, estava perdida em seus olhos de um preto intenso que mal me dei conta do quanto ele estava perto, olhei para suas mãos e vi que ele trouxera um vinho, senti o seu cheiro forte mas não enjoativo como a maioria era, havia uma pitada de hortelã e algo cítrico e amadeirado nele quando ele se curvou um pouco e me abraçou, o seu braço livre pousou em minhas costas com as mãos espalmadas e ele colou apenas o peito a mim, devo dizer que graças aos seus, pois ao seu toque senti um remexido em minha barriga, o nervosismo não ajudava muito, ele beijou o topo de minha cabeça me soltando e eu sorri "boa noite Daniel"  ele olhou novamente em meus olhos "oi Alice" ele me responde e sua voz parece um pouco mais rouca que o normal, não se pelo nervosismo mas tudo parece passar em um borrão, eu apresento os cômodos da casa deixando de fora o meu quarto e o quarto de TV, ele elogiava pelo bom gosto de cores e molduras espalhados pela casa e me deixou realmente envergonhada ao falar de minha comida "eu falo sério Alice, você tem que me passar essa receita, eu quero da-la a Jessica"  ele já havia explicado que Jessica era uma senhora que trabalhava em sua casa, e devo dizer que achei um tanto esquisito ele explicar tudo minuciosamente, mas gostei daquilo "essa é uma receita que meu pai criou, ele costumava cozinhar para nós todos os domingos antes de irmos a praia, e eu sempre ajudei, mesmo muito pequena acabei memorizando algumas poucas"  terminei de comer, mas esperei Daniel terminar, ele mastigava vagarosamente e até mesmo aquilo naquele homem parecia sexy "conte-me mais sobre seus pais"  sou pega de surpresa, e tento fazer uma cara boa quando lembro a família perfeita que éramos "eles morreram em um acidente de carro quando voltavam da casa dos meus avós, que morreram também a um certo tempo, então fui criada por minha tia Sophia, que é uma pessoa adorável, e ai aos 18 passei a morar sozinha na casa dos meus pais ainda, e só aos 20 comprei esta aqui e me mudei"  despejo tudo assim, de uma vez, mas dando algumas pausas entre uma palavra e outra para não confundi-lo "sinto muito por os seus pais, não consigo imaginar como eu seria sem os meus"  ele agora terminou de comer e eu levanto e ponho seu prato na pia junto com o meu, abro o vinho que ele trouxe e sirvo para os dois, abro a geladeira e pego a delícia de abacaxi que fiz para a sobremesa e ele arregala os olhos "você definitivamente vai me engordar esta noite"  ele diz e eu rio "achei que fosse a mulher a dizer isto"  ele sorri alto e mudamos o assunto para ele, enquanto o ouço falar de como sua mãe é amável e seu pai um tanto durão mas de bom coração, vou enchendo a taça de ambos sempre que estão quase vazias, ele me fala sobre o trabalho e eu falo sobre Mick, ele parece curioso mas não faz mais de duas perguntas o vinho acaba e me sinto saciada, Daniel diz não aguentar mais comer nada também e olho no relógio de parede na cozinha, são 22:00 horas, mas não quero que acabe agora, estava apreciando sua compahia e ele parecia sentir o mesmo, ele se levanta e me olha "você quer ver um filme?"  pergunto e ele sorri "achei que ia me mandar embora" eu balanço negativamente a cabeça e sorrio, pego algumas Heinekens e me direciono para o quarto de TV, e só quando estou lá é que percebo que não foi exatamente uma boa ideia chama-lo até ali, a sala é extremamente escura, projetada para perecer um cinema e há um único sofá lá, embora haja cadeiras e e almofadas com um tapete no chão, sentamos juntos em frente a tela de 69 polegadas "e minha mãe me chama de exagerado"  ele diz olhando para a TV e eu me sinto corar, eu sabia que era um pouco exagerado, mas não fazia mal algum. Acabamos optando por um filme de suspense, havia algumas cenas eróticas mas nada muito exagerado, até chegar a metade do filme Daniel estava sentado muito perto de mim e seu braço roçava o meu sempre que ele levantava a cerveja até boca, menos de vinte minutos depois aparece a primeira cena de sexo realmente e me sinto um pouco desconfortável, mas Daniel parece muito interessado ao meu lado, eu descruzo as pernas para pegar uma cerveja no chão e vejo seu olhar sobre mim, eu o olho de volta e me sento ereta de novo, cruzo as pernas novamente e então rapidamente Daniel se move e suas mãos estão dos dois lados do meu rosto, me sinto paralisada por os seus olhos que mesmo no escuro brilham intensamente, eu deixo a cerveja cair em um barulho abafado pelo tapete, mas não movo mais as minhas mãos, Daniel cola sua testa a minha e meu coração dispara no peito, sinto sua respiração entrecortada e fecho os olhos apreciando o momento, aquilo parece ser o sinal que ele esperava e sinto sua boca sobre a minha, uma de suas mãos deslizam para minha nuca por baixo dos meus cabelos e a outra permanece em meu rosto, seus lábios se abrem levemente e eu sei que ele quer passagem, abro os meus também e sinto sua língua em contato com a minha, me sinto estremecer e aquilo é o suficiente, não consigo mais deixar minhas mãos paradas, levo uma para o seu pescoço enquanto percorro sua barba escura com a outra, ele suspira contra minha boca e aprofunda o beijo, a mão que antes estava em meu rosto está agora em minha cintura, e ele me aperta fortemente contra seu corpo, paro de tentar me controlar e puxo seu cabelo levemente, ele solta um barulho rouco e subitamente sua boca se separa da minha. Olho confusa para ele achando que havia algo errado quando a tela da TV ilumina brevemente seu rosto e vejo as suas pupilas tão dilatadas que se funde com o escuro de seus olhos, e naquele momento sei o que o fez parar, porque eu começava a me sentir do mesmo jeito, mordo o lábio agradecendo mentalmente por ele ter parado, mas quando ele se levanta e pega em minha mão me levantando junto, quando ficamos frente um ao outro, sei que quem precisa parar sou eu, porque seus braços me puxan contra si e suas mãos vão em meu cabelo, ele me olha nos olhos uma última vez antes de colar sua boca novamente na minha, e eu fico tentada a apenas ceder.

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