Promessas

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"Mas a solidão deixa o coração nesse leva e trás"

L. Hermanos

CAPÍTULO UM.

Estou sentada no que costumo chamar de "paraíso" , é Junho, o que significa que está frio, algumas gotas de chuva caem vagarosamente, e o ar sopra frio. Inspiro profunda e lentamente, o cheiro adocicado e já conhecido das tulipas junto as jasmins me causam agora um embrulho no estômago, mas, há algumas poucas semanas atrás, me causavam o que costumam chamar de "borboletas no estômago" , e é engraçado como pensar nisso é automaticamente me permitir pensar em Daniel, e isso é mais uma das tantas coisas que reprimi nos últimos tempos, mas hoje é diferente, hoje eu preciso me permitir.

o local onde estou, a grama alta roçando os meus pés, as árvores crescendo ao meu redor, todas perto demais uma da outra, não permitindo que a chuva já constante chegue tão forte a mim, mas me permitindo ainda ver as nuvens escuras e espessas no céu, o ar que continua a bater frio e suave contra meu rosto, e uma única mala recostada a dois arbustos próximos a mim.. é um ótimo cenário para acabar com tudo, não? Não exagere, não pense que sou uma adolescente deprimida porque acabou de levar um fora do namorado, a realidade é um tanto diferente, já tenho os meus 23 anos e curso o último ano de engenharia ambiental na conceituada UNESP, sou dona e gerente da loja Dreams, onde trabalho com o que gosto: Plantas e animais; tive a idéia de montar um pequeno negócio depois que Sara, minha amiga de infância, engravidou do seu primo, Rick, e felizmente lucramos bem o bastante para que expandissemos a loja para duas vezes o seu tamanho, e me permitir comprar um sedan novo e morar em um dos bairros mais belos e tranquilos de Ilha solteira, Sp, e fora isso, sou como uma adolescente deprimida sim, tenho um coração partido e um vazio enorme no meu peito, eu cai, me joguei de cabeça no amor sem esperar nem pensar no que me aguardava lá em baixo, e agora sei que dói, e maltrata, mas ainda não sei se esse é realmente o fim.

Resolvi então que seria aqui, onde me apaixonei, onde tudo realmente começou, que vou dar fim a uma história, a história de como cai, e me deixei levar sendo assim tão aparentemente segura e independente, me dê apenas alguns minutos, tenho que dizer que é difícil para mim..

A chuva agora cai forte e previsível, e não me importo, assim como não me importo com as lágrimas misturadas aos pingos que agora escorrem livremente pelo meu rosto.

CAPÍTULO DOIS.

Ilha solteira - São Paulo

Onze meses antes.

Estou em uma varanda, olhando para o fim do quarteirão despreocupadamente, o sol brilha alto no céu quase sem nuvens, mas a temperatura permanece agradável, há uma mulher a uma certa distância passeando com o seu poodle, e a observando sou surpreendida com um beijo no rosto, é Victor. A cena rapidamente muda, e me vejo no meu quarto com uma aparência assustada e nervosa, vejo a mim mesma levantar os olhos e ver Victor andando a passos largos em minha direção com a mão direita ameaçadoramente levantada enquanto grita comigo, me encolho no canto do quarto "Alice" o ouço gritar, e quando ele esta perto demais, eu acordo.

Sinto o coração martelar e ouço minha própia respiração descontrolada, alguns dos outros sentidos parecem estar dormentes, viro a cabeça lentamente para um lado e observo parte do meu quarto, o guarda roupas está no canto e há uma esteira próximo, uma cômoda na outra extremidade com um abajur e livros, giro o rosto para o outro lado e me deparo com a porta do meu banheiro a uma distância, um suporte com minha TV e o aparelho de DVD no canto, e no outro o meu criado mudo com mais livros e a chave do meu carro junto as chaves de minha casa, respiro aliviada, tudo está como deixei, estou sozinha.

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