He don't like the lights

Sobre: trégua & crises

30 dias se passaram e enquanto a atenção se esvaia dos ombros de Jimin, de modo que ele finalmente havia voltado a trabalhar e as fans do namorado agora o aceitavam mais. Os ombros de Jungkook estavam cheios de pressão, não existia um noticiário no mundo que não houvesse falado sobre a suposta mãe de seu filho. A garota realmente estava tendo seus 5 minutos de fama, bom pra ela.

No entanto, apesar das coisas estarem relativamente melhores para Jimin, ainda haviam coisas que ele não podia fazer devido a fama de seu namorado. Sair com outros amigos sem ser taxado de traidor era uma delas. Ou seja, ainda haviam holofotes sobre si, e eles não pareciam afim de deixa-lo. Contudo, ainda que as coisas não estivessem 100% e  coisas simples ainda fossem motivo de alarde, Jimin não se sentia no direito de reclamar.

Na verdade, aquilo quase não importava mais, pois no momento sua maior preocupação era Jungkook.

Eles haviam brigado algumas vezes desde que voltaram de viagem, kookie havia saido mais vezes com o tal Namjoon e alguns de seus compromissos haviam sido cancelados. Porque segundo Yoongi, o mais novo não tinha condição de se manter em pé, não se referindo exatamente a ressaca, e também ao fato do cantor estar facilmente doente.

Eram muitas coisas para lidar, turnê nova,  álbuns lotados, Jimin sendo notícia a cada 2 dias, a pressão sobre seu suposto filho, o teste de DNA que não saia, o fato de ainda ser jovem e mau ter tempo de curtir sua juventude, a pressão da Impresa sobre si e sua transição para adulto. Ele estava -lentamente- começando a pirar, e sua nova companhia dizia que o único meio de alívio era o álcool. Mas Namjoon era um tanto velho, sua carreira era sólida e sua fortuna lhe garantia uma vida inteira de regalias, ele também não tinha alguém lhe esperando em casa, porque sua personalidade descompromissada expelia todos que tentassem se aproximar.

Kim Namjoon não era realmente um exemplo a ser seguido.

Porém, era de certa forma o único que o entendia.

Jimin não podia compreender Jungkook, sua bondade não podia superar as incertezas que pouco à pouco adentravam o coração alheio. Não podia o ajudar com algo que nem ele mesmo sabia o que era, e isso especificamente doia. Porque Jimin sempre foi seu porto seguro, e agora que nem ele era capaz de o entender, Jungkook se sentia á 2 minutos do fim.

Todavia, isso não quer dizer que o sentimento deles está em declínio. Mas, infelizmente "amor" não é a única necessidade de um relacionamento, e no momento, Jungkook mau pode lidar consigo mesmo.

Três dias atrás houve uma tempestade, uma tempestade forte, naquelas que balançam os vidros e derrubam árvores. Jimin entrou em crise e como de costume Jeon tentou ir até ele, mas a grande quantidade  de álcool em  seu corpo fez com que ele caísse no meio do caminho, em algum lugar entre a varanda e sala do apartamento de Namjoon, onde mais uma de suas lendárias festas rolavam. Desde então Jimin não falou com Jungkook, e devido ao fato de sua agenda estar suficientemente atrasada, Jeon não conseguiu tempo para ve-lo pessoalmente.

Contudo, no outro lado da história, Jimin preferia acreditar que as mudanças de Jungkook eram  influencia de suas novas amizades, ou até mesmo, que o garoto estava precisando de um tempo de tudo aquilo. Ele tentava arduamente conversar com Jungkook sobre aquilo em todas as 2 vezes que conversam na semana, mas Jungkook  Somente desviava o assunto.

E, sabe, existem muitas coisas com que Jimin pode lidar. Ele é uma boa  pessoa eu já disse, mas todo herói tem  seu calcanhar de Aquiles, e Jungkook era o dele.

Portanto, fora natural o modo como o médico deixou de sorrir, se comportando cada vez mais como Min Yoongi, o produtor músical de Jungkook. Os dois não tinham se encontrado muitas vezes, mas Jimin sábia que ele não era muito sociável. Sua blusa preta com grandes letras em dourado que diziam " clube dos anti-sociais" indicavam isso.

Jimin o achou maneiro.

Foi em uma tarde de quarta que tudo pareceu voltar à tona, uma caixa aparentemente inofensiva tinha sido deixada em sua caixa de correio. Desavisado, e crente que tudo estava voltando aos eixos Jimin à abriu. A cor escarlate manchou sua pele dourada, seu cabelo loiro se tingiu, e  seus olhos se arregalagaram quando focaram no conteúdo.

Pés de coelho trazem sorte, jimin acreditava nisso. Por isso, costumava domir agarrado aos pés de Jeon quando precisava de sorte. Mas ele sinceramente não achava que os pés dilacerados dentro da caixa podiam lhe trazer algo além de repulsa. Na tampa da caixa, do lado de dentro, uma mensagem estava escrita com sangue: " Se afaste dele".

É oficial, Park Jimin está perto do precipício

E o pior é que sua única corda está ocupada demais pra se importar.

Está ocupado gastando sua grana com bebidas baratas, caindo em chãos sujos, fingindo ser o que não é. Andando com que não lhe faz bem.

Jimin não mandou mensagens aquele dia, estava ocupado limpando o sangue de coelho do seu chão.

A água que escoria era vermelha, o som do chuveiro alto não era o suficiente para mascarar os soluços altos. O corpo fraco se apoiava cada vez mais na parede, prestes a cair quando seu nome alguém gritou. Sabia quem era, sabia que só existia alguém capaz de entrar em seu apartamento sem que o porteiro avisasse, sabia e queria não saber. Porque no momento raiva o consumia.

Ele quis gritar mas estava fraco, a voz se aproximou do banheiro e Jimin caiu antes que pudesse responde-lo.