Um rim e uma vida - consequências

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- Vingançaaaa!

- Isso, faça algo, roube, mate, faça algo – a voz do mal instruía.

Ele dá uma última golada no vinho, joga a garrafa no asfalto e volta de onde veio. Já passam das duas horas do novo ano. Suas passadas são largas e descompassadas. Ao voltar pela avenida, lá na frente, do outro lado da rua, vê um carro saindo e um senhor idoso abanando a mão – era o Sr. Osório, se despedindo dos últimos parentes. A passos largos e animalesco, Zói se aproxima. Entretanto, Sr. Osório entra e fecha a porta.

- Que bom que o velhote entrou. Assim posso entrar nessa aqui – ele pensava consigo, enquanto via uma casa com o muro baixo.

- Entre, roube, vingue-se! – a voz maldita sussurrava em sua orelha.

Pulou, agarrou-se no muro e ouviu, quando ia passar para o outro lado, um barulho muito alto:

Um tiro!

- Ladrão vagabundo! Desgraçado! - era Sr. Osório, do outro lado da rua, com sua pistola.

Zói cai, sem chão, como um tigre abatido, desnorteado.

- O que é isso?! – pensa no subconsciente, olhando para todos os lados ao mesmo tempo.

Sr. osório se aproxima o alvejando com outros disparos, mas o rapaz se levanta e, mesmo com um tiro na barriga, consegue se jogar na galeria de esgoto que separava a rua ao meio. Seguiu fugindo, pisando naquela água nojenta, que agora tinha como novo componente seu sangue, até perceber que já estava fora de alcance do Sr.

A galeria de esgoto era alta, mas, com custo, conseguiu subir. Pois, afinal de contas, era subir ou morrer alí, como um rato.

- Isto não é pra mim. Minha morte será gloriosa, não como a de um roedor. Serei a subversão. Estou, literalmente, no fundo do poço, mas a subida desse muro será um ato simbólico, pois, conseguindo isto, conseguirei o impossível. Olhe por mim, Zumbi!

...

Marlon, o felizardo, dorme e sonha com ela, a doce Jessiquinha, com quem havia transado alucinantemente há duas horas. É quando tem o prazeroso sonho interrompido por pancadas na porta. Acorda e a casa está coberta por fumaça.

- Droga! Que isso?! Saio de um sonho daqueles e caio em um "inferno em chamas"?! – resmunga enquanto vai até a cozinha e tem uma vaga lembrança de que colocou um ovo para cozinhar quando chegou. Desliga o fogo, joga água e ouve, com força, as pancadas na porta persistirem.

Abre e vê Zói, com um buraco que atravessava o abdomem, sem camisa, entrar e deitar-se no seu sofá, ensanguentado.

A polícia chega.

Agora Zói vive com um rim.


Vida segue e a sociedade brasileira deve um rim e uma vida ao Zói!


Continua...


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