Paris 1940

Apresentação

           Henriette Vingnon von Hoffman é uma jovem e bela francesa de 26 anos casada com Jürgen Klaus von Hoffman, um promissor oficial do exército alemão. Conheceram-se em uma festa na Universidade de Berlim em janeiro de 1935 onde cursavam filosofia, Jürgem ingressou na universidade dois anos antes de Henriette que sempre foi uma admiradora da língua, da cultura germânica e uma apaixonada pelo poeta Heinrich Heine.

            Foi uma paixão que surgiu com força e descobriram-se como opostos que se complementavam, Jürgen era um cavalheiro, filho único de uma importante e tradicional família de grandes posses, mas que entre quatro paredes tornava-se um amante impositivo e dominador e que fez Henriette descobrir que ela precisava de um homem assim para sentir-se completamente realizada.

            Jürgen pertence a uma família tradicional e de posses, é filho de um industrial alemão e pertencente ao Partido, sua mãe neta do Barão Furstenberger, de onde vem a maior parte das posses da família e que ajudaram a desenvolver a ainda pequena indústria siderúrgica montada pelo seu pai. A família num primeiro momento encantou-se com  Henriette, sua beleza e porte e o seu alemão fluente, mas ao saberem de sua nacionalidade ficou nítido que não estavam de acordo com a união dos dois, mas Jürgen foi taxativo quando, tempos depois, a apresentou oficialmente como a sua noiva e foi inevitável para seus pais terem que comemorar o casamento de seu filho varão. 

            Foram anos de harmonia e prazeres que só os aos dois importava, até que Henriette viu-se obrigada a voltar a Paris no final de 1939 por conta de uma enfermidade de seu pai, já eram dias conturbados na Europa e a Alemanha havia invadido a Polônia em primeiro de setembro.

            Após o final da primeira grande guerra a França idealizou a construção de uma linha de defesa em toda a fronteira com a Alemanha, essa proposta do Marechal Joffre foi discutida pelo Conselho Superior de Guerra, que era presidido pelo marechal Pétain, por um período de mais 10 anos e finalmente em 1929 os planos definitivos foram aprovados e nesse ano o Parlamento Francês aprovou um orçamento de um bilhão de francos franceses e as construções tiveram início em 1930.

            A linha de defesa idealizada nos anos vinte foi pensada para uma guerra nos moldes da passada em que os exércitos lutaram durante anos dentro de trincheiras. Em 1936 a maior parte dessa grande obra estava quase terminada e a um custo de cinco bilhões de francos franceses exatamente numa época em que a ameaça hitlerista dava significado para o vultoso gasto e uma obra de extrema complexidade tecnológica por quase cem quilômetros de extensão. A França tinha agora a sua linha de defesa, mas que não foi o suficiente para evitar a derrota logo no início da guerra.

            Essa guerra que se seguiu colocou-os em lados opostos, marido e esposa estava separados cada um em seu país, apesar do amor que os unia.

            Henriette e seu irmão mais novo, que perderam seu pais em um dos primeiros bombardeios, quando da invasão da França em maio de 1940 e a tomada e ocupação de Paris pelos exércitos nazistas. Por uma série de fatores viram-se obrigados a se separar.

            Essa é a historia do casal formado por Henriette e Jürgen e do irmão dela, Jean François Vingnon, vidas marcadas por afastamentos e desconfianças, uma luta de todos os envolvidos para sobreviverem aos horrores de uma guerra. Muitos foram os envolvidos nesse conflito, muitas as histórias individuais e coletivas, houveram os colaboracionistas, os que participaram da resistência, minorias oprimidas e o envolvimento de milhões de soldados de inúmeros países.

            A união de uma francesa com um alemão poucos anos antes da segunda grande guerra. O que estará reservado para o futuro deles e de todos os que os cercam? Será que essa união de amor e desejos conseguira suportar tudo? Talvez o que um sinta pelo outro perdure, mas eles sucumbirão?