Capítulo 45 - Antoinette Giron

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            E foi imbuída nesses pensamentos que eu voltei para o salão, queria transparecer que eu era outra mulher. Me aproximei do General Kurt e procurando manter meus olhos nos dele perguntei se ele estava precisando de algo, mas não sem antes ter-me desculpado pela demora e ter feito questão de dizer que precisei ir ao toilete.

            Passei toda a noite servindo-o por duas oportunidades ele segurou minha mão para me ajudar a servi-lo de champanhe, e em todas elas e apesar de uma repulsa eu sorri o meu melhor sorriso, não o melhor sorriso de Henriette, mas sim o sorriso de Antoinete. 

            Já ao final da noite e já tendo alguns convidados ido embora e eu achando que o General, que já se encontrava mais solto por conta da bebida, pudesse dizer algo e eu fiquei praticamente ao lado dele, pronta para o que ele precisasse e para ouvir o que ele dissesse, mas ele não comentou nada de importante, mas por umas três vezes ele passou acintosamente sua mão em minhas costas sendo que na última ele a fez descer pelo meu quadril e chegou a tocar a minha nádega, é claro que Henriette se encolheu assustada enquanto que Antoinette delicadamente segurou a mão dele olhou nos olhos e em francês.

            - Mon Général, mon général n'est pas le moment.

            Não acreditava que eu havia tido a frieza de dizer a ele que não era o momento enquanto tirava sua mão de minha nádega.

            - Tu as raison, mademoiselle.

            Assim como não esperava que ele me respondesse em seu francês carregado pelo sotaque que eu tinha razão. Sorri para ele e quando ia me afastando ele segurou minha mão.

            - Nous devons parler plus tard, ne parter pas sans me parler.

            Henriette não existia mais e mesmo como Antoinette eu engoli em seco e pensei que pudesse ter ido longe de mais ao ter dito a ele que não era o momento, pois ele me disse que nós deveríamos conversar mais tarde e que eu não saísse sem falar com ele. Pelo menos ele falou em que eu saísse, mas ele pensa que eu vá sair quando?

            Menos de uma hora depois praticamente todos haviam ido embora e um dos ajudantes de ordem foi me chamar pois o General queria falar comigo, mas foi algo meio patético eu entendendo o que ele falava em alemão, fazendo cara de quem nada entendia e depois concordando com a cabeça e respondendo em francês eu que havia entendido. Fui até onde o General Kurt estava sentado e assim que me aproximei ele bateu no espaço, do sofá ao seu lado e me disse para sentar.

           Eu me fiz de assustada e perguntei se era para eu sentar enquanto olhava ao redor como se quisesse mostrar preocupação, ele foi enfático.

            - Sente-se!

            Sentei-me ao lado dele que de imediato segurou minha mão, eu respirava procurando me controlar, precisava estar no papel de Antoinette precisa aprender e muito rápido a representar esse papel.

            - Não quero mais que você trabalhe com qualquer outro.

            - Mas General como vou sobreviver sem trabalhar?

           - Eu vou providenciar tudo, na verdade eu queria que você ficasse aqui essa noite...

            Foi mais forte do que eu, não consegui ser Antoinette, puxei minha mão e fiz menção de me levantar antes mesmo que ele completasse a sua frase.

           - ...sim eu gostaria, mas não será possível, quero que você deixe com meu ajudante de ordens o seu endereço e nome, preciso encontra-la quando voltar, não que eu não conseguisse sem o seu endereço, mas assim me poupará trabalho.

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