Capítulo 2. Miguel.

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         Aquela louca havia pulado em cima de mim. Uma louca baixa, podemos dizer. Acrescentando: uma louca baixinha e bonita. E...gostosa.

         Por isso voltei ao lugar onde estava e avistei a mesma com mais quatro pessoas. Uma loira dos olhos azuis, alta, bonita. Outra, dos cabelos castanhos escorridos, olhos azuis, bonita. E mais dois meninos: Um do cabelo loiro escuro, alto que estava abraçando a loira. E um moreno alto que estava ao lado da morena.  A baixinha estava em frente à eles.

      Andei rapidamente até ela e a puxei de uma vez, forte, que ela chegou a cair no chão.

     - Tu enlouqueceu, foi? - ela se levantou velozmente e vi olhos avelãs. Dei um sorriso de: bem feito.

      - Eu também caí, agora pouco.

     Ela revirou os olhos e saiu com os amigos para o lado oposto ao meu. Vi que ela tinha um pouco de bunda.

Pâmela.

      Quando cheguei em casa, cansada e abalada pela notícia de Lucca, me deitei na cama e liguei o celular. Meus pais não estavam em casa, como sempre, e Diego já havia voltado para o apartamento dele.

      Minha mochila já estava arrumada, juntamente com meu fichário preto de couro. Outro fato sobre mim: amo tudo que tenha preto. Minha mochila era preta, meu estojo era preto com brilhos prateados, minhas unhas estavam pretas. E enfim, amo preto. Meu olho não é preto, mas a gente revela essa parte.

      Acordei dez minutos atrasada. Dez, somente dez. Que orgulho de mim!

      Como atualmente sou filha única, porque meu irmão já saiu de casa, coloco músicas enquanto arrumo, assim eu acordo e fico mais agitada. E também mais feliz.

       Primeiro dia de aula podíamos ir sem uniforme. Por um mês, então, escolhi uma calsa justa, com um tecido parecido com couro e uma blusinha de ceda branca com alsas.  Penteei meu cabelo encaracolado e passei somente rímel e um gloss.

        Corri para o corredor e esbarrei em alguém no elevador.

     - Desculpa, moço... - parei a frase, porque quem estava no bendito elevador, no meu bendito prédio, era nada mais, nada menos que...

     - E ela está de volta. - ele disse sorridente. Fingi que não ouvi o comentário besta dele e me olhei no espelho. É, até que eu estava bonitinha. Vesti meu moleton preto, pois em Curitiba estava um frio de lascar.  - Então...você mora aqui?

      - Moro. - respondi.

      - Eu também.

     - Não, não. Você está aqui só de passagem. Ah, não, espera! Vai ver você é um maníaco e está me perseguindo! - ironizei. Ele deu uma risada alta.

      O elevador abriu e eu saí primeiro do próprio. Como a escola era no próximo quarteirão, sempre ia à pé.

      O porteiro deu bom dia para mim e coloquei os fones no ouvido para ir escutando músicas no caminho. Passei o fio por dentro do moletom e Silence do Marshmallow e do DJ Khaled tocou nos meus ouvidos. 

      - Tira esse fone, Pâmela! - Laura me obrigou a tirar, já que eu já estava cantando em voz alta. Nós cinco havíamos ficado na mesma turma, graças ao nosso bom Deus. Faltava cinco minutos para o sinal para a primeira aula bater e vi pelo pátio que muitos novatos formigavam por ali. Rebeca chegou em nós com cinco toddynhos da cantina. Nós abrimos e eu estava morrendo de fome. Normalmente eu nem tomo café em casa.

      - Valeu, Beca. - Dani deu um beijo na bochecha dela e saiu de perto de nós com Lucca atrás. Ficamos olhando para ela.

     - Que foi? - perguntou nos olhando.

     - Nada. - eu e Laura respondemos. Mas, é claro que não era nada. Havia alguma coisa acontecendo entre Beca e Dani, há muito tempo. Não é só de hoje.

      O sinal bateu e fomos para sala de aula, no terceiro andar.

       O professor de química entrou com tudo na aula e já foi deixando claro que quem quisesse aprender, prestasse atenção, e quem não quisesse, ficasse quieto e não atrapalhasse em nada.

       - Temos dois novatos na sala este ano. - o professor começou. - A Marina. - ele apontou pra garota de óculos na frente da sala. - E o Miguel.- ele apontou por trás de mim. Todos se viraram e eu também.

       - Duas vezes no dia? Isso é loucura. - ele disse sentado na cadeira atrás da minha. Revirei os olhos.

       - O que você está fazendo aqui, stalker? - perguntei impaciente. Ele estava bem perto de mim, talvez seja porque a cadeira dele estava colada à minha. Pude analisar seu rosto com cuidado.

       Pele morena clara, ( se é que me entendem ) olhos verdes, uma boca larga que estampava um sorriso descarado e covinhas nas bochechas. Sobrancelhas escuras e grossas, cabelo escuro. É o que pude ver com rapidez, porque ele ia perceber que eu estava o analisando.

      A Rebeca estava à minha frente com um sorriso espontâneo. E eu sei o que significava: encrenca.

A Marrenta e o DescaradoOnde histórias criam vida. Descubra agora