Capítulo 8

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Miguel.

Confesso que fiquei preocupado já no segundo desmaio da Pâmela. Ela era chata e tudo o mais, mas ainda assim eu estava preocupado.

Ela estava em meus braços agora. O professor correu até a diretoria para ligar pra a ambulância vir o mais rápido possível.

Sabia que ela não ia gostar. 

Vinte minutos depois a ambulância chegou e a colocou na maca. Eles me mandaram entrar.

- Eu!? - perguntei pra os médicos ou enfermeiros, não sei.

- Sim, você mesmo.

Entrei e sentei ao lado dela. Liguei para Laura e a avisei. Ela estava no street dance, não podia ir. Mas avisou que era para dar notícias.

Chegamos ao hospital e dois médicos foram examinar a Pâmela.

- O que ela tem? - uma mulher morena perguntou sem olhar para ela.

- Pâmela Lins, quinze anos, teve dois desmaios durante o treino de futsal.  - a enfermeira disse.

A médica parou e olhou para Pâmela.

- É minha filha! - e começou a empurrar a maca com força.

O quê? Pâmela tinha pais médicos? Por isso não queria que eu a levasse para o hospital ontem...

- E você, quem é? - a mãe da Pâmela perguntou.

- Sou o... amigo dela. - falei.

- Não conheço você.

- Sou novato na escola. - ela assentiu e disse:

- Espera aqui fora. Depois a leve pra casa.

Fiz que sim com a cabeça e ela saiu com uma Pâmela totalmente pálida para uma das salas.

Bufei e sentei em uma das cadeira, mexendo no celular.

Droga, segunda vez que ela desmaia desse jeito... Batendo a cabeça no chão e depois puf,  desmorona.

Ela não gosta de mim, então pra que eu ficar aqui? Não vou ajudar quem não quer minha ajuda. Ela me odeia.

Então me levantei e saí do hospital disposto a pegar um ônibus e ir pra casa.

Pâmela.

Acordei vendo um teto branco sobre meus olhos. Pisquei algumas vezes tentando enxergar melhor, mas a dor pulsante na minha cabeça me impedia.

Então meus olhos vagaram para uma camisola de hospital. Em mim. Nem precisei me esforçar para saber.

Eu estava no hospital.

- Pâmela. - uma voz me chamou e eu levantei os olhos.

Minha mãe.

- Oi. - minha voz saiu fraca, porém fria. Como eu sempre sou com meus pais. - Quanto tempo eu fiquei desmaiada?

- Meia hora. - ela falou. Arregalei os olhos.

Oi?!

- Você teve concussão, como sempre. - ela falou como se fosse óbvio. - Pode ir. - ela falou apontando para a porta. - Preciso trabalhar, não ficar cuidando de filha minha.

Olhei pra ela e cerrei os olhos. Ela está me expulsando?

- Eu poderia ter morrido! - elevei a voz. Ela riu.

- Me poupe, Pâmela! Você que provoca isso. Duvido que você tenha almoçado hoje. Almoçou?

- Não. Mas o que tem a ver?

- Você sabe o que tem a ver. - disse. - Agora saia daqui e vá pra casa. Não me dê trabalho, você já vai fazer dezesseis anos.

Me levantei num pulo, me sentindo meio tonta, mas andei até ela e a esbarrei de propósito. Minha mãe é uma chata! Quando eu morrer, quero ver se ela vai ficar chorosa. Odeio ela.

Saí pisando fundo e fui pegar o Uber.

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⏰ Última atualização: Dec 02, 2017 ⏰

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