Capítulo nono, Dormência.

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Acordei com o barulho da porta batendo, Philip havia saído do quarto, e a luz do Sol caia exatamente sobre meus olhos. Gael estava dormindo no chão cansado por ter lavado o banheiro durante a madrugada, minha consciência estava um pouco pesada por que foi minha culpa isso ter ocorrido. Meu corpo estava dolorido, como se eu não tivesse dormido, os ombros pesavam, sentia-me com tornozeleiras. Quando me olhei no espelho meus olhos estavam inchados por ter chorado na noite passada.

Nicholas não conseguiu olhar na minha cara, mal escovou os dentes e saiu do "C". Hoje a noite seria tudo ou nada, a sensação de ansiedade, imaginar que iria ver Roger embrulhava meu estômago. Se você já apanhou de alguém desconhecido deve entender o que eu estava sentindo, como se o seu corpo queimasse por dentro. Fechei a porta do banheiro, olhei nos meus próprios olhos monocromáticos e discuti com meu ego.

JOSH

Você não vai temer. Você é forte! Você vai vencer Philip. Virar um beta. Vencer Tony! VENCER ROGER! Virar Alpha e vai acabar com essa palhaçada. - fiz silêncio.

JOSH

Mas se Philip vencer?

JOSH

Dai você vai se erguer, treinar durante a semana e vai tentar de novo, e de novo, e de novo. Não existe derrota, existe falta de prática ou de tentativas. O "Não" já temos, estamos em busca do "Sim"!

JOSH

Todo o meu corpo dói, estou frustrado, cansado sem contar que estou conversando sozinho.

JOSH

Foda-se. Não me importa o que você sente. Apenas, aconteça!

Sim, eu converso sozinho quando estou desesperado. E às vezes quando não estou também. Fechei os olhos com força, enrugando minhas pálpebras e lábios criando uma dor de cabeça frontal. A voz dele estava na minha cabeça. As coisas que ele disse.

Eu não sei. Eu estou perdido Josh. Eu não sei o que estou fazendo.

Desde sempre fui viciado em agressão, nunca liguei pra reação nos outros, mas isso não está me fazendo sentir prazer dessa vez.

Segundo, eu fiz por que eu quis. Eu não espero que me perdoe, nem que me entenda, todavia quero que saiba que parte de mim está arrependido, e essa parte nunca existiu antes Josh. Nunca. Eu sei que eu tenho problemas, e pelo que você me fez sentir ontem eu quero me corrigir.

Josh?

Ele não saia da minha cabeça, estava com tanta raiva de tudo que estava acontecendo, sei que deveria ser frio para me vingar, mas estava fervendo por dentro.

PHILIP

Eu não sei como você descobriu o plano, mas agora você não vai ter mais comida. - Ele falou segurando as embalagens de barras de cereal que eu tinha jogado pela janela do banheiro. Engoli a seco, havia tomado um susto depois que ele apareceu do nada para falar isso.

JOSH

Quem te contou?!

PHILIP

Ninguém Josh. Eu costumo subir no telhado, foi só ligar os ponto, e sei quem está te ajudando, não é tão difícil supor quem aqui dentro teria barrinhas de cereal.

JOSH

Gael não está me ajudando, estou roubando as barrinhas dele.

PHILIP

Sei - falou desconfiado, jogando as embalagens em mim.

Levantar voz, bater nele até meus dedos sangrarem, dizer "Foda-se!", seria libertador, mas não consegui, apenas aceitei ele me trancar no banheiro naquele instante, sentei dentro da banheira abracei meus joelhos. Eu queria muito chorar, mas estava vazio, não tinha mais lágrimas todas elas se foram no meio da noite. Roçava meus pés uns nos outros, e sem expressão eu desisti. Aceitei ser rebaixado, ser vencido, destruído. Não dava para seguir, eu não tinha mais forças, toda vez que dava um passo para a vitória, levava outra rasteira me jogando para trás.

Garotos de Verão - 1994Onde histórias criam vida. Descubra agora