Capítulo oitavo, Persistência.

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Minhas mãos estavam suando frio, minha pele vibrava tentando conter a raiva e o nojo, meu sorriso ludibriava Philip. Que vingança é um prato que se come frio todo mundo sabe, mas tenho noção de que nem todos tem estômago para isso. Deitar-se com o inimigo parece ser uma coisa horrenda, e por um lado até que é, mas ainda assim como quando assistimos alguém cometer atrocidades com outras pessoas e ficamos perplexos, mas quando somos nós no meio da raiva e tomamos atitudes imprudentes não sentimos a repulsa do ato, e sim um prazer em poder descarregar a ira e o rancor, era assim que me sentia.

O que me enoja mais ainda são pessoas como minha mãe ou então como Clemencie, que vivem se mostrando puritanas, como se nunca fossem capazes de fazer algo ruim a ninguém, que sempre se colocam no papel de vítima, mas talvez por medo ou simplesmente por pura hipocrisia são as primeiras a darem "facadas pelas costas".

Estava com muita vontade de vomitar, mas eu não havia comido nada para poder regurgitar alguma coisa. Estar deitado na mesma cama quase fazendo sexo com o beta que planejou uma forma de me prender no banheiro, sem me dar comida, e ainda fazer parecer com que a culpa fosse minha, estava foda. Ainda com dores nas pernas, com raiva de Tony por ter sido tão cínico. Apesar de saber que o plano obviamente partiu de Kevin ou de Roger.

Respirei fundo, engoli o meu orgulho, e deixei-me esvaziar os sentimentos. Guardei o Josh num baú, no fundo de minha consciência, até que ele pudesse voltar para casa e nunca mais precisasse pisar no CampSete. Resolvi entrar em um personagem, uma máscara, congelaria meus impulsos até que por situações que ainda estão por vir fiquei conhecido como o garoto de gelo.

PHILIP

Gael? - Philip mudou de posição na cama notando que Gael estava acordado nos observando - Vai pro banheiro, dorme lá.

GAEL

Mas...

PHILIP

Vai logo! Não quero você assistindo eu e o Josh.

Gael fez uma careta, pegou suas coisas e fui para o banheiro, comecei a beijar o pescoço do beta. Parei, levantei da cama trazendo-o, segurando-o pelo pulso, tiramos nossas roupas por completo. Pus as mãos em sua cintura e voltei a beija-lo, estava ficando quente e minhas mãos ainda suavam frio, nossos pênis estavam duros e pressionávamos um contra o outro. Ele lambeu seu dedo médio e começou a esfregar no meu ânus em movimentos circulares, eu fiz o mesmo deixando-me levar pelo prazer. Meus pés começaram a formigar, e comecei a entrar num êxtase sublime, entre o beijo, as sarradas e dedadas. Ele me deitou na cama de bruços e começou a lamber meu ânus enquanto se masturbava. Apesar deu estar cheio de tesão ainda conseguia ser calculista o suficiente para não romantizar aquilo, era apenas um jogo, seduzir e abater.

Empinei minha bunda na cara dele e comecei a rebolar chafurdando-o. Nunca pensei que passaria por uma situação como essa na vida. Não era algo mecânico, era intenso, porém limitado, ao ponto de saber não me envolver sentimentalmente com ele.

PHILIP

Vira - falou sussurrado meio ansioso, virei. Ele me desceu na cama pondo seu pênis na minha boca. - Abre a boca.

Eu segui as instruções, ele ficou se masturbando até gozar dentro da minha boca, era quente e formigava, lambi meus lábios e engoli. Ele me beijou. Nossos corpos estavam suados. Ele foi rapidamente até o interruptor próximo à porta de entrada e ligou o ventilador de teto. Deitou do meu lado e dormimos abraçados.


Acordei primeiro que todos naquela manhã. Garoava lá fora, fui ao banheiro e Gael estava dormindo na banheira, agachei próximo a ele, minha visão ainda estava embaçada e tinha remela nos meus olhos. O acordei mexendo em seus ombros.

Garotos de Verão - 1994Onde histórias criam vida. Descubra agora