Garotos de Verão - 1994

Capítulo treze, Salvador.

Existe um momento, pouco antes de o Sol nascer, em que o céu fica branco e não há mais escuridão, aonde os calores das consequências ainda não raiaram e os pássaros cantam baixinho. Roger estava deitado ao meu lado dormindo e eu estava observando as nuvens se agruparem e dissolverem devagarzinho. Repetindo mentalmente, que por mais que eu estivesse amando ele, eu deveria me concentrar em virar o Alfa, só assim eu poderia trazer essa paz aos outros garotos, como Gael e Gabriel.

Por algum motivo uma tristeza invadiu meu peito e uma lágrima escorregou pelo meu rosto, era a sensação de alívio misturada com a incerteza de não saber qual atitude ao certo tomar naquele momento. Certamente, eu não sabia disso conscientemente quando aconteceu, mas hoje tenho ciência. A sensação de que ainda não havia terminado estava ali, a espreita.

Quero deixar claro que se achou a primeira semana intensa, a segunda terá um final trágico. Não que eu queira estragar a experiência de vocês em saborear esta história, mas como já falei anteriormente, este livro não tem o objetivo de te iludir em fantasias para que siga vivendo mentiras contadas em contos de fada. Inclusive, se não souber interpreta-lo pode absorver-se em tristeza e dor. Entretanto, se estiver disposto/disposta a ver o mundo não só como eu via, mas pelos olhos dos outros garotos, podemos nos tornar melhores, entendendo que nada é sobre o claro e o escuro, o dia e a noite ou o bem e o mau, mas sim sobre o poder de experimentar o dom da vida. Dom que perdi no dia trinta e um de julho de 1994.

JOSH

Acho que é melhor eu voltar pro dormitório.

ROGER

Não, ainda não, vamos ficar mais um pouco aqui, queria te levar para o covil, mostrar sua nova sala. Todos os betas tem uma. Sabe como é, regalias de uma patente mais alta. - Ele falou com a voz rouca e tentando abrir os olhos contra a claridade, pois havia acabado de acordar.

JOSH

Pode ser - Merda, por fora eu estava "Okay", mas por dentro eu me detestava por gostar dele. Eu sabia que ele era egocêntrico, perverso e lindo.

ROGER

Eu quero te mostrar coisas que não pude antes. Alguns gamas nunca virarão Betas e não podem ficar saindo do dormitório por alguns motivos óbvios e outros nem tanto.

JOSH

Roger, você sabe que eu não me vejo como um Beta da mesma forma que você me vê, não sabe? - Encarei.

ROGER

Sei. - Falou virando a cara, era nítido que não queria ter essa conversa.

JOSH

Então, por favor, nem tente me converte em uma de suas marionetes. - Ele respirou fundo.

ROGER

Eu não sou o vilão aqui Josh. E assim que você tiver oportunidade de destruir o sistema, e a desordem surgir entre esses garotos, você vai ver que ele surge sozinho, sempre haverá os mais fortes liderando os mais fracos. Eu sei que não tenho usado da melhor forma essa força, mas é por isso que estou aqui, disposto a construir algo bom junto com você. - Eu sorri e o abracei.

JOSH

Você ta falando isso só pra me iludir.

ROGER

Você saber disso é o que me faz gostar ainda mais de você. - Ele sorriu descaradamente e me abraçou, senti seu pênis rígido pulsando contra a minha pélvis, e ele me olhou com malícia.

JOSH

Que? - Eu sorri e levantei rápido - Aqui não, está de dia e todo mundo vai poder ver a gente do outro lado - falei rindo.