Oii gente, tudo bom?
Sei que prometi me organizar melhor em relação às postagens, mas não deu muito certo. Tenho 9 matérias nesse semestre da faculdade e prova TODA semana (como assim, Brasil?!), estou passando cada sufoco que vocês não tem noção hahaha. Enfim, decidi não prometer nada, vou postar quando der mesmo.
Espero que gostem do novo capítulo, deixem suas sugestões e críticas.
Beijos de brilho.
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Dia 27
Três dias após toda a confusão envolvendo a dívida de papai, eu decidi que era a hora de contar a Alice o que estava me deixando tão dispersa. Não que eu não confiasse nela, eu só não queria arrastá-la para toda aquela bagunça. Meus pais não tinham conseguido quase nada do valor a pagar e o clima entre eles não poderia estar mais pesado, e isso doía em mim. Eles ainda eram minha família.
Minha amiga sempre dividia seus problemas comigo, assim como compartilhava cada pequena alegria, porém eu a conhecia o bastante para saber o quão frágil ela era e o quanto minhas questões complicadas poderiam afetá-la. Embora ela fosse um raio de sol, a garota faladeira e sorridente que tinha meu coração também se quebrava fácil, chovia fácil.
Alice Medeiros Hoskyne era, sem sombra de dúvidas, a maior patricinha que a Furtado de Medonça já tinha visto. Roupas de marca, andar metido, unhas SEMPRE impecáveis e os cabelos loiros hidratados de rainha, esse era o retrato resumido de Alice. Mas isso era o que todo mundo notava por fora, por dentro ela era só uma menina cheia de defeitos e receios como qualquer outra. Viver sob manipulações, ameaças e imposições cruéis pode acarretar muitos traumas, e desses Lice entendia muito bem.
Eu tinha certeza de que assim que contasse sobre nosso débito, a garota tentaria ajudar pedido dinheiro para a mãe, só que eu não queria isso. Se ela resolvesse dessa forma meus pais poderiam acabar explorando a família dela ou papai faria tudo de novo com o consolo de que tudo ficaria bem novamente. Eu queria confia neles para dizer o contrário, mas eu sabia como minha mãe funcionava e não poderia me dar ao luxo de cair nas mentiras do meu pai mais uma vez.
- Não vai se encontrar com sua amiga hoje? – Papai interrompeu meus pensamentos.
- Vou. Ela ainda não está em casa, saiu com tia Vanda depois da aula. – Dei um sorriso fraco enquanto ele se sentava do meu lado.
- Certo. – Ele coçou a cabeça. – Escuta, filha. Eu sei que esse momento é complicado e sinto muito de por ter envolvido você nisso. Nem sempre a gente se dá conta das bobagens que faz, e eu nunca imaginei que estaríamos jurados por um erro exclusivamente meu.
Eu percebi a sinceridade no olhar do homem ao meu lado. Não foi fácil descobrir toda a sujeira escondida embaixo do tapete, mas ele era o meu pai, aquele que esteve presente nos momentos mais importantes da minha vida e foi meu referencial masculino desde que me entendia por gente. Perdoar faz parte do convívio familiar e eu não acreditava que ficar com raiva do meu pai resolveria algo, muito pelo contrário.
- Tudo bem, papai. Só não quero que algo de ruim aconteça.
- Eu e sua mãe não permitiremos isso. – Afagou meus cabelos e saiu.
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Dia 15
Eu não tive coragem de contar a Alice o que estava rolando, meus pais estavam cada vez mais esquisitos e distantes, e os dias passavam cada vez mais rápido. Embora me sentisse um pouco mal por não dividir com minha amiga o que estava me tirando dos eixos, eu me sentia aliviada por não ter envolvido mais ninguém no nosso assunto caótico. Tudo estava indo de mal a pior. Ao que parecia, meus pais tinham conseguido nenhum empréstimo e muito menos um emprego temporário que rendesse uma quantia satisfatória.
Além disso, eles estavam me escondendo alguma coisa. Meu pai abaixava os olhos quando eu me aproximava e era perceptível a tensão exalando de cada poro dele, minha mãe por sua vez estava com uma postura dura e fria, o que me deixava extremamente assustada.
Naquele dia quando cheguei da escola eu sabia que uma notícia forte estava a caminho. Ambos adotaram uma postura defensiva quando me viram passar pela porta, e vi o momento exato em que papai prendeu a respiração. Eles me olhavam em silêncio esperando uma reação da minha parte, porém tudo que obtiveram foi meu olhar perdido.
- Está tudo bem? – Perguntei ao ver que eles não tomariam iniciativa. Mamãe soltou o ar lentamente e parecia procurar as palavras certas enquanto seu marido encarava o chão.
- Queremos que nos escute com atenção, querida. – Mamãe bateu a mão no sofá indicando que eu deveria me sentar e foi o que fiz. Ela calou-se por longos minutos e enquanto isso o ambiente ficava ainda mais sufocante
Nunca fui fã de conversas sérias, principalmente com meus pais. Esses momentos faziam com que eu me sentisse dentro de uma bomba e eu sabia que quando ela explodisse eu me fragmentaria junto. Nesse dia foi exatamente assim que eu fiquei: em pedaços.
- Mãe, estou ficando nervosa. Pode dizer alguma coisa logo? – Eu rompi o silêncio com a voz vacilante.
- Nós amamos você filha, e não aguentaríamos que algo de ruim lhe acontecesse. – Senti cada célula do meu corpo congelar. – Não foi nada fácil tomar essa decisão, mas nós precisávamos. Saiba que é para o seu bem, porque você é o que temos de mais precioso. Espero que nos perdoe um dia.
É certo que esse tom dramático e o futuro perdão inclusos numa frase indicam algo que você dificilmente vai esquecer. As pessoas tomam atitudes sabendo que vão machucar alguém e se agarram a ideia de que serão desculpadas. Pura hipocrisia. O perdão funciona muito bem na teoria, porém praticá-lo é algo muito mais trabalhoso. Embora eu não me considerasse uma pessoa rancorosa, eu tinha extrema dificuldade em apagar da minha mente momentos em que fui ferida, dessa vez não seria diferente.
Quando mamãe terminou a conversa meu corpo parecia ter se petrificado no sofá. Minha mente não conseguia entender e meus músculos não se moviam, a sensação dos dias anteriores não se comparava a de agora. Sabe quando você está tendo um pesadelo muito assustador no qual você tem certeza de que vai partir desse mundo e sentir a morte com todo o seu real impacto, mas então alguém te acorda e você é preenchido por puro alívio? Eu estava da mesma maneira, a diferença era que não se tratava de um sonho e ninguém me salvaria dessa vez. Eu iria me casar!
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Amor à Moda Árabe
De TodoQuando uma decisão é roubada de Aisha Meireles, ela se vê dividida entre aceitar o que lhe foi proposto ou lutar pelo que realmente quer. Mas como saber o seu verdadeiro desejo se a vida inteira você foi apenas um figurante? As pessoas almejam coisa...