Notas: Oie! Gente, fiquei tão cheia de coisa pra fazer esses dias que achei que não terminaria nunca... Ainda não tô 100% livre, mas já aliviou um pouquinho.
Aqui vem a parte 2 :)
Boa leitura!
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Conhecendo os golpes do pai, Thor tentava antecipar seus movimentos. Caso invocasse um raio já na primeira investida, poderia incapacitar os oponentes adicionais. Desviar de Gungnir, porém, seria um desafio. A idade tampouco contribuía para que tivesse vantagens, visto que Odin ainda era um dos deuses mais formidáveis a passar pela Cidade Dourada. Loki não tivera a menor chance.
- Meu filho... - O Pai de Todos anunciou sua presença. Estava de pé ao lado de Sleipnir, o cavalo de oito pernas, e as montarias de seus guerreiros. - Que dádiva é vê-lo de novo, e bem.
Os Três Guerreiros - Hogun, Volstagg e Fandral -, Sif e Balder. Ele escolhera os amigos de Thor como protetores.
- Para ser honesto, não sei se posso dizer o mesmo - o deus do trovão declarou, o martelo ao seu alcance.
- Imaginei que fosse nos dar uma recepção hostil caso visitasse Loki antes do castelo. A missão de Fandral era convencê-lo a seguir o itinerário oposto, mas receio que ele tenha fracassado.
Quando o olhar de todos recaiu sobre o guerreiro, ele se encolheu de vergonha.
- Eu deveria ter ido - Lady Sif interveio, orgulhosa.
- Deveria, sim - Odin confirmou. - Porém, não há como mudar o passado. O futuro, por outro lado... Thor, por favor, não saque o martelo - interrompeu o próprio pensamento, visto que o deus do trovão claramente se preparava para um ataque. - Basta que um filho meu esteja marcado de morte, e o outro, prestes a ser executado. Não fará bem algum se tivermos de prendê-lo nas masmorras por um dia para se acalmar.
- Acalmar-me? - Thor disparou, apertando o cabo de Mjölnir. Os guerreiros ficaram alertas. - Depois de testemunhar o estado em que deixaram Loki, no que eu suponho ter sido uma luta absolutamente desigual, espera que eu apenas o ouça sem fazer quaisquer objeções?!
- Thor, meu amigo, por favor - Fandral começou, erguendo as mãos. - Eu me equivoquei ao informá-lo sobre a prisão de Loki. As palavras que usei conferiram à situação um sentido diferente do real, um errado. Pintei-nos como os vilões dessa história, e isso é uma inverdade.
- Não me parece inverdade alguma, Fandral. Qual de vocês o surrou até que ele ostentasse mais escoriações que pele? Quem lhe queimou o rosto?! Quem foi o covarde que o acorrentou tal qual um animal selvagem após todo esse pesadelo?
- Eu fui - Balder respondeu, o peito estufado. - Embora conteste essa covardia de que você fala. Acaso já teve um sonho de Lytir, Thor? Conhece a sensação de testemunhar a própria morte? Ou considera os infortúnios de Loki mais importantes que os de seu irmão de sangue?
- Que bem pensa ter feito ao presenteá-lo a masmorra? - ele contestou. - Se era ódio e cólera que motivava Loki a seguir esse sonho à risca, tudo que você fez foi inflamá-los ainda mais!
- Vejo que ficou cego e surdo logo após ouvir o nome dele. Ao menos questionou Fandral sobre as circunstâncias que levaram a essa condenação? Eu me recuso a acreditar que o encanto de um jotun seja intenso a ponto de transformar nosso melhor guerreiro em um completo idiota. Espere! - Balder apontou sua alabarda na direção dele ao notar que Thor sacara o martelo. Ao redor dele, os outros formaram uma barreira protetora com as próprias armas, exceto Odin, que se limitou a cravar Gungnir no solo. - Se ainda desejar uma luta depois de me escutar, eu mesmo serei seu oponente. Mas preciso que escute primeiro.
Considerando suas opções, Thor estudou a disposição dos guerreiros, a atitude do pai, o semblante circunspecto de Balder. Poderia derrotá-los naquele instante com empenho e um pouco de sorte, e então voar de volta para as masmorras, resgatar Loki e voar para longe de Asgard; no entanto, aquela ideia feria seu objetivo final, de salvar a todos. Ainda pensando no estado do feiticeiro, ele hesitou. Balder encontrou naquilo o incentivo para começar.
- Noite passada, nós tivemos o sonho de Lytir, ao mesmo tempo. Pelo que entendi, ele ocorre sempre entre os personagens principais do futuro que apresenta e mais ninguém. Assim que despertei, corri para avisar o Pai de Todos, porém, Loki já estava me esperando na saída do quarto e conseguiu me capturar.
- Ele o capturou? - Thor franziu a testa. - Por que não o matou de imediato?
- Segundo o que disse, porque precisava da arma correta. Eu não sei o que é. Na cena da minha morte, pude apenas sentir o baque, uma dor intensa e, então, o vazio. Todo o restante se passou como um borrão, com as cores se misturando, pessoas gritando e uma sensação incômoda e intermitente, até que chegou ao fim. Soube que era o Ragnarök, embora não entenda por que agora...
A Yggdrasil, árvore da vida, sustentava em seus galhos, no caule e nas raízes, os nove mundos que habitavam aquela dimensão do universo. Como um ser vivo por si só, ela nascia, se desenvolvia e morria, criando a própria semente para renascer e reiniciar o ciclo. Em cada uma dessas ocorrências, os nove mundos também se renovavam, dando à luz a novas versões de seus antigos moradores. Embora não se lembrassem do passado, todos os asgardianos carregavam a noção de que, algum dia, participariam daquela ressurreição, e respeitavam o curso natural das coisas.
- E existe uma razão de ser? - Hogun questionou. - Quem escolhe o momento é a Yggdrasil, não os povos que ela sustenta.
- As lendas dizem que a renovação só acontece quando os mundos mergulham em caos e desesperança. - Veio de Balder o adendo. - Asgard prospera como nunca. Não seria justo haver um Ragnarök agora.
- Eu vim de Midgard e posso atestar que eles sofrem com fome e fogo. Encerrou-se, por acaso, a guerra entre Muspelheim e Nidavellir? - Olhando de um a um, Thor concluiu que não. - Quiçá basta apenas que partes da árvore estejam morrendo. Mas nada disso justifica o tratamento que deram a Loki.
- Justifica, pois, assim que conseguiu sua arma, uma lança, ele se transmutou no Pai de Todos, levou-me algemado e amordaçado até o pátio principal e anunciou a todos os asgardianos que eu seria executado por alta traição.
- Se não fosse por Heimdall - Odin acrescentou. -, que moveu céus e terra para chegar a tempo, Balder já estaria morto.
O guardião da ponte de arco-íris detinha certa antevisão, nada comparado a um sonho ou ao deus Lytir, embora útil para que ele fosse a proteção de fronteiras mais eficiente que Asgard possuía.
- Antes de ser rendido, ele destruiu a arma, deixando no ar se o aspecto importante era o metal, a madeira, o tamanho. Loki se recusa a revelá-lo, por isso também continua preso.
- E quanto à execução? Aos espancamentos e torturas?
Que havia espaço para preocupação entre os seus, sabendo da possibilidade de um Ragnarök, Thor aceitava, no entanto, nenhum dos seis conseguira apresentar uma prova mínima de que as feridas de Loki tinham razão de ser além de pura crueldade. Decerto, mesmo que se deparasse com todos os porquês possíveis e imagináveis, nada o faria aceitar os nacos de pele grudados na mordaça, a corrente curta demais para que ele tivesse um pingo de conforto.
- Foram danos colaterais, porque Loki se recusou a cooperar.
- Danos colaterais?! - Thor derrubou a lâmina de Balder com o martelo. - Vão matá-lo por que ele seguiu os desejos da Yggdrasil?!
- É isso que você precisa entender, meu filho - declarou Odin, a voz grave. - Nenhum de nós está tentando matá-lo, mas Loki jamais aceitará a minha proposta para sair ileso da execução. E é aí que você entra. Terá de convencê-lo.
Thor o encarou, tomado pela confusão.
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Where Death Lies (Thorki)
FanfictionThor considera o universo um lugar maravilhoso. Loki o considera uma fonte eterna de sofrimento e decepção. Apenas um dos dois está certo, e a resposta inevitavelmente trará a morte até a Yggdrasil. Resta saber quem irá sofrê-la, se apenas um ser ou...