Abro lentamente as minhas pálpebras doridas. Sinto uma dor aguda na cabeça e não consigo movimentar as minha pernas quando faço o esforço. No entanto, encontro-me numa superfície suave e macia, não havendo qualquer ruído à minha volta. Fico deitada, por o que me parece cerca de 10 minutos, até que me levanto a todo o custo.
Estou num quarto grande, com uma cama de casal e as paredes pintadas de um branco enjoativo. Quando consigo processar algum raciocínio, começo a relembrar aquela noite e de repente percebo que provavelmente aconteceu algo que eu não queria. Na verdade, estou no quarto de alguém, alguém que me trouxe para aqui, sem eu dar conta.
Corro com toda a velocidade para a porta, que ao contrário do que eu pensava, está aberta, e desço habilmente as longas escadas de metal que dão ao que parece ser a cozinha. Encostado ao balcão de mármore está uma face conhecida. Mas de onde eu conheço este rapaz? Está com uma camisola azul e calças de fato de treino, que ao contrário da opinião que eu possuía delas, lhe ficam incrivelmente sexys. Paro a meio da escadaria a tentar levar a minha pobre cabeça a lembrar-se. Claro! O rapaz que me salvou. Mas pelos vistos não tinha boas intenções. Dirijo-me ainda mais rapidamente para a porta de saída, antes que ele me tente apanhar. No entanto, é obviamente mais rápido que eu, e segura-me pelo pulso, impedindo-me de mexer e ficando muito perto dele. Suspiro, remexendo-me perante os movimentos fortes que faz.
- Calma, onde vais? De certeza que não queres sair para fora nesse estado, hã? - diz ele, brotando um sorriso.
- Larga-me, o que me fizeste?? - grito, remexendo-me um pouco mais, à espera que ceda e me deixe ir.
- Não te lembras de ontem? Logo depois da cena na casa de banho, vieste para fora mas desmaias-te logo a seguir. Eu não sabia para onde te levar, pelo que decidi trazer-te para minha casa. - Diz, enquanto me larga lentamente.
Passo a mão na cabeça, na tentativa de me lembrar, detalhadamente, de tudo o que aconteceu, e que pelos vistos me esqueci.
- Desculpa... Estava nervosa, a verdade é que não me lembro de nada da noite passada... Acho que tinha algo na bebida, que não deveria ter tomado... - Digo, olhando para o chão, enquanto ele se afasta um pouco.
A verdade é que não lembro, de certo, se a versão dele é real. Mas não conseguirei sair à força. E, quando sinto o cheiro maravilhoso das panquecas que estava a preparar antes de eu descer, penso que não fará mal ficar aqui um bocadinho. Para além disso, não parece má pessoa. Interrompe os meus pensamentos:
- Então, queres te vir sentar? Certamente não queres sair sem tomar o pequeno almoço, certo? - Ainda com algum receio dirijo-me à grande mesa e sento-me no lugar à frente do dele. - Escuta, desculpa ter-te trazido para aqui, sem consentires... - diz, deveras preocupado - Mas não te podia deixar lá naquele estado, principalmente depois do que aconteceu antes...
A minha memória luta contra a substância presente do meu corpo e dou um guincho ao meu lembrar do rapaz que me seguiu até à casa de banho no bar.
- Foste tu que me salvas-te! - digo, à espera de uma reação.
- Sim, até duas vezes, aha. Agora come, deves estar esfomeada. - Passa-me um prato e um sumo de laranja. Agradeço, acenando com a cabeça.
- Então... E o que tu estavas a fazer naquela festa, hã? - pergunto, com medo de estar a ser um pouco indiscreta. No entanto ele responde, dizendo que apenas estava à procura de um amigo, que saiu bebêdo da casa dele. Não sei porquê mas a maneira como o explica, não me convence. Olha de seguia, tristemente, para o chão. E ponho uma nota para me relembrar mais tarde de tentar tirar a limpo está historia, devido à minha característica de bisbilhoteira.
Quando acabá-mos de comer pergunta-me se queria boleia para algum lado. Mas não me apetece ir para lado nenhum. A hora que passei aqui com este rapaz, de quem nem sei o nome para que conste, foi o mais perto de contacto humano que tive nestes últimos meses.
- A propósito, como te chamas? - pergunto.
- Dylan, e tu?
- (Y/N). - digo, sorrindo - Ah! - Ele assusta-se perante o meu grito entusiasmado e deveras impróprio. Nem reparei que o grande plasma perto do sofá estava ligado. Dirijo-me para ele, o mais rápido possível. - É a minha serie preferida! - digo sentando-me num dos cantos do grande sofá. - Oh!... Desculpa. Não te importas que veja aqui um episódio, pois não? - digo, na esperança que se junte a mim também.
- Não me digas que vês isso? É horrível! - diz com um esgar. - Mas claro que podes ver. Fazemos assim... Eu vejo contigo e tentas mudar a minha opinião, já muito bem estruturada, sobre essa horrível série.
Dou uma gargalhada e concordo com a cabeça. O Dylan senta-se mesmo ao meu lado, apenas a centímetros de nos tocarmos. Encostamo-nos ambos, ao mesmo tempo, no sofá. preparo já mentalmente todos os meus melhores argumentos, a fim de defender a minha serie preferida.
Passados 45 minutos, dá sensação que os seus olhos estão prestes a fechar. Encontra-se quando deitado no sofá, no entanto, valorizo todo o esforço que teve em manter os olhos abertos durante todo o episódio.
- Então, interessante não foi? Tenho a certeza que estiveste atento a todos os pormenores. - digo, largando se seguida uma gargalhada, enquanto ele boceja.
De repente, já me esqueci das circunstâncias em que nos encontramos. O meu olhar demora na boca dele. Encosto depois a cabeça ao seu ombro e sinto que ficou surpreso.
Afasto-me imediatamente. Estás a ir depressa de mais, (Y/N). É o que fazes sempre. Vais acabar por te magoar.
- Bem, é melhor ir andando... - digo, levantando-me. No entanto, ele segura-me antes que consiga sair do sofá e leva rapidamente os lábios aos meus. A boca dele é quente e sabe a menta. Deixo as minhas mãos se elevarem até ao seu pescoço e ele pousa as suas na minha cintura. A cada movimento quero mais. Não me sentia tão completa à tanto tempo. Ele avança devagar e sinto o meu corpo a responder a cada movimento. Separamo-nos depois, permanecendo as nossas mãos onde estavam e os nossos olhos fitam-se demoradamente.
Não estragues tudo, (Y/N). Desta vez não estragues tudo.
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Heaven
Fiksi Penggemar" Esforcei-me de mais para tudo dar certo e, principalmente, esforcei-me demasiado na pessoa errada." (Y/N) estava na pior altura de sua vida. No entanto, mal ela sabia que tudo estaria prestes a mudar.