CAPÍTULO II

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LORDE ASCKAY

Castelo Brandykey

- "... faleceu com uma grave doença infecciosa, segundo os sacerdotes. Que Vosso Lorde esteja bem, Sussurro" – leu Lorde Rayn Asckay, enquanto seus filhos, Klarcke Asckay e Peter Asckay o ouviam na mesa.

Lorde Asckay baixou a carta e a pousou sobre a mesa. Estava apático, com os olhos focados no nada, enquanto raciocinava e entendia a situação. Um sorriso de canto elevou-se em seus lábios finos. Ergueu os olhos para os filhos e sorriu levemente.

- Ouviram isso, rapazes? – perguntou Lorde Rayn e seus filhos assentiram com a cabeça – Vosso Lorde Hener faleceu, deixando o Trono temporariamente com a Rainha e a Corte de Prata...

Klarcke assentiu com a cabeça. Era um rapaz musculoso, de 18, quase 19, anos, esbelto, de pele clara, cabelos castanhos e olhos cor de mel. Primogênito de Lorde Rayn, Klarcke era herdeiro do Posto de Vassalo dos Campos Verdes do Norte. Naquele dia mais cedo, seu pai chamara os dois filhos homens para comparecerem ao Salão das Refeições. Ele e seu irmão chegaram logo após terem acordado e ouviram seu pai ditar uma carta de um dos seus espiões no Castelo Goldenstone, na capital.

- O que acontece agora, meu pai? – perguntou Peter, um jovem de 16 anos, terceiro filho de Lorde Asckay e um garoto mais magro, menos musculoso do que o irmão, mas dessa vez com cabelos louros e olhos escuros, características de Wirna, mãe de ambos, Lady Asckay.

Lorde Asckay levantou-se de sua cadeira e estufou o peito. O dia em Porth Lae estava nublado, frio e com grande chance de chuva. O Mar lá fora estava violento, se chocando contra a madeira dos portos vazios.

- Creio, Peter, que como o Rei não deixou herdeiros, que uma das famílias vassalas assuma a posição de família real e que se mude para Verytian. A questão é... Qual das famílias vassalas será a escolhida? – perguntou para si mesmo, enquanto os filhos levantavam-se das cadeiras ao mesmo tempo.

- Acha que os Asckay serão escolhidos para assumirem o Trono? – perguntou Klarcke, exibindo um sorriso orgulhoso e confiante. Lorde Asckay, voltando-se para a saída do salão, respondeu:

- Temo que nenhum vassalo se iguale a nossa família, meu primogênito. – disse, quase que se esquecendo de Peter, que ficava invisível quando os olhos do pai apenas se remetiam á Klarcke, ou seja, sempre.

Os três saíram e atravessaram os corredores do Castelo Brandykey. Seu pai ditava coisas baixinho enquanto andava, para si mesmo.

Rayn era um homem estranho. De olhos castanhos claros, ele era uma pessoa muito orgulhosa e sempre fora um homem muito ligado aos serviços ao Reino. Um homem que herdara tudo muito cedo, tinha a fama de ser louco e cruel. Era lorde desde os 17 anos e os Asckay eram os vassalos mais importantes de todos, então dizia-se que a loucura e a sede por poder e luxo o enlouqueceram. Tinha três filhos, Klarcke, o mais velho, Úrsula, a sua filha e Peter, o mais novo. Seus filhos tinham tudo de bom e do melhor. Rayn sempre se ligara na honra da família e na prosperidade da vida de cada um de seus herdeiros, embora seu principal foco fosse em Klarcke.

Saíram na varanda da Torre Do Trovão. No céu as nuvens pesadas trovejavam e arriscavam lançar aos homens raios. O vento que vinha do Mar Quebrado levantava as capas dos três. As cores dos Asckay eram o amarelo e o branco, representando a riqueza e a prosperidade. Lorde Asckay apoiou-se na cerca da varanda e observou todo o mar.

- Se formos escolhidos para sermos a Família Real, daremos adeus a Porth Lae, bem, pelo menos alguns de nós – comentou Rayn. Seus filhos se entreolharam e ficaram tentando entender.

- Meu pai? – perguntou Peter.

- Apenas eu, Lyannya e Klarcke nos mudaremos para a capital, meu filho. – respondeu o pai e Klarcke comemorou para si mesmo, sorrindo e Peter continuou sem entender. Antes que perguntasse, seu pai respondeu automaticamente: - Você, Peter, e sua irmã, ficarão em Porth Lae, como Vassalos dos Campos Verdes do Norte.

Seu filho mais novo não sorriu e nem ficou triste. Fechou os olhos, para que o vento não trouxesse poeira para estes.

- Agora, vamos entrar. Uma tempestade estar por vir e temos que nos manter fortes para o grande dia. – disse Rayn, orgulhoso e feliz, abraçando os filhos com ambos os braços e empurrando-os para dentro.

Uma tempestade estar por vir... 

O Conto da Coroa sem Dono - [DRAMA MEDIEVAL]Onde histórias criam vida. Descubra agora