CAPITULO IV

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Lorde carhlo

Castelo Blackheron

- Está certo sobre isso, meu filho? – perguntou Lorde Carhlo á seu filho Anty. O menino carregava consigo uma bolsa surrada de couro de javali. Parecia feliz por estar em casa novamente.

- Sim, meu pai. Vosso Lorde Herne morreu há 3 dias. Estava debilitado e doente antes de chegar a sua hora. Aparentemente agora a Corte de Prata reúne-se para decidir qual Família Vassala ficará com o trono! – exclamou Anty Carhlo, segundo herdeiro do Castelo Blackheron. Ao lado de seu pai, Jayke Carhlo, estava o primeiro herdeiro do Castelo Blackheron, William Carhlo. Ele tinha a altura de seu pai, seus cabelos eram longos e de um castanho claro. Trajava-se como Príncipe de Botolyn, uma túnica de cor marrom e verde, cores da Família Vassala Carhlo.

- Meu irmão vem das terras das Florestas Densas trazendo esta notícia? – questiona William, franzindo o cenho.

- Eu estava saindo da cidade quando ouvi boatos que mais pareciam verdades concretas. Os mercadores falavam que o Rei estava morto e que o corpo seria velado daqui a alguns dias. – explicou Anty, se aproximando do pai e do irmão – Mas o mais importante é que estou de volta! Estou em casa!

A alegria de Anty era contagiante, a ponto que o menino estava com um imenso desejo de ver sua mão e deitar-se no conforto de seu quarto, mas Lorde Carhlo não parecia nada alegre. Sua boca curvava-se numa expressão de raiva e descontentamento. Anty, um menino de curtos cabelos castanhos claros, abraçou o irmão, elogiando como estava bonito e forte.

Lorde Carhlo raciocinava absortamente. Se ele bem fora ensinado, o Trono agora iria ser passado para uma família Vassala da escolha da Corte de Prata. Isso o deixava aflito. Os Carhlos sempre foram uma família muito próxima a família do Rei, então as chances eram maiores para com a subida dos Vassalos de Botolyn ao Trono. Mas isso não era nada bom do ponto de vista do Lorde. Ele via agora todos os olhos do Reino o observando, prontos para atacar e acabar com a família. Viu perigo, viu Guerra.

- Meu filho – chamou, depois de sair de seu mundo mental. Anty se aproximou, fazendo um aceno com a cabeça para dizer que estava escutando – Como fora-lhe a viagem? – perguntou.

- Oh, pai! Foram os melhores meses da minha vida! Deveria visitar as cidades do Oeste! Porth Lae e Mecka são cidades lindas! O clima é relaxante, nem tão quente nem tão frio, o mar batendo contra os litorais... ah! – ele estava realmente excitado com suas viagens. O pai se levantou. Era um homem baixo, musculoso e de poucos cabelos. Sua barba surgia negra e grisalha em seu queixo – O Mar é realmente um mar, pai! Não é apenas um lago quieto e gigante como o que temos em Pântano das Raízes, é realmente bonito e vivo!

- Pois bem, Anty. Que bom que tenha voltado. Suas irmãs o aguardam no Salão da Noite. Vou me retirar para os Jardins com seu irmão, se me der licença – disse Lorde Carhlo e acenou para William vir com ele.

Anty partira há 6 meses do Castelo Blackheron, em Botolyn, para viajar pelo Reino. Dizia ele que não era herdeiro de nada e que William não havia de morrer tão cedo, então partiu de casa e começou a ir para Oeste. Suas cartas diziam todo o seu trajeto. Velejou ousadamente para Sul do Mar Perdido, mas disse que logo voltou com o frio que o recebera. Disse também visitar o Continente do Antigo Reino de Iryus, as cidades das montanhas e das grandes florestas. O pai não se preocupava muito. Sempre soube que Anty sabia se cuidar, então nada lhe deixava aflito. Suas atenções se voltaram para o herdeiro, William, um ótimo cavaleiro que dali a alguns anos viraria Lorde do Pântano das Raízes e de Botolyn, isso se não assumisse o trono.

Mas pouco o preocupava o trono. Ele não queria saber de guerras, não depois de ter que resolver os conflitos de Senhores do Pântano e sofrer com a guerra entre eles. O que Jayke Carhlo queria era a paz entre os vassalos e a coroa. Sua família era resistente, dona de poderosas terras, mas lhe tinha cautela quando o assunto era batalhas, lutas, guerras mortais onde os homens decaem em caos e conflitos.

Chegando nos jardins, William e Jayke diminuíram o passo. Jayke fez cara de pensativo enquanto falava:

- Meu filho... – começou – Sabe o que significa isso, não sabe? – perguntou o pai, parando para observar uma linda flor robusta e espinhosa.

- Sim... Se os Carhlo assumirem como família real, serei Lorde do Pântano das Raízes e Senhor do Castelo Blackheron. – respondeu de prontidão, como se a resposta estivesse guardada na ponta de sua língua.

Lorde Carhlo o olhou com um olhar sereno e depois direcionou-se a tocar na flor.

- Se formos coroados, você será o Rei de Zhaole – o que Jayke disse chocou William, que piscou, quase que desnorteado. – Ficarei em Blackheron, como Lorde Carhlo, você se casa e vira Rei em Verytian. Assumirá o Castelo Goldenstone em nome de nossa família. Quando eu morrer, Anty assumirá como lorde e seu vassalo.

- Não acho que deva fazer isso, pai. Tem muito mais experiência que eu, certamente seria um rei muito melhor... – disse William, segurando no braço do pai, que se sentiu insultado, porém depois disse calmamente:

- Sou um homem velho, Will, não durarei muito tempo com a Coroa. Já você é jovem, poderá ter muitos herdeiros, se casará com uma bela lady e conquistará a todos. Nada me deixaria mais orgulhoso... – finalizou, ficando cara a cara com o filho. Eram nesses momentos que William temia o pai, quando ele o olhava. Will acalmou-se e por fim, disse:

- Não lhe decepcionarei, pai. Prometo...

- "Hoje lutamos, amanhã recomeçamos" – ditou Jayke o lema dos Carhlo. William estremeceu. A chuva comum de todo fim de tarde estava prestes a cair sobre o Castelo.

Sem falarem nada, pai e filho caminharam juntos pelos jardins até chegarem dentro da fortaleza.

Castelo Blackheron era um castelo antigo, feito quando a Desgraça Vermelha caía sobre todo o Mundo. A fortaleza resistiu nas mãos dos Verckirians que na época eram Senhores do Pântano das Raízes. Uma fortaleza de 5 torres, suas paredes e muralhas eram feitas de pedra escura e cheia de musgos e liquens. O Castelo situava-se no meio do pântano, não muito longe da cidade Botolyn, na verdade, subindo a Torre Erguida se via a cidade com suas casas simplórias e grandes mansões de senhores agricultores.

E a chuva caiu sobre o Castelo fazendo os líquens e musgos escorregarem nas pedras e derramarem-se em direção ao chão, como se as muralhas estivessem a chorar.

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⏰ Última atualização: Nov 27, 2017 ⏰

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