Capítulo 1

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Maria Isis

Eu já sabia, quando meu nome foi chamado no meio da aula pela doce senhora da secretaria, eu já sabia.

Não fiquei em choque, surpresa ou assustada, eu só... sabia.

A mulher que me criou, me educou e me deu amor a vida inteira tinha partido, tia Amália sempre foi minha inspiração e meu exemplo de vida, uma mulher forte e determinada que me criou como se eu fosse filha.

Depois de um longo e exaustivo funeral. Encaro a porta do quarto dela e decido entrar depois de intermináveis 5 minutos parada feito uma tola melancólica.

- Está do jeitinho que ela deixou - suspiro falando sozinha.

Vou até a cadeira que ela passava horas tricotando com o seu leve humor de sempre.

- Bem coisa de velha mesmo - sorrio enquanto seco uma lágrima solitária.

Caminho até a escrivaninha pego um álbum de fotos antigos, sorrio enquanto passo fotos da minha adorável e doce infância.

Quando chego nas fotos do meu décimo aniversário, um envelope dourado com meu nome escrito a mão me chama a atenção.

Abro com as mãos trêmulas temendo o que seja, o primeiro papel que vem em minha mão é uma carta de Titia Amália, logo reconheço sua escrita.

" Adorável Maria Isis

Quando me disse que foi uma das escolhidas pelo reitor da faculdade para fazer o estágio, não fiquei surpresa, apesar desse seu jeito espontâneo e inconsequente, suas notas sempre foram as melhores e eu me orgulho disso.
Tomei a liberdade de conversar com o reitor e pedir para que fosse mandada para cidade natal de seu pai, confesso que não foi nada fácil, afinal não são os alunos que escolhem seu destino nesses casos, mas a sorte foi que ele levou em consideração a amizade que ele tinha, sempre quis que conhecesse aquela bela cidade que sua mãe tanto amava. Finalmente todos aqueles cursos de idioma que a propósito você tanto se rebelava pra ir, serviram pra alguma coisa. Ficarei feliz por você, não importa onde esteja, talvez nessa nova jornada você encontre as respostas que tanto almeja. Te amo querida, te deixei aqui dinheiro suficiente para sua estadia de alguns meses e para as passagens de avião.

Boa sorte minha doce garotinha sempre te amarei."

Sorrio chocada, Paris! é lá que Titia quer que eu vá. Coloco a carta junto a tantas notas de dinheiro, suspiro olhando para fora.

Amo Tia Amália com todo meu coração, ela certamente é a pessoa que eu mais amo no mundo, mas confesso que sempre me entristecia quando queria saber alguma coisa dos meus pais, Titia dizia que não sabia muito e o que ela sabia já havia me contado.

Mamãe era apaixonada pela França e suas culturas, quando ela tinha 17 anos ganhou dos meus avós uma viagem pra lá, depois de ir uma vez ela nunca mais parou, todos os anos juntava dinheiro e ia mesmo depois dos seus pais falecerem.

Em uma dessas viagens ela conheceu meu pai, Titia conta que quando voltou estava completamente apaixonada e vivia suspirando pelos cantos, ela viajou novamente três meses depois em uma viagem paga por ele e bastou umas semanas de volta ao Brasil pra descobrir que estava grávida, ela não contou a ele, queria contar pessoalmente mas não queria viajar por conta da gravidez.

Eles foram parando de se falar até perder o contato e depois do meu nascimento ela decidiu que ele deveria saber, quando eu tinha idade suficiente para passar uma semana longe dela, ela pegou um avião e foi pra França, era pra ser uma viagem rápida, ela ia apenas contar e voltava mas não foi o que aconteceu.

Quando ela chegou lá e meu pai foi busca-la de carro no aeroporto houve um acidente e isso é tudo que titia sabe, depois de alguns dias ela recebeu um telefonema de um hospital em paris, Luísa Montenegro tinha falecido.

Desde então Tia Amália cuidou de mim com todo amor e carinho que uma criança precisa, nunca me faltou nada, a não ser é claro... Meus pais.

Mas ela com muito carinho preencheu esse vazio que sentia e eu a amo eternamente por isso.

Saio dos meus devaneios e me levanto, é hora de seguir em frente, por ela e por mim!

Acordo pela terceira vez no avião quando alguém esbarra no meu braço.

- Odeio sentar no corredor - resmungo irritada

- Com licença, você gostaria de trocar de lugar? - Um homem diz ao meu lado com um sorriso que ele acredita me seduzir, se ele soubesse que eu lhe daria uma escova de dentes por isso.

- Não obrigado pela gentileza - Digo dando um sorriso amarelo.

Encosto minha cabeça na poltrona tentando voltar ao sono, quando um leve toque no meu ombro chama minha atenção, bufo irritada olhando na direção do idiota ao meu lado.

- O que é cara? - Digo visivelmente irritada, e sorrio interiormente com sua cara de espanto.

- Só queria saber se você queria escutar música comigo, vi que não está escutando, talvez não tenha trago seu celular.

- Sério? Você acabou de me conhecer e já quer trocar cera de ouvido? - reviro os olhos e ele parece não entender

Depois de uma hora de sono detestável, acordo com um choro estridente de uma criança irritante.

Puta que pariu hein, nessas horas só queria ser rica pra comprar um jatinho particular e viajar sozinha.

Fico olhando chocada a criança se jogar no chão por um pacote de bala.

Queria eu que essa fosse uma daquelas companias que dão as coisas e não vendem.

Me levanto indignada vendo a mãe simplesmente ignorar o escândalo que aquele pequeno ser esta fazendo.

Caminho em direção da senhora com o carrinho cheio de guloseimas e indico com o dedo a bala que quero, essa bendita oferece a bala para a criança como se ela que fosse pagar e não a mãe, é por isso que elas fazem esse escândalo.

Entrego a bala para o menino e ele magicamente cala a boca, pago a senhora e antes de voltar ao lugar, ainda vejo a sonsa da mãe me fuzilar com o olhar.

O que? Essa senhora devia me agradecer, aliás todo o avião devia, por ter feito esse catarrento ficar quieto.

- Ingrata - resmungo voltando ao meu assento.

Depois de longas horas de paz no vôo, o avião finalmente pousa.
Pela primeira vez piso em solo francês e a sensação é incrível, minha mãe realmente amava esse país.

Respiro o ar fresco e pela primeira vez me sinto solitária, queria que estivesse comigo agora, ela se orgulharia tanto...
O aeroporto de Paris orly é um grande lugar e quase me perco.

Até queria explorar a cidade mas foram horas tão exaustivas que só penso em me deitar.

Mesmo sendo o hotel mais barato da região que encontrei, posso perceber o luxo e elegância do lugar.

Já se passaram dois dias desde que cheguei e não fiz absolutamente nada. Hoje é meu primeiro dia no estágio e infelizmente vou ter que abandonar essa cama maravilhosa.
Faço minha higiene pessoal logo quando acordo se não morfo na cama e não faço mais nada.

Escolho uma saia lápis que acentua minhas curvas junto a uma blusa de seda marsala e um salto preto completa o look.

Faço uma maquiagem leve destacando meus olhos e escovo os cabelo para o lado. Encaro o espelho e gosto do que vejo.

Nas ruas enfrento uma luta até conseguir fazer um táxi parar.

- Pra onde senhora?

- Empresa Villeneuve Voiture por favor - sorrio, por novamente provar o francês sair dos meus lábios.

Olá lindezas tudo bem? Espero que sim! Esse foi o primeiro capítulo de uma razão para amar. É muito importante que vocês votem e comentem, se vocês puderem dar aquela estrelinha e deixa aquele comentário (Construtivo). Iria ser gratificante! Bjs e boa leitura #Triznass ♥

Uma razão para amar - livro um - Irmãos Villeneuve Onde histórias criam vida. Descubra agora