CINCO

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Logo após o incidente, o dia prosseguiu normalmente, acabei descobrindo que Mattew está em metade das aulas que faço, Claire e eu estamos preocupados porque não vimos nossa outra melhor amiga, Clara durante todo o dia.

- Hey, Alex. - Sussurrou Claire no meio da aula de inglês, Mattew nos olhou.

- O que houve? - Virei a cabeça e Claire me encarou, os olhos dela a entregaram. - Onde ela tá?

- No banheiro feminino, chapada. - Revirei os olhos e me levantei, todos olharam para mim.

- Com licença professora. - Falei saindo porta afora.

Não acredito que mesmo após um ano Clara continua se drogando com aquelas pílulas malditas do Joe, mas agora tenho que pôr um fim, não vou deixa-la se destruir por causa do babaca do ex namorado. Meus passos pelo corredor ressoavam de forma irritante, ao me aproximar do corredor do banheiro feminino uma figura no fim do corredor me parou, seus olhos se abriram e revelaram orbes vermelhas, meu corpo congelou, o cheiro havia modificado, estava insuportável como se algo morto estivesse ali, fechei meus olhos ao inalar aquele cheiro e quando os abri novamente não havia nada lá.

Entrei no banheiro feminino dando de cara com Clara pondo colírio nos olhos para disfarçar a pupila dilatada e a irritação, ao me aproximar dela uma garota estava saindo de uma das divisórias e me mandou para o inferno por assustá-la, mas logo saiu do banheiro. Segurei o rosto dela com uma das mãos enquanto tomava o colírio dela, ela se faz de ofendida.

- Não podia esperar outra coisa de você, primeiro dia de aula e você já está chapada. - Ela dá um tapa na minha mão e me empurra.

- Não estou! - Diz Clara pondo as mãos para cima. - E me faz um favor? Cuida da sua vida!

- Que droga é essa?! Cocaína, Ecstasy? - Clara acabou me dando dedo, tentando passar por mim, porém segurei seu braço. - Sério? "Cuida da sua vida!"? É linguagem de drogado?

- Olha... primeiro: Vai se ferrar! Segundo: Não estou com nada, falou?! - Empurrei Clara contra a pia de mármore e a olhei dentro dos olhos. Pareciam perdidos, como os meus.

- Como é que é?! - Clara revirou os olhos. - Você pirou?

- Não! Você que pirou! - O seu tom acusador me fez recuar, vulnerável. - Você que está louco!

- Você ainda não me viu louco Clara! - Meu tom de voz pareceu não a assustar.

- E novamente digo: Vai se ferrar! - Gritou Clara, minha cabeça girou.

- Está bem. Eu vou me ferrar... - ela riu pelo nariz, o sorriso cínico. - Mas saiba que vou estar sempre por perto para acabar com a sua onda, brisa, seja lá como você chama.

Clara passa por mim como se fosse um trovão, me deixando para trás, completamente surpreso pela maneira como ela agiu comigo, saio do banheiro e dou de cara com Mattew novamente, ele sorri.

- Oi. - Seu sorriso é contagiante e acabo sorrindo também. - O que houve? E por que está saindo do banheiro feminino?

- Longa história. - Mattew aumenta o sorriso e passa a me acompanhar pelo corredor. - O que te trouxe a Blue Lagoon?

- Família. - Balanço a cabeça concordando, ele vira o rosto em minha direção e indaga. - E você? O que te trouxe a Blue Lagoon?

- Recomeço. Bom, eu já morava aqui desde que nasci, mas fui embora quando meu irmão morreu. - Mattew continuou me observando, minhas bochechas coraram. - Achei que seria melhor para mim, até virei modelo. Mas é como dizem, não há melhor lugar como o nosso lar.

- Verdade. - Ele riu e o acompanhei, todos olhavam para nós, incluindo Barbara que tinha um sorriso malicioso no rosto e significava que logo Fred seria passado. - Até mais?

- Claro. - Mattew sorri e logo some pelo corredor.

Aproveito a brecha e saio da escola caminhando lentamente até o cemitério que fica apenas a algumas quadras da escola, a paisagem está com uma aparência cinzenta e tristonha, o céu está nublado, creio que possa chover a qualquer momento.

A entrada do cemitério me parece um pouco mais sombria do que o normal, ponho meus fones de ouvido e começo a escutar "Viva La Vida" do Coldplay em forma instrumental, a grama verde do cemitério se torna amarelada devido à estação, quando chego no túmulo de Igor, sento-me nele e retiro o diário da mochila.

Querido diário,

Finalmente chegou o fim de mais um dia.

E por incrível que pareça, eu estou bem, melhor.... Eu sobrevivi. Devo ter dito que estou bem a umas setecentas pessoas, e pela primeira em anos, eu estou bem!

E aqui sentado percebo que muitas pessoas não se importam mais com o que aconteceu há um ano atrás, mas creio que tudo vai mudar. Algo estranho aconteceu hoje no caminho para a escola, a Claire entrou em um tipo de transe e me falou coisas estranhas. Ela falou alguma coisa sobre morte e no final, algo sobre a ponte ser o meu refúgio.

De repente um gato pula no túmulo em frente ao meu me dando um susto, ponho a mão no coração me acalmando, sinto a grama abaixo de mim, e o gato ainda lá na lápide, parado, os olhos amarelos pareciam humanos e cruéis, o pelo negro como a noite e as unhas grandes arranhando a pedra.

- Olá... - falei, me levantando e olhando para os lados me certificando que ninguém me observava. - Gato.

O gato grunhiu e passou as unhas no ar como se avisasse que iria me arranhar, cambaleei para trás, mas logo me bati com uma pessoa e cai no chão vendo um braço masculino se estendendo para me ajudar. Levantei a cabeça e reparei nas orbes azuis acinzentados.

- Pelo visto, o gato não gosta de ser cumprimentado. - Disse o garoto de olhos azuis rindo. - Você está bem?

- É acho que não, e sim eu estou bem, obrigado. - O garoto de cabelos pretos apenas sorriu. Ele possuía pele branca um pouco mais pálida que o comum, os cabelos negros eram lisos estavam devidamente arrumados, ele vestia uma calça jeans rasgada nos dois joelhos, uma corrente de prata pendia sob a cintura, uma pequena luva de couro cobria suas mãos, uma blusa vermelho-sangue caia-lhe perfeitamente no corpo e uma bota marrom surrada.

- Disponha. Mas, o que você fazia em um cemitério em pleno pôr do sol? - Indagou o garoto misterioso. - Aliás, perdoe-me, eu me chamo Brunno Warrant.

- Eu sou Alexander, mas pode me chamar de Alex. - Ele continuou me fitando, os olhos azuis cinzentos penetrando meu ser. - Vim para ficar sossegado.

- Sossegado? Em um cemitério?! - Ele riu pelo nariz e negou com a cabeça. - Você seria uma ótima presa para uma iniciação universitária. Se é que me entende.

- Bom, Brunno. Obrigado pelo aviso e por me ajudar. - Ele concordou com a cabeça e começou a caminhar ao meu lado.

O silêncio estava sendo torturante, e anoite acabou chegando até que me lembrei de Claire e do Bronze, mas eu não podia simples desviar do caminho e deixar Brunno para trás. Enquanto eu o acompanhava lado a lado, vi que nos aproximávamos da pequena boate de letreiros neons que ao longe indicavam o local que eu queria ir desde o início: O Bronze.

The Darkness - Trilogia Vampires IOnde histórias criam vida. Descubra agora