Naquele sábado, uma carruagem dourada puxada por dois pequenos cavalos brancos aguardava Elisa assim que ela adentrou o reino das fadas. O cocheiro, vestido em um fraque branco, abriu a porta, sem dizer uma palavra. A menina sem entender o que estava acontecendo perguntou:
- O que é isso?
- Seus feitos são famosos. Entre na carruagem por favor. Garanto que não se arrependerá.
Assustada e um pouco envergonhada por não estar adequadamente vestida, a garota entrou na carruagem. O veículo era todo recoberto por um veludo vermelho e havia uma pequena bandeja com diversos frutos e doces à disposição. Pegou um pedaço pequeno de manga, que era a mais doce que já havia provado. Começou comendo timidamente, mas em pouco tempo estava devorando as maçãs, goiabas, pedaços de mamão, doce de laranja coberto com néctar de flores. Descobria novos sabores a cada mordida, cada um melhor que o anterior. A carruagem permanecia estável enquanto percorriam o caminho que levava ao seu destino misterioso. Depois de cerca de meia hora, o cocheiro abriu a porta e colocou uma escada para que ela pudesse descer com maior facilidade.
Um tapete vermelho se desenrolava aos seus pés e oito fadas de armaduras douradas, quatro de cada lado, se perfilavam com as lanças em riste enquanto no centro uma elegante fada loura que segurava sob o braço esquerdo um elmo dourado e lhe estendia a mão direita. A lança ela carregava nas costas. Elisa reconheceu somente Liana, na ponta direita, e começou a enrubescer.
- Venha querida, não tenha medo. Depois de tantos serviços que você prestou ao nosso reino nada mais justo do que nos apresentarmos adequadamente. Eu sou Brunhilde, a comandante da guarda de honra da Rainha. Você já conhece Liana, que inclusive lhe deve a vida. Mais de uma vez pelo que eu ouvi. Venha, me acompanhe.
Elisa andou timidamente, corando cada vez mais a cada passo. Quando se aproximou de Brunhilde, esta lhe afagou o rosto gentilmente com a mão direita e como num passe de mágica todo o embaraço pareceu evaporar. A altiva fada passou-lhe o braço pelos ombros e foi conduzindo-a para uma escada que subia um antigo salgueiro. Subiram calmamente os numerosos degraus, mas ela não parecia ficar cansada. O restante da guarda de honra seguia-as em formação, marchando em duas filas de quatro. Chegaram a um salão de madeira, escavado no tronco da árvore, próximo ao topo. O salão tinha grandes janelas e uma mesa retangular com dez cadeiras, quatro de cada lado, uma cadeira prateada em uma ponta e uma outra cadeira, esta também dourada, na outra.
- Aqui é o salão onde nos reunimos. Como pode ver, não tem adornos, porque só comparecemos ao salão em situações que o reino está em perigo. E nas raras ocasiões que viemos por uma ocasião festiva, como hoje, é necessário que o salão mantenha sua austeridade. Aqui precisamos de foco total e hierarquia. Nenhuma organização de defesa funciona sem hierarquia.
Gradualmente as fadas foram tomando seus lugares à mesa. Brunhilde conduziu Elisa para a extremidade onde repousava a cadeira dourada. Ela sentou-se e colocou a menina cuidadosamente em seu colo. Era impressionante o quão alta era a fada, e como o metal da armadura, ao contrário do que se podia esperar, era quente.
- Você já conheceu Liana, a segunda em comando. Está na hora de conhecer o resto de nós.
Então as fadas se apresentaram. Claurican foi a primeira. Era uma bela fada ruiva que gostava de cavalgar, apesar de possuir asas fortes e saudáveis. Nuala tinha braços fortes e um olhar duro, porém era sempre vista cuidando de seu jardim quando não estava trabalhando. Branwen era a menor e de aparência mais frágil de todas, mas todas concordaram que o que ela não tinha em força, compensava em agilidade. Mesmo nas horas de folga, gostava de treinar com sua lança manobras de ataque aéreo. Fylgia estava sempre com um sorriso nos lábios, e tinha olhos gentis e divertidos. Korrigan foi sucinta na sua apresentação como sempre era em todos os assuntos. Nunca desperdiçava palavras. Maya era quase tão alta quanto brunhilde, quase tão forte quanto Nuala e quase tão ágil como Branwen. Não era especialista em uma coisa só, mas fazia tudo surpreendentemente bem. Era a guerreira mais completa. Tansy era animada e brincalhona, sempre arranjava um motivo para rir, fosse de si mesma ou das outras. Eram um grupo coeso onde todas demonstravam confiança umas nas outras. Vendo a cadeira prateada vaga do outro lado da mesa a garota perguntou:
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O bosque
FantasyElisa é uma garota de 12 anos que descobre que no parque próximo à sua casa alguma coisa está errada. Ela prossegue sua investigação e descobre um mudo novo de fadas e magia, mas algo está errado. Existe uma ameaça velada ao mundo das fadas e só Eli...