Elisa havia acordado de mau humor. Tinha ficado até a madrugada jogando na internet e agora tinha que ir para a escola. Ela odiava a nova escola. Estava há um ano na cidade e ainda não tinha sequer um amigo. Sentia falta dos seus amigos e dos seus professores da cidade anterior. Aqui, ninguém gostava dela. Tudo que fazia era motivo para as outras crianças implicarem com ela. Não ajudava nada o fato dela ser muito pequena para os seus doze anos. Todos os professores insistiam para que sentasse na primeira fileira, o que só dava mais motivo para ser molestada pelos outros garotos. A mãe praticamente a arrastava para a escola todos os dias. Queria voltar a ter a idade da irmã. Ela sempre acordava antes do despertador, bem humorada, adorava a escola e já estava rodeada de amigos. A vida era mais simples com cinco anos.
Quando chegou na escola ainda faltavam 5 minutos para as aulas começarem. Sentou-se resignada na primeira cadeira tentando manter os olhos abertos quando de repente uma bolinha de papel a acertou na cabeça. Lá estava ela, gargalhando com as amigas. A menina ruiva, desde o primeiro dia, não a deixava em paz. Sempre apontando, rindo, jogando alguma coisa, todas as vezes rodeada por amigas. Elisa olhou para a garota e tentou mostrar indiferença mas, na verdade, o que ela queria era sair correndo da sala, voltar para casa e chorar abraçada com o travesseiro. Finalmente a aula começou. Quanto mais cedo começasse a aula, mais cedo terminaria. Pelo menos era sexta feira.
Depois da aula chegou em casa aliviada. Dois dias inteiros de liberdade. Mas na hora do almoço seus pais deram uma notícia que conseguiu acabar com qualquer esperança de se divertir no tão aguardado fim de semana
- Sabe o que a gente vai fazer esse fim de semana?
- O que? - Respondeu Elisa apreensiva.
- Vamos ao Bosque que fica lá no sul da cidade. Todos falam que é muito bonito, aposto que vocês vão adorar.
- Mãaaaeeee! Você sabe que eu não gosto de sair de casa no fim de semana. É quando eu posso me distrair, conversar com meus amigos pela internet, relaxar. Será que vocês não podem me deixar em casa e levar só a Lúcia?
- Vai ser legal Lisa! - A irmã nunca falava o "E" do seu nome. Aquilo era irritante!
- Vai ser legal para você que é uma bebezona, eu já sou quase adulta, posso me cuidar sozinha por uma tarde!! Mãeee. Deixa eu ficar aqui!
- Eu não sou bebê. Você que é!
- Elisa, você vai ir conosco e tenho certeza que vai gostar. Você fica muito tempo enfurnada no seu quarto na frente daquele computador. Está precisando pegar um sol, andar, fazer um pouco de exercício. Você não quer levar a bicicleta? Quando você era pequena gostava tanto de andar de bicicleta.
- Eu não quero andar de bicicleta. Eu quero ficar em casa. Não tenho nada o que fazer naquele bosque idiota. Não quero ir. Ninguém me deixa em paz. Ninguém me entende.
Terminou a frase e foi para o seu quarto. Abraço seu travesseiro e esperou alguns minutos para que seu pai entrasse para conversar. Ele sempre fazia isso. O pai tinha tanta paciência. Em alguns momentos parecia que era o único que conseguia entendê-la. Talvez porque ele também era baixinho. Apesar de ser alguns centímetros mais alto que a mãe, Quando Elisa o via perto dos amigos percebia quão pequeno ele era. Quando a garota escutou o ranger da porta, afundou ainda mais a cabeça no travesseiro:
- Oi filha. Vamos voltar pra almoçar. De todo jeito nós vamos ao Bosque. Vou pensar isso como seu castigo por ter se comportado tão mal na mesa hoje. Você vai voltar e vai pedir desculpas para sua mãe, para sua irmã e depois terminar de comer. Só então você vai poder ficar no seu quarto.
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O bosque
FantasiElisa é uma garota de 12 anos que descobre que no parque próximo à sua casa alguma coisa está errada. Ela prossegue sua investigação e descobre um mudo novo de fadas e magia, mas algo está errado. Existe uma ameaça velada ao mundo das fadas e só Eli...