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- Eu não acredito nisso, Fernanda!

- Mas pai... juro que posso explicar o que aconteceu. - choraminguei, era a terceira vez aquela semana que meu pai brigava comigo. Eu estava tão exausta; e ele nunca me ouvia.

- Então comece a se explicar desde já, e quero verdades, estou cansado dessas suas mentiras. Você só sabe mentir! Eu sou seu pai, Nanda! Te dei amor, eu te dei carinho! - esbravejou.

Por mais que eu tentasse chegar perto do meu pai, sabia que ele seria frio comigo. Eu o amava, mas ele nunca acreditaria em mim. Eu só abaixei a cabeça, e deixei que ele brigasse comigo o quanto quisesse. Não havia nada a ser feito.

Na minha escola havia tido uma grande briga entre salas, e o principal motivo foi o que eu postei numa rede social. Para mim, foi coisa mínima. Aos outros, um motivo de explosão geral. Claro que eu fui muito esperta - notem irônia nisso - em ter postado, e logo a escola inteira veio atrás de respostas. Do anonimato, aos holofotes da escola São Judas Tadeu.

Trágico!

Noutro dia, eu olhei pras paredes com cansaço. Meu pai após a discussão, não trocou muitas palavras comigo e disse que me trocaria de escola, pois o diretor cortou minha "maravilhosíssima" bolsa de estudos.

Nunca gostei muito do ensino religioso de lá mesmo.

Pelo menos eu não fiquei de castigo, e isso me rendeu uma vantagem. Eu vou poder chamar meus classudos de plantão - um belo nome, justiça seja feita - para dar uma voltinha por aí. Uma ótima ideia.

 - Eu não vou poder, Dada. Nem rola. - Ronald falou com um suspiro final, e eu bufei. Não que eu estivesse com raiva, mas parecia que tudo ao meu redor estava muito cansativo, até mesmo respirar me cansava.

 - Por que? - alterei meu tom de voz.

- Calma, Fernanda... - Isabelle disse com a voz pesada. Ela estava entediada?!

 - Vocês nunca estão disponíveis pra mim! - gritei - E eu sempre estou disposta a tudo por vocês. - minha voz saiu com tamanha mágoa, estava me afogando em mim mesma de tão chateada - Você, Ronald, era o que eu mais apostei fichas de que iria ter uma longa amizade comigo. - uma lágrima desceu pela bochecha, e minha voz estava tão abalada quanto meu psicológico. Eu não era assim. - Olha, estou pouco m... - solucei, lágrimas desciam meu rosto com insistência - ah, esqueçam.

- Dada, me desculpa. De verdade. - ele disse e logo veio o som do celular com o final da chamada.

Ele desligou.

 - Tchau, Nanda. - e ela também.

 - É isso que eu signifiquei pra eles? - perguntei pra mim mesma, olhando para o celular em minhas mãos, chorando.

Uma ligação apareceu na tela, e eu estranhei.

 - Pai?

 - Olá, bom dia. - uma voz feminina neutra disse do outro lado, e eu estranhei mais ainda. Meu pai com mulheres? - Eu gostaria de falar com a... - segundos de respiração - Fernanda?
 
 - Bom, essa sou eu. - dei uma risadinha seca - Quem é? - perguntei por educação, mas estava um pouco nervosa e ansiosa. Será que assaltantes ligam pras pessoas hoje em dia?

Eu falei pra papai colocar uma senha naquele celular, eu o avisei mil vezes!

 - Parece estranho que eu esteja ligando, mas hum, sou eu, - pausa - sua mãe. Prec... - não ouvi mais nada do que ela disse, porque joguei o celular longe e sai correndo para fora de casa.

 - não ouvi mais nada do que ela disse, porque joguei o celular longe e sai correndo para fora de casa

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