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Talvez eu tenha exagerado, mas pelo amor de Einstein, logo comigo que isso acontece? Óbvio que no mundo, existem milhares de coisas acontecendo. Mas do nada ter que enfrentar algo assim é muito forte pra mim.

Eu não sou áçucar na chuva, mas sou eu mesma na vida, e isso sim me torna frágil.

E não me dá vantagens em nada.

Enquanto eu andava na rua desgovernada como um trem, lágrimas desciam insistentemente pelo meu rosto e eu soluçava muito. Por todos esses anos, achei que ela estava morta. A minha mãe, aquela que eu guardei na minha memória com grande afeto e devoção, não devia estar viva e do nada, numa ligação, dizer que era ela que estava falando do outro lado, aparecer como um arco-íris.

Ela foi o arco-íris mais indesejado da minha vida.

E o meu pai estava no meio disso.

- Ainda ousou dizer que está cansado das minhas mentiras. - sussurrei com raiva, enquanto passava a mão na testa. A dor de cabeça era insuportável. Eu poderia ligar pra alguém, se não me sentisse tão sozinha e se meu celular não estivesse tão longe das minhas mãos.

Respirei rápido. Me sentei perto de um carvalho velho perto de uma casa azul pequena, e rezei para que nada de errado acontecesse mais. Fechei os olhos, e com aquele ventinho calmo e som de folhas balançando, peguei no sono.

( ... )

- Será que ela está desmaiada, Vitor? - uma voz disse bem perto, e continuei com os olhos fechados. Meu pai chamou gente aqui pra casa de novo e nem me avisou... muito bobo mesmo.

- Ah, eu não sei. Pra estar embaixo dessa árvore, pode ter caído algo na cabeça dela. Uma coisa assim. - minha respiração parou na hora.

Embaixo dessa árvore. O carvalho. Minha mãe. Escola. Celular.

Meu Deus. Eu deixei a casa aberta e meu celular no chão!

Abri os olhos e haviam três pessoas ao meu redor. Uma, em específico, estava me encarando como um louco a alguns centímetros de mim. Virei o rosto pro lado esquerdo, e uma senhora de cabelos vermelhos e uma enorme tatuagem no pescoço, me olhou desconfiada. Ao lado direito, um garoto muito alto e com rosto de criança, andou um pouco e agachou-se ao lado da senhora, também me encarando. Já o louco a minha frente, estava com um sorrisinho no rosto e seus olhos eram engraçados. Por acaso eu vim parar em algum lugar aleatório no multiuniverso?

- Oi. - o menino disse enquanto se levantava, estendendo a mão pra mim. Com desconfiança, aceitei a ajuda e também levantei.

Não o respondi. Olhei para onde estava, e deduzi que não era muito longe de casa.

Devo estar a uns quarteirões de casa...

- Ed deve ter comido a língua dela. - a senhora disse, e sua voz era o oposto do seu estilo. Era uma voz calma, nada de rebeldia. O menino com rosto de criança gargalhou.

- Ué! O que eu fiz?! - um menino idêntico ao que estava na minha frente saiu da casa azul, e com um semblante confuso, me olhou.

- Desculpe, querido, sempre confundo o nome de vocês. - ela parou ao seu lado e ajeitou a gola de sua camisa.

- Tia Érika está cada dia mais perdida nos nomes. - o que estava na minha frente disse, e eu continuei calada.

Eu estava tão entristecida e cansada, não sabia o que fazer.

O que eu faria quando chegasse em casa? Encontraria a minha "mãe"? Choraria? Seria uma marionete infeliz e exausta do meu pai, e logo agora com mais uma pessoa para querer mandar em mim?

Cai no chão de novo com fraqueza, e todos me olharam com surpresa. Logo vieram me ajudar.

- Meu Deus, menina! Você está febril. - a senhora disse com as costas da mão encostada em meu pescoço, e eu comecei a chorar sem dizer nada. Isso é, de alguma forma - totalmente - humilhante. - Vamos, meninos, me ajudem a por ela pra dentro.

Um foi ao meu lado pegar no meu braço esquerdo, e o outro do direito. Já o que estava na porta, continuou a me encarar com estranheza.

 Já o que estava na porta, continuou a me encarar com estranheza

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31 diasOnde histórias criam vida. Descubra agora