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Isso é desesperador.

Qual é o meu problema?

Quando terminei, olhando para o espelho, refletia a reação de todos e a mim mesma.

Juliano estava sorrindo vitorioso para mim. O menino dos olhos diferentes estava boquiaberto. Ella também estava ali, e com um semblante de... fascínio? Os meninos que deviam estar no futebol uma hora daquelas, estavam ali de pé me olhando também.

Eu nem havia notado como o cenário mudou tanto. Da minha casa, para o carvalho, e agora para um salão com pessoas me olhando.

 - Sinto muito. Eu não posso continuar. Disse que sou ruim. - disse me virando para eles, me explicando rapidamente enquanto me abaixava pra tirar os sapatos.

Ouço um estalo.

Mais estalos.

Eram estalos de mãos.

Estavam batendo palmas.

Para mim?

Continuei de cabeça baixa, sentindo um tipo de vergonha que ultimamente me dominava com muita frequência.

Uma mão foi estendida pra mim, e finalmente levantei meu olhar.

 - Oi de novo. - o menino cujo chamei de louco encarador mais cedo, disse. Apareceu uma vontade de sorrir pra ele inesperadamente, mas me contive. Ele nem ligou que eu estava o encarando por muito tempo, continuou com a mesma postura de ajuda e sorriu de lado pra mim. - Ficarei muito chateado se você não responder o meu oi. - pegou minha mão e me levantou sem que eu pedisse.

Ele parecia um garoto de sete anos, mas grande. Não que ele parecesse uma criança, mas pelo seu jeitinho de agir ali comigo, parecia muito um garotinho dessa idade. Quando o mesmo pôs os braços para trás e pendeu os pés detrás para frente, eu finalmente sorri.

 - Oi. - seus olhos brilharam como de uma criança.

 - Uau! Bela voz. - ri com o comentário, e não me senti estressada que nem mais cedo.

Aquelas pessoas que eu mal conhecia estavam me fazendo um bem danado.

 - Querida, você deseja tomar um banho? Está tão quente aqui e você dançou com tanta precisão, deve estar exausta. - Ella prontificou-se ao meu lado, passando a mão pela minha testa. - Sua temperatura está boa, que ótimo!

 - Acho que não será necessário. - a mesma voz que me assustou mais cedo, disse atrás de mim.

Meu corpo tremeu, minha feição provavelmente não estava das melhores.

Ella apertou minha mão.

 - Boa tarde, dona Ella. - a voz do meu pai disse, e ouvi passos se aproximando.

Não tive a mínima vontade de virar para ver o que estava acontecendo ali.

 - Não... - minha voz falhou. - Não estraguem meu momento com estas pessoas. Não ousem! - gritei.
O eco que deu na sala, surpreendeu a todos ali, e se não estivesse com tanta raiva, teria sentido vergonha.

 - Fernanda! - meu pai tentou me repreender, mas dona Ella levantou a mão, e logo ele se calou.

Eu sai andando sem olhar para trás, atravessando todos aqueles meninos até a porta dos fundos. Chegando em outro corredor sem ser o principal, comecei a chorar.

Gritei para os ventos, o som de pássaros cantando, folhas e então, alguém parou perto de mim.

Senti uma respiração calma, e cheiro de colonia amadeirada.

 - Você é como uma bomba, mas ao mesmo tempo é um soldado querendo salvar quem está em volta. Explosiva, mas bem longe dos outros. Entendo bem como é isso. - o garoto tirou a bandana da cabeça e continuou sério. Percebi que era um dos gêmeos. O que estava na porta. - Mas parece que você não percebeu que, por obra do destino, você está explodindo em si mesma e prejudicando sua saúde mental, espiritual e física. - tirou um cigarro do bolso com um fósforo, me ofereceu e eu só neguei.

Meus cabelos deviam estar pra cima, e meus olhos vermelhos. Uma situação patética em frente a um garoto tão bonito quanto aquele.

Ele fuma e vem falar de saúde física pra mim? Hipocrisia totalmente irônica da sua parte, amigo.

 - Continuando. - começou a andar pelo corredor em passos calmos, tragando o cigarro. Que aliás, tinha cheiro de menta. Nem sabia que existia cheiros diferentes disso. Andei atrás dele. - Eu vi como você dançou. E de onde você tirou que dança mal? Céus. - quando eu ia falar, ouvi uma porta se abrir.

Por impulso, segurei em seu braço, e ele olhou de lado.

Ele deve ter odiado isso.

Me pegou pelo pulso e empurrou para uma porta, me fazendo cair no chão dentro de uma sala. Fechou a porta.

Assustada. Era isso que me definia naquele momento.

 Era isso que me definia naquele momento

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31 diasOnde histórias criam vida. Descubra agora