— Sua cara não está nada boa — Johanna diz com uma careta no rosto fazendo o primo ignora-la e passar direto para a geladeira. Tira de lá uma caixa de leite pela metade e a pega no armário o achocolatado que a tia tinha comprado para ele assim que soube que o sobrinho iria passar uma parte das férias em sua casa.
— Minha cabeça está doendo. — Lucas diz enquanto coloca duas colheres cheias de achocolatado no copo e mexe fazendo com que o branco do leite acabe se tornando um marrom nem tão forte nem tão leve, mas como ele gostava de dizer, na medida.
Johanna, sua prima, também não falou nada já que se encontrava na mesma situação, eles – junto com Mattew, vulgo namorado de Johanna – haviam enchido a cara na noite passada e não lembravam muito bem quando e que horas chegaram em casa e muito menos como.
— Onde está o Mattew? – Lucas pergunta interessado e Johanna o responde com uma cara de paisagem enquanto passa nutella e depois requeijão sobre sua torrada. Uma mistura que faz Lucas e todos que moravam na casa se perguntar como aquela menina consegue comer aquela mistura nem um pouco interessante e agradável ao paladar todos os dias.
— Dormindo. Você acredita que eu tive que arrastar ele da porta do banheiro até meu quarto? — Johanna lhe responde depois de dar uma grande mordida em sua torrada. — E olha que eu tinha bebido muito mais do que ele!
Lucas riu imaginando a cena de Mattew apagado no chão do banheiro e sua prima tentando leva-lo até o próprio quarto. E ele acaba pensando que riria ainda mais se tivesse visto a situação na hora que aconteceu se não tivesse ele, dormindo no tapete felpudo e branco da sala e que seu tio tinha tanto carinho.
— Você se lembra de alguma coisa de ontem? — O garoto pergunta enquanto termina de tomar o resto do leite com achocolatado.
Sua prima balança a cabeça negativamente e diz um "nada" sem muita empolgação. Já que ela achava que cada mordida que dava na torrada, todas as pessoas do mundo davam uma martelada em sua cabeça.
Os dois ficaram em silencio por um tempo, enquanto terminavam de comer. Cada um calado em um lado da cozinha apreciando a linda e magnifica sinfonia de zumbidos que rodavam em suas cabeças. Resultado de terem ficado a noite quase toda perto, em cima, e do lado das grandes caixas de som que fazia toda a festa estrondar.
Mattew desceu assim que os dois colocaram as louças dos seus ditos cafés da manhã na pia e sua aparência, era bem pior do que a dos outros dois. O garoto tinha grandes áreas arroxeadas em baixo dos olhos baixos e vermelhos, com o rosto marcado como se tivesse dormindo em cima de um espiral de caderno e com o cabelo todo bagunçado. (O que sua mãe chamaria de um ninho de ratos, Mattew chamava de cabelo).
— Pelo visto a saída de ontem foi boa! — A dona da conhecida e doce voz que cortou a cozinha sorriu para o trio e para a aparência nem um pouco boa deles — Parece que passou um trem de carga por cima de vocês.
— Obrigado por lembrar o quanto feia e acabada estou, mãe.
Roberta, a mãe de Johanna e tia de Lucas sorriu para a filha e passou por eles em direção à mesa e depositando ali, várias sacolas de papel nas quais continham o que seria possivelmente o almoço daquele dia.
Os dois que já tinham tomado seu próprio café, esperaram Mattew tomar o seu e aproveitaram para fazer companhia para a mais velha que já começava os preparativos para a próxima refeição, já que era quase meio dia.
— Estou esperando vocês me contarem o motivo de Lucas ter dormido na sala e Mattew aos pés da cama da dona Johanna. — Roberta falou tentando soar casualmente, quando na verdade queria rir das cenas que viram na madrugada daquele dia.
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A Garota Da Festa
Short StoryConcluída || Depois de uma noite com uma série de acontecimentos - digamos que - bizarro, Lucas se deita em sua cama e tenta se lembrar de tudo o que aconteceu naquela noite. Mas para seu desespero, ele não consegue de nenhuma maneira, lembra-se da...