EPISÓDIO TRÊS; sério Lucas?

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— Eu não acredito que aquela vaca falou isso — Johanna rosnou quando Lucas contou como foi à conversa que ele e Mattew tiveram com Mabel. E como aqui já foi dito, nenhuma das duas se gostavam e o sentimento de raiva era mutuo entre si.

— Deixa isso para lá — Lucas pediu — Você não descobriu nada com a outra?

Johanna que tinha uma expressão de raiva até pouco tempo atrás, agora esbanjava um sorriso enquanto lavava a louça do jantar. Ação que deixava Lucas de cabelo em pé, só de pensar em ter que deixar suas mãos molhadas por um século até as louças estarem limpas.

— A gente ainda não olhou as redes sociais, tinha esquecido disso. Jhessica me deu a ideia.

Lucas confirmou com a cabeça e pegou mais um prato com todo o cuidado do mundo e o enxugou colocando em uma pilha que tinha feito.

— Qualquer pessoa que se preze, tem uma rede social nesse mundo, até a vovó tem um facebook.

— E se ela não tiver?

Johanna parou o que estava fazendo e olhou para o primo com uma expressão de "sério, Lucas?".

— Estamos no século XXI é claro que ela deve ter redes sociais!

Ela falou como se isso fosse obvio e Lucas preferiu ficar calado a falar algo. Ele não falava e nem queria acreditar, mas ele estava cada vez mais ansioso com a esperança que tinha de encontrar com a tal garota.

Depois que terminaram com a tarefa que a mãe da jovem os ordenou, a primeira coisa que fizeram foi ir para o quarto de Johanna para entrarem na internet e começar a varredura nas redes sociais atrás da tal. Começaram primeiro com os amigos de Johanna, selecionaram só as meninas e entraram em todos os quase 200 perfis femininos buscando algo que pudesse provar que a garota estivesse na mesma festa com eles. E a pesquisa entre os amigos de Johanna resultou em quase quarenta perfis que pareciam comprovar que elas estiveram na festa. Mas nenhuma tinha sobrancelhas marcadas, ou tinha algo que fizesse Lucas lembrar-se de algo.

Depois passaram a procurar no perfil de Mattew, que levou o dobro do tempo, já que Johanna não achava que o namorado tivesse tantas amizades com garotas como parecia ter. E mais uma vez, a busca entre tantas, não deu em praticamente nada.

Encontraram apenas duas meninas que tinham sim sobrancelhas marcadas como Lucas lembrava, mais uma tinha uma namorada e a outra tinha menos de 15 anos.

— Você tem certeza que isso vai dar certo? — Ele perguntou já cansado de olhar tantos perfis a procura de algo.

— Eu quero que de, você não?

Lucas fechou os olhos e lembrou novamente da sensação de estar na presença da garota sem rosto. Da sensação que agora parecia ser apenas ligada a quantidade de bebida que tinha tomado naquela noite.

— Eu não me lembro de muita coisa, Jô, e se eu tivesse falado apenas um oi com ela antes dela fugir de um garoto bêbado?

A garota olhou para o primo e pensou nessa possibilidade também. Poderia ser algo do imaginário de Lucas e a garota nem ao menos existir, mas ela queria acreditar que ela existia sim, já que estava se sentindo em um filme e que no final, ele encontraria a garota e ficariam felizes e depois ia subir os agradecimentos e seu nome estaria lá, assim como o do namorado.

Mas julgar pelo o imaginário de Johanna, o céu deveria ser rosa e o oceano amarelo, então quase não podia ser levada a sério e Lucas sabia disso.

Ele decidiu parar por ali a busca naquela noite. Estava cansado e o relógio de pulso marcava quase três horas da manhã e uma das coisas que Lucas mais prezava era uma boa noite de sono, mas não teve coragem nenhuma para voltar ao quarto que ocupava. Pegou apenas um travesseiro e deitou-se ao lado da prima, que ainda não tinha desistido de achar algo naquela noite.

*

No dia seguinte, Lucas passou o dia fora com o tio arrumando algumas coisas em que ele precisava de ajuda e usando essa desculpa recusou todas as ligações de Johanna e Mattew, e não respondeu nem uma mensagem que os dois haviam lhe enviado. Chegaram em casa no fim do dia com o jantar já sendo servido. Jantou calado sobre os olhos da tia e sobre a cara fechada da prima, que estava com raiva dele por ter a ignorado o dia inteiro.

Acompanhou o tio a assistir ao jogo que passava na TV e tomou umas duas a três latinhas de cerveja. Ele havia tentado ignorar tudo a respeito dos últimos dois dias a respeito da garota e faltava agora menos de cinco dias para ele voltar para casa e a esperança de encontrar a tal garota só diminuía e a ansiedade aumentava.

O jogo terminou, seu tio se encaminhou para o quarto e ele continuou na sala assistindo qualquer coisa que passassem na TV. Olhou em suas redes sociais em busca de algo que pudesse encontrar, mas resultou em nada, como as outras buscas que havia feito antes. Pegou mais uma cerveja no freezer e tomou apenas em sua própria companhia, depois que tomou o ultimo gole, pegou as latinhas que tinha espalhadas pela sala e levou até o lixo. Limpou também a pequena sujeira que havia feito com o tio para terem alguns tira-gostos para acompanhar a bebida antes de se dirigir para o quarto e tomar um banho antes de dormir.

Deitou-se na cama na esperança de dormir rapidamente e não ter que rolar para lá e cá antes de pegar no sono. Ligou o ar-condicionado e se enrolou até o pescoço, sentindo-se enfim agradável para pegar no sono. Mas foi impedido por batidas na porta e depois uma cabeça aparecendo entre a fresta.

— Você está dormindo? — Lucas ouviu a prima perguntar.

— Quase

Sua resposta foi o passe livre que Johanna esperava para entrar no quarto conhecido por ela e sentar-se ao lado do primo.

— Mattew me ligou, disse que tinha uma pista sobre ela.

Lucas ficou calado por um tempo antes de responder a prima sem saber se queria saber ou não sobre a tal pista. Porém a curiosidade falou mais alto. Ele dizia que Johanna e Mattew eram curiosos, mas ele também tinha um Q de curiosidade sobre alguns assuntos.

Mas diferente da eufórica Johanna, ele preferia deixar para resolver tudo amanhã, depois de uma boa noite de sono.

— Você me conta amanhã, Jô.

A garota pensou em protestar. Abriu e fechou a boca algumas vezes antes de perceber que era melhor deixa-lo sozinho e ir atrás do namorado só no dia seguinte. Despediu-se de Lucas e se encaminhou para o próprio quarto e não muito diferente do primo, levou segundos para entrar em sono profundo.


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