Sr. bunda perfeita

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- Arg! Dá pra olhar por onde anda?! - exclamo quando um homem enorme esbarra em mim.

Olho pra trás e admiro sua bunda belamente vestida numa calça de couro sintético conforme ele se afasta. É uma bela bunda. Nem me incomodaria se ele esbarrasse de novo.

Continuo a andar pelo aeroporto apressada. Tá, eu realmente não precisava me apressar já que estava com pelo menos meia hora adiantada. Era hoje que Kihyun voltaria depois de um ano e meio estudando fora. Mal podia aguentar meus nervos.

As mãos suavam. Os olhos seguiam o movimento bagunçado da multidão tentando buscar alguma ordem em meio ao caos. Adoraria o mínimo de ordem naquele ambiente, só que isso já era querer demais pra tantas pessoas num espaço tão lotado.

Ainda tinha alguns minutos para respirar e me acostumar com a ideia. Meu namorado estava voltando. Kihyun, meu namorado, estava realmente voltando.

Mais uma vez confiro o relógio. Vinte e três minutos até o voo dele chegar. Contando o tempo para descer do avião e pegar a mala, eu diria que tinha que aguardar por volta de trinta e cinco minutos. Trinta e quatro agora.

Dou meia volta e me dirijo a uma lanchonete.

- Boa tarde, o que deseja? - a atendente me pergunta mascando chiclete.

- Ah, eu... - olho atentamente as opções e, caramba, porque um cardápio tão enorme pra uma lanchonete de aeroporto?! - Calma, eu... Um suco?

- Vai demorar muito? - a voz masculina atrás de mim me apressa.

Consigo entender isso. Era uma fila. O natural das filas era que andassem. A gente pode dizer que eu estava atrapalhando o fluxo e isso chateava as pessoas.

Ignoro o homem e continuo pensando.

O que eu quero comer?

- Um suco de... não, não, esquece. Um chá gelado, por favor. E pra comer...

Uns ombros largos passam na minha frente.

- Ei! - reclamo.

- Se não tinha escolhido nem precisava ter entrado na fila. - ele diz de costas pra mim - Um sanduíche natural e um refrigerante. No débito.

- Arg! Você não tem o mínimo de noção - desço  os olhos pelas suas costas até... - Uh... olha essa bunda...

O comentário me escapa. Arregalo os olhos ao perceber o que eu tinha acabado de fazer. Mas que droga!

Por outro lado isso foi bom, parece que eu finalmente tinha chamado sua atenção.

Os ombros se viram e finalmente vejo seu rosto. As orelhas pequenas, o rosto em "v", o sorriso torto nos seus lábios, a calça de couro sintético com um cinto caído e a camisa branca sem estampa. Eu realmente pensaria que ele era apenas um cara bonito e simpático se não fossem esses olhos.

- O que você disse sobre a minha bunda?

- Que ela é linda, agora, com licença - passo na sua frente e tento fazer meu pedido de novo, mas ele me empurra ombro a ombro tentando pedir primeiro.

- Você tem quantos anos?! Cinco? - ele pergunta tentando dar o cartão de crédito a funcionária. Ela, por sua vez,  dava umas piscadelas e tentava alcançar o cartão dele. Interfiro colocando o braço na frente.

- Até uma criança de cinco anos sabe que é errado furar fila.

As pessoas da fila se irritam. Um murmurinho começa. Um segurança se aproxima e foi ali, naquele exato momento, que eu tive aquela sensação sobre o cara da bunda bonita. E por "aquela sensação" eu quero me referir a sensação de problemas chegando, porque ele realmente parece ser desse tipo que os atrai.

Trouble Maker {wonho}Onde histórias criam vida. Descubra agora