Eu não entendo o que acontece comigo.
Não sei nem quem eu sou, muitas vezes.
O que eu quero.
Não sei.
A maior parte do tempo eu estou bem,
eu não me importo,
me acostumei.
Mas tem certos momentos que escorrego.
Que sofro.
Que sinto a solidão.
E gostaria de ser diferente,
de ser outra,
ou então de estar realmente só, sem ninguém mesmo.
Sem ninguém pra não se importar.
Seria mais fácil.
Seria mais prudente.
E muitas vezes é o que tento.
É a minha maneira de permanecer.
De prosseguir.
Mesmo com tanta racionalidade, não consigo fugir dos conflitos.
Das emoções.
Queria conseguir controlá-los.
Queria realmente entender que o problema não é comigo.
Que é isso mesmo, que eu já deveria esperar, que já deveria estar preparada.
Mas boa parte do meu eu, diz que é.
Insiste que é.
Se é que isso faz sentido.
Mas é.
Não me conhecem.
Não me gostam.
Um não que não faz diferença.
Ou um não que não deveria fazer.
E faz.
E não faz.
E faz.
E não faz.
Tenho incertezas. Tenho dúvidas.
Uma dualidade de amor e ódio é o que vivo.
Alguns dias me amo incondicionalmente, tenho orgulho de ser quem sou.
De ser diferente. De não agradar ninguém.
De apenas poucos realmente me conhecerem.
Mas há dias em que me odeio.
Em que queria ser diferente.
Em que queria ser como todos.
E ser simples.
Sem abismos, sem conflitos.
Ser por ser.
Sou a criança e sou a adulta.
A imatura e a responsável.
E é isso que me faz sentir.
É essa desigualdade que me deixa inconstante.
De vez em quando explodo.
Mas aqui, aqui com a tão querida solidão, me restabeleço.
Me ergo.
E desabafando com caracteres volto a ficar bem.
Volto a buscar o equilíbrio.
E sou quem sou,
e o que não sou também.
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No Silêncio das Palavras
PoésieEu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta. Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento. Atravesso noites e dias no vento. Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaç...