Christopher Uckermann
– Lar, doce lar. – Belinda cantarolou ao chegarmos no nosso mais novo apartamento.
Suspirei e joguei as minhas e as malas dela em cima do sofá maior. Me joguei no menor, suspirando de tanto cansaço.
Não me lembrava que mudança cansava tanto assim.
– O que trouxe nessas malas Bel? Chumbo? – perguntei indignado.
Ela sorri e fecha a porta. Senta no meu colo e beija meus lábios de leve.
– Tudo ué. – responde como se fosse óbvio. Arregalei meus olhos.
– Só estamos de passagem. Aliás, eu te disse que só ia ficar aqui até finalizar as investigações dos deputados. Além de ter aquela complicação com o cara bêbado na pista, ainda não acredito que me meti mais nessa confusão, preciso conversar com advogado dele. – falei já imaginando a complicação que vai ser.
– Mas e se demorar bebê? Nesses cinco anos de casados, é a primeira vez que estamos viajando pra tão longe. É normal eu não saber tudo o que iria precisar.
– Tudo bem. Eu consigo perdoar o seu exagero. – sussurrei prendendo meus dedos em seus cabelos a fazendo arfar. Em seguida, lhe dou um beijo fervoroso. – Agora, eu preciso ir trabalhar.
– Mas já? – diz fazendo biquinho e se sentando ao meu lado no sofá. – Acabamos de chegar.
– Ligaram da delegacia, preciso fazer vistoria nas ruas e já ir procurando algumas pistas do tal deputado que está sendo investigado e claro, ir visitar o tal raxa proibido daqui. – Falei já abrindo a mala e retirando minha farda. Belinda suspirou e se levantou.
– Tá né. Já que esse é o seu trabalho...
Ela sai indo até a cozinha. Assim que terminei de vestir a roupa, fui até ela e lhe abracei por trás.
– Logo, logo eu tô de volta. – sussurrei beijando seu pescoço.
Ela se virou e me abraçou.
– Estou receosa. – sussurrou ainda abraçada a mim.
– Com o quê?
– Você sabe. Estamos em Cancun, Ucker. E você teve uma história aqui. História essa que você sempre fez questão de lembrar quando éramos amigos. E quando começamos a namorar você me disse que seu coração não poderia ser completamente meu. E se...
– Shii. – coloquei o dedo em seu lábio. E limpei uma lágrima que caia de seus olhos. – Não tem "e se" Bel. Eu estou com você.
Desde quando viajei para new york, à quinze anos atrás, meu objetivo era estudar. Depois do término desastroso que tive com Dulce, o meu desejo era somente os estudos. Nada de romance, nada de namoro, nada de apego. Conheci Belinda na mesma época em que fazia faculdade de direto e até então nos tornamos muito amigos, e com isso, me sentia completamente aberto para contar a ela sobre Dulce. Me lembro que de dez palavras que eu dizia, nove era que eu a amava, admirada ela em algo ou o quão importante ela era pra mim.
Os anos foram passando e a cada dia eu tinha cada vez menos informações de Dulce, cada vez menos eu sabia onde e o que ela estava fazendo. Com esses anos a aproximação que eu e Belinda tivemos foi intensa e por consequência acabamos desencadeando um romance. O que resultou em nosso casamento. E é claro que eu parei de falar em Dulce, e não entendo o desespero dela quanto a isso.
– Eu sei, meu amor. Mas seu coração é dela. Sempre foi. – sussurrou. – Você não sabe o quanto seu olho brilhava ao dizer o nome dela, Chris. Não entende o quão grande era o amor que você transmitia só de falar nela.