Como dar vida a um personagem

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•Defina o cenário
Seja no papel ou na tela, seu personagem deve existir em algum lugar, mesmo que esse lugar seja o vazio. Pode ser um apartamento em Paris, ou um em São Paulo. Isso não apenas mostra o lugar do seu personagem, como irá também ajudar a defini-lo.

•Se você quer criar uma extensa e épica narrativa, irá precisar de inúmeros personagens – alguns bons, maus, masculinos, femininos, ou até aqueles que não são nenhum desses.

•Se você está criando uma narrativa íntima, pode ser que não seja preciso mais que um personagem.

•Pense criativamente
Ao contrário da primeira coisa que vem em mente quando se pensa em um personagem, nem todos eles são seres vivos.

•Comece com um arquétipo (modelo)
O personagem que você precisa depende da sua narrativa, mas ao começar com uma vasta gama de opções, você pode tomar decisões que pouco a pouco irão definir as características do seu personagem, como um escultor que lapida pouco a pouco o mármore bruto para revelar mais tarde sua obra final: a escultura.

•Você quer um Protagonista (herói) ou um Antagonista (vilão)? Talvez você precise de um personagem secundário, como um homem de confiança, um melhor amigo, um amante, ou um parceiro. Note que às vezes, o protagonista é visto como o vilão, como Kong, em King Kong.

•Use características específicas
Uma vez que o arquétipo de seu personagem foi definido, você pode atribuir traços e características, e pouco a pouco começar a revelar sua verdadeira personalidade, como a escultura escondida no mármore bruto. Pergunte a si mesmo o que seu público quer sentir em relação ao seu personagem: amor, pena, repulsão, compaixão – ou até mesmo nada. Projete seu personagem baseado no resultado que você deseja.

•Estabeleça se seu personagem é masculino ou feminino. Isso mostrará o ponto de vista geral dele e revelará características únicas dependendo do arquétipo usado, podendo até gerar conflitos para o personagem e sua própria história, quando a sociedade o julgar por suas ações, tanto para o bem ou para o mal. Por exemplo, um homem arrogante é visto de forma diferente do que uma mulher arrogante.

•A idade é crucial. Personagens mais velhos geralmente são vistos como mais sábios, mas também podem ser abordados de forma diferente. Um jovem vilão geralmente é retratado como a “ovelha negra” da família. Um velho vilão pode ser tudo isso, mas devido às circunstâncias da vida – dando a ele mais profundidade e complexidade. O jovem herói idealista provoca um sentimento diferente que do velho herói desgastado pelo tempo que está apenas fazendo a coisa certa. E quando eles encontram seus finais na narrativa, as reações causadas também serão diferentes.

•Dê propósito a seu personagem
Para realmente desenvolver um personagem, dê a ele uma personalidade que vai além da própria narrativa. Certos traços da personalidade podem nem chegar a fazer parte da narrativa diretamente, mas irão ajudar a mostrar as decisões que seu personagem irá fazer no futuro.

•Faça uma lista de prós e contras, e tenha certeza de que ela esteja balanceada. Em outras palavras, não tenha mais de dez contras para cada pró e vice-versa. Até os personagens mais ranzinzas gostam de alguma coisa, mesmo que sejam apenas eles mesmos.

•O propósito de um personagem é feito de suas características complementares, que podem levar a ações inesperadas, fazendo com que a opinião do público mude sobre ele. Por exemplo, o personagem que ama a liberdade provavelmente não goste de autoridades, como policiais; personagens que gostam de grandes banquetes ou carros do ano não irão gostar de frugalidades ou limitações. Se o seu personagem é cruel, mas inesperadamente resgata uma criança indefesa de um prédio em chamas, o público é forçado a reformular toda a opinião sobre ele.

•Atribua peculiaridades a seus personagens
Bons hábitos, maus hábitos, ou apenas coisas que o personagem não para de fazer sem algum esforço. Tais hábitos podem ser inofensivos, como o roer de unhas, (que podem indicar preocupação); ou pentear os cabelos obsessivamente (indicando vaidade ou insegurança); ou um sério vício em drogas (mostra uma pessoa que evita responsabilidades e anseia por fugir de problemas); ou um desejo suicida (alguém sem esperança e desamparado).

•Desenvolva seus medos, motivações, e maiores segredos
Desenvolvendo tais características, cria-se um arquétipo muito mais realista que dará origem a um personagem melhor construído.

•Associe arquétipos simbólicos
Combinar os traços de seu personagem com a percepção de objetos pode ajudar a definir o personagem, e ser útil para pressupor sentimentos e ações. Por exemplo:

Uma rosa floresce brevemente, mas pessoas as adoram.

Uma serpente é traiçoeira e pode atacar sem aviso

Prédios são sólidos e resistentes às mudanças

Tempestades são violentas, mas são o prenúncio da aurora que está por vir.

A espada afiada é sempre um perigo para a mão que a segura.

•Não entregue tudo sobre o personagem logo de início. Ao menos que não seja do feitio do personagem manter segredos, faça com que ele seja um pouco misterioso. Dê a seu público enigmas para serem desvendados nas entrelinhas. Apenas tenha cuidado para não fazê-los muito misteriosos.

Lembre-se: Esse processo pretende fazer com que você crie um personagem que seja mais ou menos uma pessoa real. Se necessário, atribua ou remova os passos antes citados para criar seu personagem.

''A perfeição é chata: um bom personagem tem defeitos, pequenas manias e incongruências que o tornam único".

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