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Day one – Testing

É tão estranho. As manias, os cenários, os costumes. Não ruim, de jeito nenhum. Quando me inscrevi para essa aventura, fui de cabeça quente que era um mundo novo a ser encontrado. Mas é incrível como tudo pode ser incrivelmente lindo e... Estranho. Resolvi a poucos dias documentar todo meu intercambio em diários em vídeo para que eu possa sempre me lembrar não só das sensações, mas da reação ao contar cada momento. Pode ser estranho, mas é divertido. Aqui em LA, a vida é agitada. Os centros culturais, cada pedacinho é maravilhoso. Meus amigos sempre me questionaram porque escolher uma cidade tão quente quanto o Brasil, mas talvez esteja ai o motivo. O ar quente não me incomoda e a cidade menos ainda. As praias são maravilhosas, sem mas nem mais. Cada parte do condado de Los Angeles, eu preciso conhecer cada lugar. Acho que eu não ajudei muito, mas algumas coisas são mais que palavras, são sensações, e elas eu não posso descrevê-las. Agora, eu tenho que ir, já é tarde e quero não chegar atrasada no meu primeiro dia de aula. Até mais eu do futuro, nos vemos em breve. E a você, bisbilhoteiro que pode estar assistindo isso, um beijo também. Xoxo

Minha host Family tinha me acolhido muito bem, apesar de ainda ser estranho, fizeram de tudo para me sentir em casa. Um alívio percorria minha espinha ao me lembrar de todos os vídeos em que a família não tinha sido nada legal. Estava a cinco minutos sentada na sala de espera da secretaria da minha nova escola, esperando para pegar meus horários. Meu jeans rasgado e minha blusa fina de frio era meio estranho, por todos os alunos que passarem por eu estarem de roupas de calor. Fazia 17°, mas era um calor um tanto frio para mim, que estava acostumada com mínimas de 25 graus.

- Hello chica. – uma garota bronzeada e dos cabelos loiros sentou-se ao meu lado. -You are new student? exchange student?

- Yes, I'm from Brazil. And you? - um frio gelou minha barriga, afinal meu inglês não era o que chamava de bom.

- Ah! Uma brasileira. Eu sou Sophia, mãe argentina, pai brasileiro. – ela sorriu para mim, estendendo a mão.

- E você esta fazendo intercambio também?

- Sim! – ela sorriu, e fiquei aliviada quando a conversa sobre assuntos aleatórios como o Brasil, o calor de Los Angeles e a culinária Argentina fluíram naturalmente.

"Senhoritas", uma voz feminina soou pela sala chamando uma por uma para pegar seus horários e explicar as regras da escola. Aparentemente, o uso de shorts era permitido, mas se você leva-se três avisos sobre estar indecente, você estava suspensa desse beneficio. Eu e Sophia tínhamos algumas aulas em comum, o que deixou as coisas mais leves para ambas. A primeira e segunda aula tinha se passado, e estava a caminho da terceira antes do almoço. Como todas as coisas tem seus lados ruins, a escola era extremamente grande e eu não fazia ideia de onde era a próxima aula ou quem eu podia perguntar, afinal eu tinha visto filmes de mais americanos para saber dos "grupinhos" nem tão existentes que formavam lá.

"Hey, você podia dizer onde é a sala de Língua Inglesa? Eu estou realmente perdida aqui." – superei todo meu orgulho e perguntei a garota sentada a minha frente, antes que ela saísse da sala após o sinal. "É só você virar a esquerda, depois à direita, perto do laboratório dois de química avançada. Na verdade estou indo para lá, você quer vir?".

- Meu nome é Hanna, por sinal. Você é nova por aqui, não é? – não sabia se era tão bom ser evidente o fato de estar totalmente perdida nesse mundo novo. No Brasil as escolas não costumam ter armários, e muito menos tantos laboratórios e disciplinas extracurriculares como aqui.

- Sim, meu nome é Cecilia, eu sou intercambista. – Andar pelos corredores da escola era pior que o transito de algumas rodovias.

- Serio? De onde você é? – ela sorriu como se fosse à coisa mais maravilhosa do mundo quando disse que vim do Brasil. Conversamos mesmo depois da chegada à sala, sobre como é a vida em Minas, cultura, sobre o que ela sabia sobre o país, o que aparentemente eram poucos americanos que sabiam alguma coisa sobre o Brasil.

"You. New student". Você só podia estar brincado. Além da vergonha de ser encarada por novos rostos, teria que ser encarada por todos ao mesmo tempo. "Apresente-se a turma".
Levantei como ele mandou para que todos me vejam. "Olá, meu nome é Cecilia, eu sou nova aluna e vim fazer meu ultimo ano aqui. Eu sou de Minas Gerais, Brazil." O que se falava nessas ocasiões? Eu não fazia ideia. Todos na sala num tom de animação que chamaríamos de falso, disseram um "Hi Cecilia" em conjunto antes de o professor prosseguir com a aula.

As coisas fluíram meio mecanicamente, e o que parecia assustador não foi. A hora do almoço encontrei com Sophia que me apresentou a alguns outros intercambistas muito gentis, e até mesmo Hanna eu encontrei, que conversou com nós por um tempo.
As  outras aulas foram normais, a medida do possível. As pessoas não eram tão acolhedoras, mas eu entendia ser o passarinho fora do ninho. Na troca de horários tive que ir ao meu armário para buscar meu livro, o que me enlouqueceu um pouco contando que eu ia para a aula do professor de fama de mais chato e meu armário ficava de posição totalmente contraria.

Eu estava andando a todo dispor, não queria passar uma impressão ruim no meu primeiro dia, até um idiota bater de frente a mim. Com tudo. Meu corpo foi pressionado para trás e minha sorte foi não estar carregando nenhuma anotação junto a mim. Seria clichê demais. Senti duas mãos agarrarem meu anti-braço com toda força evitando minha queda. "Presta atenção por onde anda", foi tudo que pude dizer antes de continuar minha jornada. 

Durante o ultimo horário não pude evitar pensar na vergonha do dia. O garoto que tinha esbarrado em mim - para minha sorte diária - era da mesma classe que eu. Era alto, por volta de seus 1,75, com cabelos castanhos escuros que se destacavam na sua pele branca. Percebi que ele me olhou meio torto quando cheguei (atrasada) na aula, mas por sorte pude dizer a velha desculpa de estar perdida, e eu realmente não ligava para como as pessoas olhavam para mim. Eu era a novidade, e isso não era nenhuma surpresa.

Day two - First day of school

Hey guys. Hoje eu tive minha primeira experiencia como aluna do high school, e para ser sincera, não foi tão ruim como esperado. A escola é enorme, e realmente acho que nunca vou me entediar de ter armários. É incrível a dedicação que as pessoas por aqui tem com o esporte escolar, quando eles não estão praticando estão vendo jogos, e as atividades extracurriculares são inúmeras. Conheci muitas pessoas legais hoje, principalmente uma meia argentina/meia brasileira que também esta fazendo intercambio - e vocês não imaginam quantos estrangeiros tem por aqui. Na minha escola tem tipo uma italiana, duas colombianas, um cara que faz mimicas da frança e muitas asiáticas! É um máximo por você não se sentir tão "deslocado", mas é como a Hanna - uma garota que conheci hoje também me disse "carne fresca no pedaço" e isso passa, as pessoas só estão curiosas. Na verdade, preciso ir. Estou exausta. Xoxo."


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