12. A aposta

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Você vai leva-lo? - Josh disse com uma cara engraçada enquanto lhe entregava o suéter estranho junto com o vestido. 

- Você não percebe como ele é belo? Oh, God, precisa estudar mais a arte abstrata. - disse em tom de piada.

- Olha, eu vi minha irmã fundar essa loja. Esse suéter provavelmente esta ai a mais tempo que as tintas dessas pareces. - disse gesticulando para as paredes que mostravam um papel de parede que parecia ser dos anos 70. - E essa decoração veio com o imóvel. 

Soltei uma gargalhada um pouco mais extravagante que previa, mas não que me incomodava. Por mais estranho que pareça, estava me sentindo surpreendentemente confortável. 

- Hm, eu já vou fechar a loja, você não quer ir tomar um sorvete não? Estou indo para casa mesmo... 

- Vocês não fecham a loja as 20 horas? Que eu saiba ainda são seis! Que funcionário exemplar você é! - disse em tom de brincadeira.

- Oh baby, olhe para isso. - ele apontou para um quadro com seu retrato meio escondido entre os fundos do balcão e uma porta de uma sala. - Eu sou o funcionário do mês. Okay. O único funcionário também.

Soltei uma risada e aceitei o seu convite. Não me faria nenhum mal. 

Pegamos um ônibus e depois caminhos três quadras até uma sorveteria já perto da minha casa. A todo momento falávamos de algo, desde filmes até a escola. 

- Então você mora com o famoso Logan? - Josh deu uma colherada no seu sorvete.

- Hm, isso não é grande coisa. - disse meio fria, me lembrando dos últimos dias.

- Não é o que qualquer garota falaria. - ele disse soltando uma risadinha.

- Bem Josh, hoje é seu dia de sorte. Eu não sou qualquer garota. - disse dando um leve tapa na mesa e lançando um olhar de desafio. 

- Hmmmmm, e o que a grande Cecilia tem de diferente das humildes e subordinadas garotas comuns de LA? - ele sorriu me encarando. 

- Elas são todas iguais! Bem, há exceções. As meninas são demais! Mas elas mesmas assumem que tem um certo padrão. São sempre apaixonadas com os jogadores, sempre tem um desejo - mesmo que obscuro - de ser uma cheersleader, e meu Deus, como gostam do MESMO tom de loiro! - disse indignada fazendo-o rir. 

- Okay, faz sentido. E o que te diferencia das garotas não convencionais? Porque bem, você afirmou ser totalmente uma garota não qualquer. - o desafio e curiosidade transbordavam em seus olhos. 

- Hm, vamos lá. Meu moreno não provem de nenhum tipo de bronzeado. Meus cabelos são anelados e castanhos. Meus pés e meus olhos são meio tortos. Eu assisto The Walking Dead. Nunca fui do tipo maria-vai-com-as-outras - fiz uma pausa na lista enquanto explicava o que significava essa expressão. 

- Bons argumentos garota. Gostei disso. Mas vamos deixar essa conversa interessante... - ele fez uma pausa dramática. - Se até o final desse intercambio você não tiver feito nenhuma desses três tópicos importantes para ser uma tipica LA girl : ficar loira, ser uma cheerleader ou se apaixonar por alguém de qualquer time da escola, eu faço algo que queira. 

- Qualquer coisa? - disse pondo os braços apoiados na mesa e olhando no fundo de seus olhos. 

- Qualquer coisa. - ele reafirmou. - Mas... se eu ganhar, você, hm... deverá postar todos os seus videos que grava secretamente - sim, eu percebi - e postar num canal do youtube e prometer NUNCA, JAMAIS EM HIPÓTESE NENHUMA apaga-los. Assim poderei zoa-lá eternamente. 

Por um segundo meu corpo gelou. Aqueles videos eram para a minha família, do tipo que eu mostraria mas colocaria numa pasta até codificada se necessário. Mas aquilo valia a pena, pois certeza que essa seria uma aposta fácil, fácil.

- Eu topo. Mas se eu vencer, você terá que fazer uma tatuagem ao meu gosto. Como uma florzinha... ou um pônei. - ri sozinha já imaginando como as cores iriam combinar com ele. - Assim poderei zoa-lo eternamente. 

- Touché. Quer saber... eu topo. Desde que não seja ofensiva e em um lugar escondido. - concordei com os termos e apertamos as mãos selando o acordo e nosso futuro.  

  

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