O primeiro contato

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Capítulo I - Parte IV

- Jonas se arruma, rápido!
- O que cara? Que horas são? Por que ta gritando?
- Estão atrás de nós! Só vem comigo, no caminho explico.
- Mas eu tenho que tomar café, e avisar minha mãe!
- No carro tem lanche pra você, e sua mãe brava vai ser melhor do que não ter mãe, então levanta e vai logo.

Acordei com Pedro berrando pra que eu acordasse, perto das três horas da manhã.

Eu não estava entendendo nada, mas ele estava muito sério, além do que, a marca estava ardendo muito, e fui com ele para o carro pra não arriscar. Como diria minha mãe, "com louco não se brinca".

- E você dirige desde quando?
- Umas 2 horas atrás, aprendi em um vídeo no YouTube.
- Que soninho, minha cama tá chamando.
- Entra logo no carro!

Entrei, e ele acelerou muito, pensei que ia dar uma visitada no mundo dos mortos, mas depois de uns dez quilômetros, ele parou o carro em uma cabaninha, e entramos:

- Agora você vai me explicar o porquê de ter me tirado da cama, as três da manhã, quase ter me matado, e além de tudo... O lanche estava gelado!
- Receio que esse será seu primeiro contato com o mal. Algo está te seguindo à alguns dias, a marca vai arder sempre que algo que queira te matar chegar perto, relaxa!
- Ah tá, algo que queira me matar... E POR QUE ALGO IRIA QUERER ME MATAR?
- Bom, você é bem irritante às vezes...
- Maguei.
- Mas enfim, uma bruxa está atrás de você.
- Ah tá bom mesmo! Todo mundo sabe que bruxas não existem!
- Todo mundo acha que o Michael Jackson está morto. Pessoas pensam coisas erradas o tempo todo.
- Pera ele tá vivo?
- Mais vivo que tu!
- Eita...
- Enfim, agora que você tem a marca, é um grande alvo pra bruxas e afins.
- Qual é essa de "afins"?
- Já dei muito spoiler, não vou estragar a surpresa.
- Tá, mas por que eu sou um alvo?
- Você além de bunda mole, é a lerdeza em pessoa. Autrus, lembra?
- Mas eu sou inofensivo.
- Por enquanto.
- E onde achou o carro?
- Peguei num beco.
- Você roubou o carro?
- Não, eu tenho dezesseis anos e tenho um carro já.
- Sério?
- Não né Jonas, é claro que roubei a droga do carro.

Depois de passar muito tempo conversando, percebi que a marca começou a arder de novo, antes que eu pudesse falar algo, minha boca fecha. Eu não conseguia falar nada.

Pedro percebeu e sacou um puta facão que tava na sua cintura.

Eu comecei a perder o movimento do meu corpo, enquanto ele começava a falar umas palavras estranhas, e senti uma batalha dentro do meu corpo, algo quase impossível de explicar, era como algo querendo travar tudo, enquanto outro estava impedindo.

Eu estava caído no chão, virado pra cima, e com grande esforço, consegui abrir os olhos. Vi meu amigo, mexer a boca, parecendo que ele estava falando muita coisa, não sabia o que, porque nessa hora eu já não conseguia ouvir mais nada.

Enquanto olhava pra ele, vi que uma mulher vinha entrando pela porta com uma faca na mão, tentei avisá-lo, mas não tinha forças pra nada.

Ela cravou a lâmina nas suas costas, e o jogou do outro lado da cabana.

Nessa hora o meu braço parecia pegar fogo, eu suava muito, estava com medo, realmente pensei que ia morrer.

A mulher me sentou em um canto apoiado na parede, e começou a segurar meu braço em cima de onde estava a cicatriz.

Não sabia o que ela havia feito, mas sei que tinha parado de arder, todo meu medo foi embora, parei de suar, eu estava completamente normal, um pouco atordoado, mas com todos meus sentidos estavam bem.

Dei conta de que o Pedro havia sido atingido, mas quando olhei para o local em que havia caído, já não tinha mais nada.

A mulher se levantou, e nesse ato, percebi de canto de olho, que ele estava do lado dela, com os olhos frios e distantes, quando levantou o facão, e com apenas um golpe, tirou a cabeça dela fora.

Eu tive uma reação normal, comecei a gritar de histeria. Eu mal conseguia ver CSI direito, imagina uma mulher sendo degolada na minha frente:

- Se acalma Jonas, o que ela fez?
- Ela não fez nada, mas tu tirou a cabeça dela!
- He He, parece que ela acabou perdendo a cabeça com essa situação toda!
- Piadinha boa, timing perfeito.
- Obrigado.
- De nada... Mas que diabos aconteceu aqui?
- Lembra da bruxa que te falei?
- Era ela?
- Pois é! Certeza que ela não fez nada? - Ela tinha acabado com minha dor, eu não ia estragar e fazer voltar a arder, então menti.
- Só me olhou e soltou bafão.
- Bom, vamos embora.

Fui pra casa, só que algo não estava normal, era pra eu estar muito traumatizado, mas eu só fiquei com nojo do sangue todo, e não com medo.

No caminho perguntei ao meu amigo:

- Escuta, o que foi aquilo lá?
- O que?
- Você não parecia você quando a matou.
- Bom, sabe né... Lado demônio assume nessas horas.
- Então já matou mais gente?
- Não necessariamente humanos, mas sim.
- E aquilo que você estava falando quando eu tava caído?
- Era um feitiço contra o feitiço dela. Escuta Jonas, até você passar no teste, coisas desse tipo vão ser frequentes, preciso que seja forte e aguente tudo que vir, falta tão pouco.
- Droga, mas vou precisar ficar saindo correndo no meio da madrugada?
- Talvez. Olha, vou te dar isso, é um amuleto de proteção contra alguns seres, você vai ficar bem, e outra, tô aqui pra te proteger e não deixar que nada aconteça com você. Até aprendi a dirigir por sua causa.
- Pois é cara, muito obrigado!

Descobrir que aquela bruxa não foi a primeira pessoa que o Pedro já havia matado, me fez ficar com um receio, porque andei com um assassino do "bem", se é que pode se chamar assim, o tempo todo.

Já era quase cinco horas, e sei que teria problemas com sono durante o dia, então já adiantei bem o sono, e fui dormir pensando que só faltavam seis dias pra eu ir ver a Roberta, é essa loucura toda acabar.

Autrus: Zerando A VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora