Os Dons

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Capítulo I - Parte VI

Estudei muito o livro que a guardiã tinha me dado. Contia muitas coisas interessantes lá, desde feitiços, histórias, a poderes Autrus, que os antepassados haviam tido.

Em uma parte do livro, li que a marca retarda algumas emoções, como medo, pânico e tristeza. Resumindo, emoções que me fariam ficar mais fraco durante uma batalha.

Isso explicava o fato de eu estar lidando tão bem, com algo que à alguns meses era impossível, é só existia em contos de fadas pra mim.

Quando fugi pra cabana com o Pedro, a bruxa que estava nos caçando usou um feitiço que estava desligando todos meus sentidos, procurei por algo assim no livro, e era na verdade um feitiço de separação. Eu desmaiaria e minha alma iria pra fora do corpo, deixando aberto pra algum feitiço de posseção, ou coisa do tipo. A minha sorte foi que o meu protetor estava lá pra cancelar a magia e me salvar.

Segundo o livro, o feitiço tinha a mesma intensidade do poder de quem o faz, e no caso daquela bruxa, não era muito.

Segundo uma lenda, aquela espécie de bruxas foi criada a dedo pelo primeiro Autrus, para que destruísse os que viriam no futuro.

Fiquei intrigado pelo que me esperava, e sabia que tinha alguns dons para descobrir. Na melhor parte do livro, me tranquei no quarto e foquei geral.

"Os dons Autrus mais comuns nos últimos mil anos são nomeados como:

Aer: Dom de controle do espaço a volta. Levitação de objetos. Controle dos ventos. Para utilizar o dom, tal Autrus deverá sofrer com um sacrifício de uma carne gêmea, e a marca do vento.

Ignis: Dom da destruição. Controle do solo. Domínio ao fogo. Para utilizar o dom, tal Autrus deverá ser isento de impurezas, e a marca do fogo.

Psich: Dom do controle da mente. Leitura da mente. Domínio sobre massas. Para utilizar o dom, tal Autrus deverá desistir de um grande querer, e a marca da esperança.

Demais dons, não foram relevantes, e nem apareceram na história o suficiente para serem catalogados. "

Pelo que li, eu não podia usar nada daquilo, pelo menos não ainda. Não entendi nada sobre sofrer com um sacrifício da carne gêmea, nem sabia qual era minha marca. Precisava falar com Pedro ou a guardiã o mais rápido possível.

Faltavam quatro dias para o teste chegar, eu ir ver minha amada, e acabar de vez com essa loucura. Mas aí é a questão, eu não sei se queria mesmo acabar com aquilo.

Fui conversar um pouco com a Roberta pra ver se conseguia clarear um pouco as ideias:

- Roberta.
- Amor?
- Preciso falar contigo.
- Pode dizer.
- Bom, tem coisas acontecendo comigo. Não sei se posso falar o que é, nem sei se você acreditaria se eu contasse.
- Por que não tenta? Tô aqui pra te ajudar.
- Lá vai. Eu sou o último de uma espécie poderosa. Tem bruxas e outras coisas que nem sei atrás de mim. Descobri que meu melhor amigo é metade demônio. Conheci uma guardiã, muito linda por sinal. Ganhei uma espada foda que vira uma pulseira, e tô falando contigo sobre isso de boa, como se eu estivesse falando de um final de semana, por que tenho uma marca e ela me faz perder todas emoções que me deixam fraco, e medo, insegurança e por aí vai , são elas. - Mandei isso, e antes que ela lesse, apaguei. Eu tava precisando desabafar com alguém, mas ela ia me achar louco.
- O que você apagou? Eu queria ler.
- Eu tinha dito que era puberdade. Sabe, espinhas na cara, hormônios no talo. Digo, tem horas que o meninão aqui perde o controle e sobe quando quer.
- Informação de mais Jonas. Mas eu te amo. Em que posso ajudar?
- Sei lá. Só estava precisando desabafar um pouco.
- Aí bobinho. Te amo.

Essa breve conversa foi o suficiente pra decidir que eu precisava falar com o Pedro, e treinar pra ficar forte e passar no teste.

- Pedro, cara. Vem aqui em casa preciso da sua ajuda. Me liga quando puder.

Depois que mandei essa mensagem, não demorou nem cinco minutos e ele estava em casa.

Pedi ajuda pra entender a parte dos dons do livro:

- Preciso de ajuda pra liberar os dons.
- Então aceitou seu destino?
- Até o dia do teste? Completamente.
- Maravilha! Esse é o Jonas que eu conheço.
- Mas eae, você sabe o tipo que minha marca é?
- Bom, teremos que viajar até o sul da Ásia, pra falar com uma sacerdotisa que talvez, só talvez saiba qual o tipo da sua marca.
- Sério?
- Não, tô zuando. É uma marca do vento. O que você pode liberar com ela é...
- É o dom Aer.
- Fez a lição de casa. Bem, para o dom poder surgir em você, é necessário que haja um sacrifício de alguém que ama.
- Alguém que amo vai ter que morrer?
- Não necessariamente, pode ser uma ação ou coisa assim. O importante é que você sofra, e tem que ser amor cego.
- Não faço ideia de como fazer isso. Hora de desistir.
- Fácil assim?
- Claro. Não é algo possível, e eu não posso ter as outras marcas.
- Eu nunca disse que não tinha como.
- Espera, que?
- O livro não conta que um Autrus pode ter mais que uma marca?
- Não. Como?
- Se você comer o olho de outro Autrus, a transferência é possível.
- Credo, nem vem.
- Haha, relaxa. Você só precisa dos restos mortais de um Autrus que tenha o tipo da marca que você queira, e fazer um feitiço de transferência.
- E o último foi Hitler?
- Sim.
- O que morreu na Alemanha em quarenta e cinco?
- Todos pensam isso, mas não. Ele fugiu pra Argentina, e morreu em noventa e dois, e morreu pra uma bruxa, a mesma que tentou te matar.
- Então é só ir até a Argentina, e pegar os restos mortais dele?
- Em teoria sim.
- Maravilha.
- Jonas, escuta. Não sei se a Liriel falou alguma coisa, mas você vai correr grande risco a partir de agora, e todos que estão a sua volta também.
- Mas eu quero proteger minha mãe, minha família.
- Tem uma opção.
- Qual? Faço qualquer coisa?
- Existe um campo de treinamento pra guardiões. Você pode ficar lá.
- Isso, eu treino e deixo minha família protegida.
- Então vamos?
- Sim, mas agora?
- Quanto antes melhor.
- Só vou conversar muito com minha mãe e depois a gente vai.
- Se tudo der certo, e vai. Daqui cinco dias você estará de volta em segurança.
- Tudo que mais quero, além de tudo, vou conhecer minha...
- Não fala aquilo...
- Amada!
- Ele disse.

Depois de conversar muito com minha mãe, e a convencer, era hora de ir pro campo de treinamento dos guardiões, e me preparar pra tudo. Já que faltavam poucos dias, pra mim ia ser um tipo de colônia de férias. Na verdade eu pensava que seria, mas estava completamente enganado.

Continua...

Autrus: Zerando A VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora