As pontas do relógio em meu pulso batia 11:00 horas da manhã, horário que em todos os sábados eu estaria em uma das ruas movimentadas do centro da cidade, correndo apressada contra o tempo para que não chegasse atrasada para mais um dos compromissos aos sábados, só que, dessa vez não. Dessa vez não corri entre os carros, não pulei os degraus da enorme escada da praça para ir mais rápido, dessa vez não me importei com o tempo e nem com o relógio barulhento em meu braço.
As obrigações que devia cumprir por ordens da minha mãe e padrasto estava se tornando a minha rotina. Vivia como uma folha seca, por onde a brisa forte e fria passava eu ia com ela. Me levava para rumos e lugares em que não era da minha vontade, mas a minha opinião e vontades não fazia alguma diferença para os meus responsáveis.
Essa rotina estava me cansando de viver
Rotina.Substantivo feminino.
1.caminho utilizado normalmente; itinerário habitual; rotineira.
2.fig. hábito de fazer algo sempre do mesmo modo, mecanicamente; rotineira.Assim que sai do jardim terapêutico coloquei os fones e deixei com que a música Too good at Goodbye fizesse o estrago emocional que sempre causava em mim quando a voz firme e suave do cantor passava pelo fio do aparelho e ia direto para minha alma.
Letra da música (Too good at Goodbye)
[...]"Eu sou bom até demais em despedidas
(Eu sou bom até demais em despedidas)
Eu sou bom até demais em despedidas
(Eu sou bom até demais em despedidas)Você não vai me ver chorar, de jeito nenhum
(Você não vai me ver chorar, de jeito nenhum)
Eu sou bom até demais em despedidas
(Eu sou bom até demais em despedidas)"[...]A letra da música me fazia pensar em um dia terrível, um dia que estava bem próximo de acontecer.
Minha mãe com seu conjunto de saia e blazer preto, salto cinza fosco e um cachecol, roupas que não usava com quase nenhuma frequência. Levantei a cabeça da onde estava deitada e vi todos que estavam presente vestia preto, os rostos inchados e vermelhos de tanto chorar. Olhei para minhas pernas e nos meus pés calçava uma sapatilha preta e um vestido lilás, vestimenta que tinha escolhido para quando fosse meu enterro.
Era o meu funeral.As lágrimas brotaram em meus olhos e fui obrigada pela minha mente trocar de música. Eu não sou tão boa assim em despedidas.
O sinal estava aberto e todas as pessoas passavam por mim sem se quer olhar em meu rosto, alguns no celular conversando sobre algo importante o suficiente para não olhar para onde estava indo e outros reclamando sobre a noticia do dia. Todos ocupados o suficiente para olhar uma simples garota parada na rua. Me sentir invisível se tornava muito comum.
Em menos de segundos estava no chão, caída na faixa de pedestres, havia sido tão rápido que não meu estímulos não teve uma reação imediata.
-Me desculpe moça, não estava olhando para frente. – Uma voz grossa e firme pronunciava palavras que não conseguia entender de imediato. – Está bem? Precisa de ajuda?
Imensos olhos cinza azulado me encarava preocupados, o homem a minha frente estendia a mão para me ajudar a ficar em pé. O sinal estava preste a fechar quando sinto aquelas mãos grandes me levantado com força e rapidez para a calçada mais próxima para que não atrapalhasse o caminho paras os carros passarem ou para não morrermos atropelados.
-Moça preciso ir, estou com pressa. Me desculpe por ter á derrubado. Se cuida.
E foi embora.
Aqueles olhos penetraram em minha mente. A diferente cor dos seus olhos me fez esquecer o resto, até mesmo de ver como ele era. Seu rosto virou uma embaçada lembrança, e a imagem de seus olhos impregnou em minha cabeça. Agora ele era apenas mais um personagem da minha imaginação fértil, algo que viraria personagem principal em alguma das historias que escrevia, algo que não passaria de um fruto da minha imaginação, algo sem nexo e sem noção nenhuma.
Chamaria ele de qual nome? Como seria seu jeito? Seu cheiro? E até mesmo como ele se tornaria um dos meus personagens favoritos.
Não tinha que me preocupar com outras coisas ele seria apenas uma historia.
Pensei e pensei e em poucos minutos já havia chegado ao psicólogo.
-Atrasada? Como isso é possível? Sua mãe deixou a preciosa princesa chegar atrasada?- Dra. Macedo dizia ao me ver entrando em sua sala.
-Ironia logo cedo? A princesa aqui estava ocupada. –Sentei na poltrona e tentei relaxar.
-Algo que queira conversar hoje? Deixe me adivinhar, nada.
-Acertou. –Tentei um sorriso.
-Percebo que pelo seu comportamento é meio obvio que você odeia mais esse lugar do que assistir os pássaros pó três dias seguidos. –Disse se sentando ao meu lado.
-Prossiga. – Estava interessada no que ia propor.
-Que tal uma lista? Te tudo que quer fazer, dos medos, das lembranças. Liste tudo o que quiser.
-Uma lista? Uma lista vai me fazer gostar da vida?
-É uma lista não um milagre. Talvez cure as feridas que a vida te impõe em você. Se livre de tudo o que é mau, se prenda com verdadeiras razões para viver.
Lista de desejos, dos meus desejos. Ass: Lívia.
-Mudar de vida;
-Ajudar crianças órfãs;
-Ressuscitar Freddie Mercury e assistir ao ultimo show de Queen;
-Encontrar um grande amor;
-Viajar;
-Me curar do Lúpos ou ao menos o esquecer;
-Comer manga com leite e não morrer;
-Antes do mundo acabar, todos, absolutamente todos, encontraram um verdadeiro amor, algo que ame e que seja feliz, nem que seja por algumas milésimos de segundos.
Obs: prometo realizar alguns desejos dessa lista. S2.
Espero que gostem. Bjjs