A NOITE AINDA não havia descido quando um garoto de cabelos loiros se sentou nas cadeiras brancas da varanda de seu quarto. Jisung Park não era de ficar ali; ia apenas para pensar, chorar ou beber café. Apesar de passar metade do seu tempo estudando ou assistindo uma série na Netflix.
Olhando para o condomínio em que vivia, pensou no quanto seus momentos acordado eram monótonos. Ainda que tivesse seus 15 anos de idade, já sabia bem que não pertencia à aquele lugar. Parecia que todos achavam que Jisung iria seguir a carreira de um dos pais. Mas, quem o conhecesse bem - no caso, ninguém - saberia que contabilidade e medicina não eram pra ele.
Ele queria estudar música. Queria se conectar com o mundo musical, poder fazer suas próprias composições e cantá-las para uma plateia. Não era de falar - sempre fizera o tipo 'caladão' na escola, por isso não tinha tantos amigos. Tinha admiradores e colegas, não amigos.
Para Jisung, naquele lugar não haviam amigos. Pois todos de repente forçavam sorrisos, fingiam amores e iludiam todos. Começou a pensar se o mundo não era assim - cheio de gente egoísta, que acha que o sentimento alheio é besteira e que não merecem a devida atenção, apenas o deles.
Ele costumava observar as pessoas que julgava serem verdadeiras. Não falava com elas, mas sabia o nome e tudo de cada um. Como o garoto Zhong, que era escandaloso e desorganizado em sala de aula, o que fazia o Park usar tampões de ouvido. Conseguiu notar que quando seus amigos estavam tristes, este era o primeiro a aparecer para conversar.
Jisung queria um amigo assim, para segurar suas mãos enquanto ele chorava, por conta dos ataques de pânico que tinha regularmente em classe. Ele tinha de ir para a enfermaria sozinho, - sempre sozinho. - já que não tinha muitos amigos para o ajudar. Sempre fora assim, não era surpresa que se repetira esta tarde, motivo pelo qual era 05:21 PM e o garoto não estava na escola.
Poucos minutos depois, observou o grupo dos seis amigos, imaginando quando iria conseguir uma amizade tão verdadeira quanto, mas sabia que estava fixo - seria o esquecido, até se formar. - para ser sozinho. Eles passaram pela varanda de Jisung, todos eles com um sorriso animado no semblante deles. Jisung observou atentamente todos eles, sabendo que eles não iriam notar o garoto ali.
Porém, um garoto olhou. Seu sorriso se tornou um semblante preocupado, o que fez Jisung levantar a xícara de café para ele, como se oferecesse pra ele. Havia aprendido a ser educado, de modo que levantava o mindinho ao beber chá ou qualquer líquido colocado em uma xícara. O garoto voltou a sorrir, olhando fixamente para o Park, que não reconheceu de imediato - talvez fosse a tintura.
Ele se virou para os amigos e disse algumas coisas. Então os amigos seguiram sem ele, continuando a rir, mas se perguntando o que Mark Lee faria na frente da casa do Park de apenas quinze anos.
Eles se encararam por um tempo. E então Jisung o convidou para entrar.
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Mark entrou na casa pedindo por licenças educadamente. A sra. Park pareceu animada por finalmente conhecer um amigo do filho, - mesmo que eles sequer soubessem o nome um do outro. - o que fez o garoto se sentir triste. Pelo garoto que sequer conhecia.
Havia o visto certa vez na sala de aula do décimo ano. Estava com um abafador de ouvido preto enquanto Chenle, seu melhor amigo discutia com o professor. Nunca viu ele passar do intervalo. Diziam que ele havia sido internado, que era louco, mas os diretores disseram que era mentira. Ninguém acreditou, enfim.
Diferente dos outros, Mark se importava com o garoto. Sabia que ele tinha problemas de auto-estima e ataques de pânico constantes que quase sempre chegavam ao extremo. Descobriu isso ao ouvir o diretor conversando com os professores enquanto ele ia para a biblioteca.
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paradise; marksung.
ФанфикNoites em claro estudando para provas, casamentos abusivos e atmosfera ruim, fora tudo o que proporcionaram para Mark e Jisung e tudo o que eles precisavam esquecer. Quando entraram em um ônibus quase meia noite, em direção à cidade que se encontra...