Depois daquele papel eu não sabia o que sentir. Foi a coisa mais romântica que eu já li e era sobre mim. Não era sobre a saudade, sobre a adolescência e nem só sobre o amor, era sobre mim e ninguém, nem eu mesma, nunca havia me decifrado daquela forma. E tinha sido escrito por ele, um menino ativo, extremamente engraçado, amigo, leal, generoso, mas sem um único indício de ser um poeta. Isso me fez pensar e entender que nossos laços não eram apenas um lance de adolescência. Chegou a hora de aceitar que meu melhor amigo era meu namorado e era ele que eu queria pra vida toda.
- {Toc, toc!} Do you copy?
Abri a porta e o puxei pelo braço, colocando a cabeça pra fora a procurar os outros dois.
- Ué... Cadê eles?
- Não vieram... estão cansados e... eu não falei que vc estava aqui, disse que tinha ido jantar no refeitório do hotel.
- Pq? – disse meio brava até...
- Queria ficar com vc um pouco, só eu e vc, sabe... não temos muitos momentos pra curtir a companhia um do outro... depois chamamos ele, pode ser?
Acenei positivamente com a cabeça enquanto ele se deitava no meu colo, olhos cansados, expressão serena, quieto, apenas sorrindo levemente... isso era novo pra mim, estava acostumada com aquele sorriso largo, expressão de riso e sempre super ativo.
- Eu... estou aqui tem um tempo e... li isso meio que sem querer, achei que era um desenho e acabei abrindo...
Ele virou a cabeça deitada nas minhas pernas pra cima e me encarou por um segundo.
- Xereta... – riu – Eu não ia te entregar isso... não é bom o bastante...
Eu dei um beijo breve em sua boca e disse com lágrimas nos olhos:
- Ninguém nunca me definiu de forma tão linda, tão generosa...
- Essa é você pra mim, eu escrevo às vezes sobre você para que sua imagem venha mais clara nos meus pensamentos. Não é nada demais. Você é... vc é tudo...
Ele se levantou e segurou com as duas mãos no meu rosto, como se fosse me beijar:
- Estou com fome, vamos pedir alguma coisa para jantar? – E lambeu minha bochecha como um cachorro – Sou romântico às vezes, vc faz isso comigo, mas ainda sou mala, chato e faminto!
- Vamos. O que quer comer? Comida brasileira?
- Nada que me faça ter dor de barriga, amanhã tem show! Quis comer feijoada no almoço e papai disse que eu poderia ter dor de barriga!
- Agora é tarde pra feijoada hehehehe... Vou pedir uma comida mais leve, vc vai gostar!
Comemos, vimos um filme que eu levei pra assistir no Hotel: Matrix (éramos viciados), comemos todos os brigadeiros que eu levei para a família Hanson (inclusive os embalados pra viagem), e no fim nem chamamos os meninos para o quarto.
Era muito legal passar um tempo com ele. Era inocente, amistoso e engraçado.
O jeito como ele ria alto e abafava a risada no travesseiro, as bobagens da idade, nossas 'nerdices' ... tudo era especial e simples, leve... Esse foi o nosso primeiro encontro como namoradinhos e mais parecia um acampamento na casa do meu melhor amigo. Não víamos o mundo ao redor...
Vesti as roupas dele, uma cueca e uma camiseta e nos abraçamos enquanto assistíamos a MTV Brasil. Adormeci com ele ao meu lado, acariciando meus cabelos e dando risada dos 'piores clipes do mundo'.
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Viagem à Oklahoma II - Our Own Sweet Time
Teen FictionUm amor à distância se concretiza entre dois pré adolescentes determinados a fazer dar certo e a amizade se fortalece mediante à vida conturbada ... e nada, nem a distância e nem ninguém no mundo poderá segurar esses jovens! Essa é a segunda parte...