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Eu sempre deixo o Tobias na porta da escola, mas não saio do carro, porém, hoje, por questões de precaução, para minha consciência ficar menos pesada, eu saio do carro e o acompanho até o portão, antes de soltar sua mão, dou lhe um beijo na testa me despedindo e desejando-lhe um bom dia e uma boa aula.

Observo ele se juntar com seus amiguinhos e juntos caminharem até a sala. Só quando ele entra a sala que eu me viro e caminho até o carro. Sentada no banco do mesmo eu fecho a porta e coloco a chave na ignição, mas antes de girá-la, ouço batidas no vidro do carro ao meu lado, que estava fechado. Abrindo o vidro, eu vejo uma criança, ela me entrega uma bolinha de papel amassado.

Eu pego sem entender absolutamente nada do que está acontecendo, e abro-a, vendo que há alguma coisa escrita lá dentro:

"Eu não gosto muito da polícia, prefiro que minhas vítimas passem por toda a experiencia que eu as proporcionarei, sozinha. A escolha é sua, se quiser morrer, avise a polícia".

"Quem te deu isso?!" Pergunto ao menino que ainda estava do lado do carro " Quem deu isso pra você?! Responda!"

O menino não diz nada, apenas vira e vai embora para dentro da escola junto com as outras crianças. Desço do carro na mesma hora, fico em pé, olho á minha volta, há dezenas de crianças acompanhadas por seus pais, se o criminoso está aqui agora, com certeza será impossível de encontra-lo.

Entro dentro do carro novamente. Há apenas algumas palavras ecoando na minha cabeça agora: "Mantenha a calma Alice, mantenha a calma". Se ele pensa que eu não vou avisar a polícia, está muito enganado.

Isso não é um filme, onde os ameaçados fazem tudo o que o ameaçador manda, onde a vítima, que sou eu, sofre em todas as situações. Eu preciso encontrar alguma forma de avisar meu companheiros na delegacia ainda hoje, sobre o que está acontecendo comigo desde hoje de manhã.

Já foram duas ameaças só hoje, ele deve estar me seguindo por um bom tempo para saber minha rotina diária. Ou então ele deve ter grampeado meu telefone celular para  ter acesso a minha agenda virtual. Também há a possibilidade de ele ter colocado um gravador de voz na minha roupa, ou até na minha bolsa, assim ele consegue ouvir tudo o que eu digo através do dispositivo.

Por via das dúvidas, eu pego minha bolsa e tiro tudo o que tem dentro dela, espalhando tudo pelo banco de passageiro, procuro entre as coisas mas não encontro nada. Resolvo procurar dentro da bolsa vazia, e encontro, na parde de dentro da bolsa, um dispositivo, preso no tecido da bolsa.

Não posso quebrar o dispositivo e nem desligar meu celular, pois ele perceberia, além disso, eu posso usar ambos ao meu favor.

Então, eu não posso falar nada para o pessoal da delegacia, pois senão ele vai ouvir através do gravador, também não posso ligar e nem mandar mensagem para ninguém avisando sobre o que está acontecendo comigo, pois ele saberá também. Preciso encontrar alguma brecha dentro de toda essa emboscada que ela está criando em minha volta.

Eu guardo tudo dentro da bolsa de novo, e ligo o carro, afinal, o trabalho me chama. Deve haver alguma forma de informar os meus amigos sobre tudo isso, e eu vou encontra-la, eu sei que vou. Preciso acabar com tudo isso rápido, pois eu tenho medo, não por mim, mas pelo meu filho, não só a minha vida está correndo perigo, mas a dele também, e a vida dele é muito importante para mim, é mais importante que a minha própria vida.

De qualquer maneira, eu tenho uma ideia, não tenho certeza se vai dar certo, mas não tenho outra opção a não ser arriscar faze-la. Rasgo um pedaço qualquer de papel e escrevo o seguinte:

"Cooper, preciso da sua ajuda, estou sendo ameaçada por um psicopata, ele grampeou meu telefone e colocou um gravador de voz na minha bolsa."

Depois amasso o papel e faço uma bolinha, isso deve servir, ele nunca vai descobrir que eu mandei um bilhete para alguém.

Cooper é o nome do meu parceiro de trabalho, ele é como o meu braço direito, além de ser um policial muito habilidoso e inteligente, se tem alguém que pode me ajudar esse alguém é Cooper.

Não posso deixar que todas as pessoas da delegacia descubram sobre isso, pois nós não podemos descartar a suspeita de que o ameaçador possa ser um dos policiais que eu trabalho junto.

Se assim for, temos que ser bem discretos e pensar cuidadosamente antes de tomar qualquer decisão, afinal, não só a minha vida mas a do meu filho também estão correndo um enorme risco.

Entre A Vida E A Morte - Volume 2Onde histórias criam vida. Descubra agora