Junho - The End

248 19 2
                                    

Em junho a tempestade apareceu, e levou tudo o que julgou não ser necessário.

É, meu relacionamento com Justin foi por água abaixo em junho. Começou rápido e terminou mais rápido ainda, eu sei. Apesar de tudo, junho foi um mês de aprendizado, de superação. Eu precisei de junho para que em julho eu entendesse que eu tinha uma vida inteira para viver.

Tudo começou com uma festa que Kendall me convidou.

Ken: vou dar uma festa hj, vamos?

Eu nunca fui de ir em festas, mas parecia ser a coisa certa a fazer naquele momento. Então, eu aceitei. Ele estava em Los Angeles, eu mandei uma mensagem avisando e ele respondeu com um "ok." Eu pensei que não teria problemas, se ele se sentisse mal com esse fato ele avisaria, certo? Não. Ele se sentiu mal e decidiu omitir, decidiu dar o "troco" e fazer o mesmo que eu — ou pior.

Enfim, eu me arrumei e fui para a festa. Coloquei um vestido preto básico, uma maquiagem dourada e um salto preto. Bebi, dancei, cantei... foi uma noite agradável com as minhas amigas. Qual é, eu só tinha 18 anos na época, é claro que eu sempre iria querer aproveitar e eu sempre fui da opinião que um relacionamento é baseado na confiança. Eu confiava nele, mas parecia que ele não confiava em mim.

Não fiz nada de errado a noite toda. Talvez tomei alguns copos de vodka a mais, mas não foi um problema. Kendall me levou para o seu apartamento e antes de dormimos conversamos por duas horas. Ela me contou que estava conhecendo um cara e que poderia se considerar apaixonada, eu fiquei muito feliz por ela. Eu contei que meu relacionamento estava maravilhoso, e que Justin era incrível. Mas, no meio de tudo isso, ele me liga.

"Sua filha da puta, eu pensei que você me amava! Mas eu sabia que você só estava me usando para ganhar fama, para fazer a sua carreira de merda alavancar. Eu te odeio! E fique você sabendo que eu te trai, transei com 3 putas e não me arrependo. Eu odeio você."

Lembrar disso não dói como antes, mas ainda me dá uma sensação ruim. Como ele poderia me acusar de todas aquelas coisas? Em nenhum momento eu estive com ele por interesse.

Eu tremia e chorava. Eu estava com raiva, ódio; mas acima de tudo eu estava triste. Nunca esperei que ele fosse fazer/falar algo desse tipo. Eu queria chorar até esquecer, queria que fosse apenas um sonho ruim.

Kendall me acalmou, falou que era no outro dia que eu teria que resolver aquilo. E foi o que eu fiz.

No outro dia eu acordei e esperei em torno de uma hora para criar coragem para ligar para ele. Mas, eu não iria me humilhar, ele havia me traído; e isso não tinha perdão. Traição sempre foi algo que eu abominei, e ele sempre soube disso.

Chamou uma, duas, três e na quarta ele me atendeu.

"Alô?"

"A ressaca ta muito grande ou você consegue manter uma conversa civilizada?"

Eu não queria demonstrar fraqueza, por mais difícil que fosse.

"Hailey? Meu Deus, o que foi que eu fiz? Eu não lembro de nada."

Um riso ácido escapou da minha boca.

"Oh, você não lembra? Deixa que eu refresco a sua memória. Além de me chamar de filha da puta, você falou que transou com três puta e que me odiava."

"Agora me diz o por quê disso, Justin? O que eu fiz para você?"

As lágrimas já estavam caindo.

"Hailey, eu não sei, eu não lembro de nada."

"Acho bom você lembrar, porque sinceramente? Eu to com nojo de você."

Eu desliguei a ligação e chorei mais. Eu só queria entender em que momento eu havia falhado, parecia que alguma informação faltava. Eu o amava, mas naquele momento eu estava disposta a deixa-lo.

Horas depois eu acordo com a campainha tocando. Eu havia dormido no sofá, até conseguia sentir o cansaço.

Abro a porta e dou de cara com ele.

Eu quis fecha-la no mesmo momento, mas sabia que nós precisávamos de uma conversa. Dei espaço para que ele entrasse, e naquele momento eu senti um deja vu. Eu queria beija-lo, mas não podia. Por que ele havia feito tudo aquilo?

Por que?

"Lembrou?" foi a primeira coisa que saiu da minha boca. Ele apenas assentiu com a cabeça. Foi ai que eu fiquei preocupada, ele parecia com raiva.

"Lembrei. Eu estava no estúdio quando recebi a sua mensagem, eu respondi; mas eu confesso que não queria que você saísse." Eu quis interromper, mas ele não deixou. "Mas eu não sou seu dono, você tinha direito de se divertir com as suas amigas. Então eu fui para a casa, e recebi uma mensagem do Alfredo. Na mensagem havia uma foto sua na boate, ele recebeu de alguém que eu não faço ideia de quem seja."

Até ai estava tudo bem, eu pensei. Eu não tinha visto o problema.

"Na foto você conversava com um homem."

Na hora tudo o que se passava na minha cabeça era "mas que porra?" Eu sempre soube que eu não havia feito nada errado.

"Então, eu surtei. Sai com ele para uma boate qualquer, fiquei extremamente bêbado e realmente transei com três putas." As minhas lágrimas desceram descontroladamente nessa hora.

Eu estava com raiva. Eu estava conversando com um cara, não enfiando a minha língua na boca dele. E aliás, o único homem que eu havia "conversado" fora um que eu fiz questão de dar um fora.

"Mas agora eu sei que não tinha nada demais na foto. Hoje eu achei as outras, e vi você dispensando o cara." Mas agora não fazia diferença, né? Porque ele havia me traído, e isso não era aceitável.

"Olha, Justin, relacionamentos são baseados em conversas e em muita confiança. Se não quisesse que eu fosse na boate era só ter me falado. Se viu a foto era só ter me ligado e pedido uma explicação. Agora, sair transando com a primeira que aparecer só para esquecer e se sentir melhor? Oh, que bela maturidade que você tem."

"Eu não posso continuar com isso, com nós." Foi difícil dizer, mas foi necessário.

"Você pode pelo menos desculpar?" O perdão sempre será algo difícil, naquele momento eu não conseguia perdoa-lo.

E foi por isso que eu contei toda a nossa breve história aqui. Eu precisava perdoa-lo em algum momento. E agora, um ano depois, eu sinto que já perdoei a muito tempo. Ainda dói, mas ainda tenho lembranças boas para compensar.

Agora eu posso seguir em paz, agora eu posso ser capaz de amar alguém sem esse medo bobo de que a pessoa irá me machucar só porque ele fez. Todo mundo precisa entender que na vida o que não dá certo vira aprendizado. E eu aprendi muito com Justin, afinal, ele foi apenas o meu primeiro. E sei que terá o segundo, o terceiro e quem sabe o quarto?

Mas, mentiras bonitas cansam. Promessas falsas cansam. Relacionamentos precisam de renovação e não de desgaste.

"Eu espero que você seja feliz, Justin. E que aprenda que palavras bonitas compra garotas, mas quando essas palavras são mentiras, elas destroem garotas. Então, por favor, não magoe a próxima."

Essas foram as minhas últimas palavras ditas para ele.

"Obrigado. Por esse breve tempo juntos. Você é incrível e merece alguém que te valorize."

Todo começo tem um fim. E o nosso foi esse.

Hoje em dia eu sei que Justin está solteiro — não é difícil saber o que um popstar está fazendo —, mas me parece bem. Eu realmente espero que esteja.

E eu? Bom, eu estou me apaixonando de novo. Aos poucos. Não quero correr com nada, a pressa pode ser a nossa maior inimiga.

Finalmente eu me sinto sem as amarras do amor; agora eu estou livre para um amor e para uma vida tranquila. O que temos de mais precioso nessa vida são as nossas experiências. Então, não se contente com um amor, com uma viagem, com uma música ou com uma cor de cabelo. Procure sempre mais, procure o que te faz feliz; nem que para isso você precise sofrer antes.

Sofrer faz parte.

E se depois do sol vem a tempestade, depois da tempestade também vem o sol.

Pretty LiesOnde histórias criam vida. Descubra agora