Abril - Yes?

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Como de costume, ele veio até mim e criou desculpas. Por que o ser humano é tão bom em criar desculpas e em acreditar nelas? No caso, ele criara as desculpas e eu acreditara.

Abril, jamais ficará no esquecimento.

Ele apareceu na minha casa, na mesma noite. Fora Kendall quem atendeu a porta e ela deu um tapa em sua face que até eu me assustei. Mas, qual é, ele mereceu.

"Podemos conversar?" Como eu iria negar o pedido daquela íris dourada? Eu não neguei, e nem queria. "Claro.", Kendall nos deixou e foi a primeira vez que o clima ficou estranho entre nós. Ele coçou a nuca, abriu a boca e fechou várias vezes.

Fui obrigada a começar um diálogo.

"Você está bem?" Ele ergue o olhar e abriu um meio sorriso. Ele estava inteiro de preto, apenas seu relógio dourado conseguia se destacar. Estava lindo, aliás.

"Estou, e você?" A pergunta fora feita com cuidado. Ele estava com medo da resposta? É, estava sim. Fui apenas sutil e respondi um simples "Sim." E ele começou o verdadeiro diálogo.

"Eu sumi, você pode me odiar por isso e me odiar mais ainda por não ter atendido as suas ligações e ter aparecido com outra mulher." Ainda lembro da longa pausa que ele fez... se ele estivesse fingindo tudo aquilo, ele era um bom ator. Mas, ele estava?

"Eu não te odeio, Justin."

"Você não ficou chateada?" Sabe quando a sua cabeça começa a dar loopings ininterruptos? A minha estava assim.

"Você ficaria? Olha, Justin, eu não estou entendo o seu ponto. Pareceu que você só quis transar comigo? Pareceu. Mas nós não temos nada, nunca nem conversamos sobre compromisso. Eu fui uma tola por ter me entregado, e até doeu, mas é melhor cortar pela raiz agora; enquanto ela está pequena... do que esperar ela crescer e a dor ser pior."

Seu olhos estavam arregalados. É, a verdade sempre foi a minha aliada. Eu odiava enrolar, apenas falava o que tinha que falar.

Então ele quis me explicar tudo o que havia acontecido. Não foi nada plausível, ou um real motivo... mas, eu cedi. É claro que cederia. Palavras bonitas me compravam quando se tratava dele.

"Me desculpa por ter feito isso. Eu prometo que nunca mais irá se repetir."

Ah, as promessas.

"Nunca foi por sua causa, eu fiz tudo isso por que sou fraco... me deixei levar pela minha agenda atolada em Los Angeles e sai com aquela mulher. Mas, a minha cabeça só estava em você"

Eu achei aquilo fofo... mas quem fica com uma mulher pensando em outra? No dia eu não tinha levado em conta, mas era ridículo.

Então, veio a pior parte — que eu achei ser a melhor no dia.

"Eu quero construir algo com você."

Eu lembro de ter gelado, dos pés à cabeça.

"Eu quero estar com você. Eu não sei ficar mais sem você."

"Se permita construir isso, construir um nós. Eu quero, só basta você querer."

Qual a chance de duas pessoas que se conheceram há 2 meses terem um relacionamento? Sinceramente, hoje eu acho uma loucura. Mas eu me joguei. Meu coração estava palpitando tão forte que eu demorei um bocado para responde-lo.

"Isso quer dizer que você quer..."

"Quer namorar comigo?"

Oh, isso sempre soaria chocante. Talvez meus pais fossem me matar, Kendall fosse me matar. Mas o meu "fode-se" estava ligado, eu queria aquilo. Queria fazer dar certo, me jogar no amor pela primeira vez.

Talvez tenha sido o maior erro da minha vida. Ou não. Eu não duvido que se não fosse ele, outro fizesse igual.

"Você tem certeza sobre isso, Justin?"

"Eu tenho e você?"

Ai eu já estava em seus braços dando um beijo intenso. Aquela era a minha resposta. Eu queria sim, e esperava que fosse incrível.

Parecia que o nosso corpo tinha o encaixe perfeito. Nossas respirações estavam sincronizadas e os nossos sorriso também. Parecíamos um casal feliz que não tinha como dar errado. Mas, as aparências sempre enganam.

"Eu quero te fazer muito feliz.", eu também quis muito isso. Quis fazê-lo feliz, doei tudo de mim e não foi o suficiente. Mas eu posso dizer uma coisa, ele conseguiu me fazer feliz... só que quebrou o meu coração também.

Quando eu estava do lado dele parecia que uma crise de ansiedade estava me atacando, mas não era. Era paixão; das mais bonitas e puras. Eu não conseguia me concentrar, seus lábios me chamavam e seu corpo quente era a minha perdição.

Depois do pedido de namoro, eu precisava contar para as pessoas — as mais próximas, claro — e eu já estava prevendo uma certa dor de cabeça por conta disso. Decido primeiro avisar Kendall.

Hailey: preciso falar c vc.

Kendall: fale bb.

Hailey: tô namorando.

Quando ela visualiza e não responde, mil coisas se passam pela minha cabeça. Uma chamada de vídeo aparece em meu celular e eu atendo.

— Você é maluca, Hailey? Como. assim. você tá namorando?

— É, ué. Justin me pediu em namoro e eu aceitei. — ela ia começar a falar mas eu a interrompo — Kendall, eu tenho medo... então, se você pudesse não me julgar eu agradeceria.

Ela respira fundo e concorda.

— Você tá feliz? — acho que o sorriso que eu dou logo em seguida diz muito.

Sabe, viver tudo aquilo foi intenso. Eu estava apaixonada, e superando medos pela primeira vez. Mas acho que no fundo eu sabia que iria acabar, pois sempre havia algo que me fazia lembrar que eu poderia e iria me magoar.

Touché.

Depois de contar para Kendall, eu contei para os meus pais e para a minha irmã. Eles apenas perguntaram se não estava indo muito rápido, e o que eu poderia dizer? Estava indo sim, mas eu apenas disse "Talvez, mas me parece certo." Então, meu pai respondeu simples e sutil "Sempre parece, querida."

E aquilo mexeu comigo, até hoje mexe. Sempre vai parecer certo quando estamos apaixonados. Sempre iremos conseguir visualizar um futuro perfeito com aquela pessoa do lado, com apenas alguns obstáculos que serão vencidos rapidamente. Apaixonados vivem um mundo paralelo, um mundo bom demais. E é por isso que depois dele eu nunca mais me permiti encarar uma paixão, eu gosto de manter os pés no chão e saber para qual caminho estou andando. Mas naquele momento eu apenas estava flutuando no amor.

E assim terminou abril. Com muito amor, com muitas promessas e mentiras bonitas.

Justin: dorme bem, vc é especial.

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