Fevereiro - O começo

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Nova York, fevereiro de 2014.

O mês já estava acabando, havia sido um mês de encontros.

Meu encontro com o meu primeiro terapeuta. Meu encontro com a minha nova agência de modelos, meu encontro com o cantor famoso.

Fevereiro de 2014 sempre será um mês memorável. Mas, tudo o que começa tem que acabar, e eu lembro perfeitamente como acabou aquele mês.

Eu tinha acabado de sair da IMG Models — minha mais nova agência — onde eu havia assinado um novo trabalho, eu iria modelar para Elie Saab, era uma grande oportunidade e eu estava imensamente feliz; então o meu telefone tocou de forma descompassada.

Era o meu mais novo melhor amigo falando que estava chegando em Nova York e que queria me ver.

"Oh, eu sei que você irá sofrer muito, mas só poderei te encontrar amanhã.", a ironia sempre foi um dos meus melhores recursos, e usar com ele era o meu divertimento favorito.

"O que é mais importante do que eu, Baldwin?"

"Ah, sabe como é, só o meu trabalho que paga as minhas contas", ainda lembro do ruído que ele soltou e lembro de como eu estava segurando a minha risada.

"Então se for assim... até amanhã.", a explosão de risadas veio no próximo segundo.

Eu estava brincando com ele, eu não tinha nada de melhor para fazer. E agora eu sei que mesmo se eu tivesse eu desmarcaria para poder vê-lo. Eu não sabia, mas algo forte estava crescendo.

"Eu daria tudo para ver sua cara agora. Eu posso sair com você hoje, Justin."

E a gente saiu, e esse dia é o meu segundo dia preferido de todos os dias que passamos juntos. Foi um dia singular, sem preocupações... foi especial.

Compramos sorvete, doces e pipoca; fomos para a minha casa e maratonamos How I Mer Your Mother pelo dia inteiro, seguidamente pela madrugada também; dando pausas apenas para conversar sobre a nossa vida, sobre o quanto queríamos ser amigos do Barney e sobre os nossos planos para o futuro.

Eu me lembro que um dos planos que ele compartilhara era o de ser pai, era — e é — incrível o quanto ele é apaixonado por crianças. Ele poderia cuidar de seus irmãos por um dia inteiro e não reclamaria uma vez sequer.

Ele me perguntou qual era o meu maior sonho, e eu não sabia o que responder. Naquela noite muitas vontade se passaram pela minha cabeça, mas a única que eu respondi foi a de me apaixonar. Bom, aí você já sabe o que aconteceu.

Mas, depois da minha confissão eu ainda consigo escutar as palavras proferidas por ele.

"Você é uma menina incrível, Hailey. Tenho certeza que ainda será muito amada.", eu sorri, na época era aquilo o que eu realmente esperava.

"Mas se apaixonar não é tão incrível assim.", e eu não entendera o porquê, mas hoje eu sei bem. Não é tão incrível porque dói, porque te leva do céu ao inferno — ou vice e versa —, altera a sua respiração e não te deixa nem dormir direito.  Há quem diga que se apaixonar faz você sentir-se vivo, mas para mim, hoje, se apaixonar pode te matar gradativamente um pouco.

É tudo uma questão de valer a pena.

Depois da nossa maratona de séries nós dormimos, e no dia seguinte ele foi embora. Eu me despedi como uma boa amiga que era, "Vai com Deus, e cuidado com a chuva que está por vir."

A chuva veio, mas naquele dia era indiferente para mim. Hoje, ela ainda me lembra dele.

E foi assim que fevereiro terminou, com uma bela chuva anunciando que os céus poderiam estar chorando de felicidade, ou de tristeza, bastava cada um escolher.

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