Uma parte

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Terça-feira. Uma lindíssima terça para correr e fazer um piquenique no bosque que eu tenho a vista da minha janela. Um bosque lindo, embora não vejo muitas pessoas lá, há várias lendas de cidade sobre esse bosque, não acredito nelas.
Acordo com o Bob deitado sobre os meus pés. Os tiro com delicadeza para não o acordar. Falhei na missão. Ele acordou e ficou me observando por uns 10 segundos até pular em cima de mim. Admiro os animais por isso, tão inocentes. Estão prontos a todo o instante para nos dar carinho e atenção.
- e o melhor, eles não pedem nada em troca.
Me levanto e sento na cama acariciando o Bob, que ficou muito feliz por sinal. Olho pela a janela e assustada com tamanha claridade, olho assustada para o despertador.

11:30 AM

- droga, como pude dormir tanto?
que bom que hoje a professora de espanhol está de recesso, não que eu fique feliz pelo o seu braço quebrado, mas, fico feliz com as minhas horas extras pra dormir.
Hoje é terça-feira, ainda tenho que enfrentar essa semana, e fazer isso não pode ser tão difícil assim... Só preciso sorrir e fingir que está tudo bem, não tem como dar errado.

Penso em tomar um banho. Vou até o banheiro do meu quarto, que não está em condições apresentáveis, e tomo uma ducha quente. Enquanto me enxugo, aproveito para olhar no espelho e me auto encorajar. Domino meu pensamento com mensagens positivas, nada pode dar errado, hoje o dia vai ser ótimo! Coloco minhas roupas, um short jeans e a primeira blusa que eu vi, amarrei o meu cabelo. Estou pronta pra mais um dia.

Desço as escadas de madeira da minha casa, a pintura na parece sempre me agradou, um tom de amarelo com umas texturas de flores, bem rústico, eu amo.
Senti o cheiro de café da manhã vindo da cozinha, talvez seja ovos mexidos e alguma coisa que eu não estou sabendo identificar, mas que parece ser delicioso. O cheiro me atrai até a cozinha, onde dou de cara com a minha mãe.

- Oi mãe, bom dia. - eu disse educadamente sem ligar pro horário avançado
- Bom dia só se for pra você, por que, pra mim já é tarde! - Exclamou enquanto colocava o que estava fazendo de café no prato de plástico.

Fiquei sem graça, mas, tentei continuar a tentar ter um bom diálogo com a minha mãe.

- Bom, o que temos para o café? - perguntei.

- O que eu fiz pra mim, foram ovos mexidos com bacon e orégano. Pra você, eu não sei. Faça seu próprio café, já está bem grandinha e pode se virar. - Ela falou indo em direção a sala de estar com o seu café na mão.

- " Tudo bem, então " - disse pra ela.

Será que nem um dia nessa casa eu posso ter paz com a minha mãe? Que mal eu fiz?
Não fiz nada para o café, ao invés disso, peguei o meu celular e liguei para a Chloe.

Aguardo uns 12 segundos até que ela finalmente me atende.

- Alô?

Uma voz que parece ser a da mãe da Bete atende ao celular.
Era só o que me faltava, não gostar dessa mulherzinha e ainda ter que lidar com ela no celular, é incrível como até a voz dela é irritante.

- Alô ?

- Senhora Cíntia?

- Sim, sou eu mesma. - A voz dela parecia diferente, um pouco desanimada talvez, mas... Acho que essa não é a palavra certa a se usar.

- Sou eu, Thana. Queria falar com a Chloe, ela está?

Houve um silêncio na ligação. Dessa vez, eu só ouvia ruídos, como se ela estivesse resfriada e puxando o escarro com o nariz, ou como se estivesse chorando.
isso me trazia angústia, já que ela parecia estar pensando no que falar ou que iria me xingar até não aguentar mais e pedir para que eu me afastasse de sua filha.

Esperei...

e finalmente ela quebrou o silêncio:

- Bete não aparece em casa desde domingo, pensei que ela estivesse com você.

- Que? Como assim? - Exclamei em voz alta.

- Olha Thana, desculpa, mas eu não estou bem e agora preciso procurar por minha filha, já que ela não está com você. Você é uma amiga e tanto, pois essa pergunta era pra ser feita por mim, e não por você. Obrigada por nada!

- Senhora Cínt.... - Ela desligou a ligação e nem deixou eu me expressar.
O nervosismo estava tomando conta de mim, onde minha melhor amiga se meteu?

_______%_________

Depois de ter falado com a Senhora Cíntia, comecei a ligar pros amigos da Chloe.
Não obtive resposta de nenhum deles.
Ninguém sabia onde ela estava.
Com isso tudo eu fui ficando cada vez mais nervosa, tomara que a Chloe não tenha entrado em alguma confusão.
Pego o meu celular que estava sobre a mesa, lugar que eu o deixei depois de todas as ligações, é envio a seguinte mensagem pra Chloe:

Olha, a sua mãe preocupada com você! (e eu também) Por favor, vê se dá as caras.

O visto por último dela foi ontem as 4 da manhã.
Me lembro que sábado a Chloe me ligou pra perguntar se eu queria ir na Bete. E é pra ela que eu vou ligar. Disco o número da Bete e aperto o botão pra ligar.... Nada.
Na terceira tentativa ligando, ela finalmente atende:

- Oi Thana!
- Cadê a Chloe? - pareci preocupada a falar isso tão alto.
- Ué, ela saiu com o Henrique no sábado, segundo o Henrique, ele ia apresentar o Nathan pra ela.
- O NATHAN? - gritei alto
- Qual o problema, Thana? - Bete parece assustada
- A Chloe não aparece desde domingo em casa!
- Ah, eles devem estar se...

Desliguei o celular na cara dela. Minha amiga tá praticamente desaparecida e ela nem parece se importar.

Nathan é encrenca, não acredito que a Chloe pôde se envolver com um merda desses. Além de usar tudo quanto é tipo de drogas e virar a noite bebendo, tem fama de pegador.
Já ouvi muitos boatos sobre esse garotinho. Tem um pai rico, e deve ser tão mimado que não sabe nem escovar os dentes sozinho. De bom nele só a aparência, por que a alma, pode jogar fora, se é que ele tem.

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