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O céu escuro se iluminava a cada raio que vinha cortando entre as nuvens tornando a noite sombria, logo em seguida o som, o som que ecoava por todos os cantos daquele prédio como se fosse um grito de socorro de arrepiar os cabelos de qualquer um menos de Jeff.
Estava sentado no sofá de frente a grande janela velha do hospital observando cada detalhe daquela maravilhosa paisagem. O vento soprava com força com raiva, as árvores se agonizavam tentavam ficar firmes no chão o que parecia quase impossível. As pequenas gotas de água caiam tão finas que mais pareciam neve, molhavam o asfalto rapidamente sem deixar uma beirada seca, algumas pessoas de vez em quando passavam de cabeça baixa mãos no bolso e capuz, pareciam com medo do escuro. Uma coruja em cima do poste assim como Jeff observava tudo com cuidado sempre atenta à qualquer movimento, sempre em alerta.
Aquela noite, aquela paisagem trazia as piores lembranças ao menino.
29 de Dezembro.
Foi exatamente numa noite assim que veio parar onde esta. Um ano no hospital central da cidade, um ano os policiais tentavam fazer-lhe contar o que mais queria esquecer mas era impossível, Jeff tinha demónios incontroláveis dentro de si, tinham uma cede insaciável, toda vez que ele tentava os controlar enlouquecia um pouco mais estava na hora de os deixar livre? Essa hora chegaria?
Jeff não tem medo de cobras, baratas, palhaços, não tem medo da morte, ele tem medo dos seus próprios demônios que o perturbava dia e noite gritando querendo estar no comando mas ele sabia que não podia deixar, uma única vez foi o bastante para destruir tudo aquilo que conheceu ou achava que conhecia. Nessa noite os gritos pareciam estar mais altos mais sofridos cheios de desespero, loucos.
Dormir não era uma opção, perdeu as contas de quantas vezes se deitou rolou pra lá e pra cá e o sono não veio apenas as lembranças junto com a dor, foi ensinado a infância inteira que chorar era errado, um sinal de fraqueza que ele nunca demonstraria porque fora criado para ser forte um vencedor, assim seu pai disse, então chorar também não era uma opção sua salvação foi a bela tempestade que se formava no céu pronta para cair com força e destruir tudo ao seu caminho aquilo o acalmava um pouco mas não o suficiente sabia que estava chegando perto o dia em que não daria mais para se controlar.
Aquela vontade extrema de ver o sofrimento de outra pessoa, o sangue escorrendo pela pele branca uma mistura prefeita de cores, o branco e o vermelho, tão lindo. O vício de ouvir o grito de desespero cada vez mais alto, mais bonito ainda, o prazer quanto prazer dava olhar nos olhos da vítima e ver o claro nervosismo e o pedido de socorro o medo. Os olhos cheios dágua já sem forças para lutar pedido a morte logo, Jeff sentia saudade de tudo isso, mas era errado. Por que? Pra ele era certo.
Com um suspiro o garoto um menino de 13 anos decidiu seguir o certo, o seu certo. Seria aquilo que seu pai o ensinou.
Jeff levantou da cadeira com a cabeça erguida, os azuis de seus olhos transbordavam mais insanidade que o normal a decisão era clara e quem estava no controle também. Os demônios.
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O Misterioso caso de Jeff
Misterio / SuspensoEssa é uma história sobre um menino de 13 anos que sofreu coisas horríveis, ao conhecer Aurora viver se torna mais suportável era o que pensava até dá de cara com seu passado novamente.