Rain kisses

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638 palavras | married!larry | fluffy

— Você sabe que essa não é uma boa ideia, não sabe? — sob o som alto do vento e dos trovões, a voz de Harry quase não era ouvida. Louis sabia o que ele estava falando, de qualquer forma, não precisando deduzir nenhuma palavra.

O céu estava carregado, cinza, coberto por nuvens escuras e raios que iluminavam os rostos das únicas pessoas fora de suas casas naquela noite.

— Vai ser rápido, eu prometo. Faremos e voltamos para casa no mesmo instante — Louis o consolou, sendo o mais claro possível, mas Harry também não precisava ouvir para compreender o que ele queria dizer. Seu marido era irredutível, afinal. A ameaça de um raio sobre a cabeça de ambos não era o suficiente para convencê-lo do contrário.

Os primeiros pingos começaram a cair, grossos, pesados e muito mais gelados do que Harry gostaria. Como se não estivesse sentindo nada além de uma fraca garoa, Louis abriu um largo sorriso mostrando toda sua excitação.

— Está pronto, Curly? — questionou com uma sobrancelha erguida, seu corpo se aproximando do maior e seus braços apoiando nos ombros alheios.

— Yeah, vamos acabar com isso logo, eu estou congelando — resmungou, rodeando a cintura do seu amante e colando devidamente ambos os corpos.

Louis fechou os olhos primeiro, os cabelos, já úmidos, colados na testa, bochechas e nariz corados pelo frio e cílios longos fazendo sombra nas maçãs saltadas do rosto simétrico.

Harry faria qualquer coisa por aquele homem. Ele faria, e Louis sabia disso.

Era por isso que os dois estavam no meio da rua, de madrugada, enfrentando desnecessariamente uma tempestade prevista pelos meteorológicos do canal à cabo desde o começo da semana.

Acontece que Louis nunca havia experimentado um beijo na chuva.

Nem Harry, é claro, mas ele não fazia tanta questão quanto o rapaz que formava um biquinho com os seus lábios e um vinco entre as sobrancelhas, concentrado à espera do beijo que parecia nunca vir.

O mais novo havia tentado de tudo desde que os primeiros relâmpagos assustaram os dois de seus sonhos, tentando convence-lo desde fazer isso durante o dia, até entrar no box do banheiro com roupa para dar a sensação de chuva. Mas Louis, com sua teimosia e determinação, não se convenceu, puxando Harry da cama e o arrastando até a porta de casa.

Olhando uma última vez para o céu e rezando para que aquela atitude impensada não lhes custasse uma pneumonia, Harry também fechou os olhos e escovou os lábios alheios, que sorriram tímidos ao sentir o toque ínfimo.

Louis relaxou em seus braços, abraçando seu pescoço com mais empenho e ficando na ponta dos pés. Os lábios foram entreabertos na intenção de intensificar o beijo, e quando as línguas se tocaram, aconteceu algo que, mesmo sendo rotineiro, Harry sabia que nunca se acostumaria.

Era só Louis. Sem a chuva, sem o escuro, sem o barulho dos trovões, do vento, sem nenhuma preocupação. Era só Louis, com os lábios finos que se encaixavam tão perfeitamente bem aos seus, com as mãos segurando a algumas mechas molhadas dos seus cabelos próximos à nuca. Era Louis roubando todo ar de seus pulmões e lhe devolvendo a vida ao mesmo tempo. Era só o Louis, o amando, o fazendo amar e se sentir a pessoa mais amada do mundo.

Quando os lábios se desconectaram, Harry uniu suas testas e sorriu, completamente encharcado, apaixonado, embriagado. Os olhos azuis surgiram por trás das pálpebras, brilhando e falando coisas que seus lábios com certeza diriam, se não estivessem presos pelos próprios caninos, num sorriso contido e realizado.

— Obrigado, Sol. Eu prometo que nunca mais vou te arrastar no meio da noite para realizar esses meus desejos estranhos.

E no fim, Harry tinha certeza de duas coisas; uma era que ele quem era grato. Por tudo. E, bem, ele também sabia que Louis estava mentindo.

Drabbles, droubbles and moreOnde histórias criam vida. Descubra agora