Capítulo 6 - Uma coisa é certa: Nada é pra sempre

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Sempre estaremos de braços abertos para algumas pessoas, não é mesmo? Mas porque algumas pessoas insistem em fechar não só os braços mais também a boca e o coração quando mais precisamos, ou simplesmente, vão embora sem ao menos dizer o porquê da partida?
Pessoas vem e pessoas vão, mas sempre teremos a certeza de que todas aquelas que foram deixaram a sua marca. Mesmo que essa pessoa fosse alguém que não contribuísse para a sua felicidade e nem para a sua tristeza. Só teremos a certeza de que algo ela vai deixar.
O amor-próprio é um tipo de amor que sempre devemos levar conosco. Às vezes usá-lo em excesso pode te trazer vários problemas, pois como falei em capítulos anteriores, não devemos descontar em pessoas que chegam, aquilo que nos foi causado por pessoas que se foram.
"Mas se algumas amizades vão, se alguns namoros acabam, por que não deixar que o amor-próprio se vá também?". Esse foi o lema que comecei a deixar na minha cabeça há 1 ano atrás. Conselhos nunca são demais, mas parece que para uma pessoa em sua plena juventude, conselhos servem apenas para um determinado momento. E mais uma vez a vida me deu uma lição.
A verdade é que sempre devemos dar chance para novos amores, novas amizades. Mas é essencial que sempre venhamos ter o nosso amor-próprio conosco.
***
Começo de férias sempre é algo maravilhoso, quem não gosta? Acho que todo mundo né? Dá uma saudade dos amigos, mas dá pra segurar um pouquinho.
Havia acabado de chegar em Brasília. Pela primeira vez tive a honra de visitar a capital do país em que nasci, o Brasil. Estava em pé há uns 5 minutos com as minhas malas, quando de repente olho duas pessoas conhecidas.
- Tia Vanessa, que saudade que eu estava de você!
- Junior, também estava com muita saudade de você. Carlos, você não vai falar com o seu primo não?
- Oi, tudo bem? Disse o Carlos.
O Carlos nunca foi tão amigável comigo, mas isso nunca fez a mínima diferença pra mim. Afinal, ninguém necessita de outra pessoa pra ser feliz. Na verdade, bem que eu necessitava do Leandro e da Clara pra ser feliz. Mas vamos dá um desconto né? Eles eram meus únicos amigos e sem eles eu não poderia ser uma pessoa alegre. Eu não falava isso pra eles, só pra mim parecer um pouco mais "durão". Mas não contem pra ninguém, tá?.
- Sim, tudo bem sim. E com você?
- Também.
- Vamos nos apressar, nós ainda temos um jantar pra ir mais tarde. Terminou a tia Vanessa, nos apressando para ir em direção ao táxi que nos aguardara para nos deixar em casa.
O Carlos nunca foi aquele PRIMÃO que você passa anos e anos longe e quando surge uma oportunidade, tá louco pra rever. Não é por aí não. Não é por aí mesmo. Ele é mais para aquele colega de turma que você conhece no primeiro dia de aula e não vai com a cara.
O Carlos tem a minha idade, 16 anos. Ele sempre arranja uma maneira de me deixar só, ou simplesmente entediado. Acho que ele nunca desconfiou que a minha vida só tornava-se entediada quando ele estava por perto.
Carlinhos, se você está lendo isso então saiba que o meu maior tédio sempre foi você! Obrigado por todas as vezes que você me deixou só. Isso foi espetacular "Primo".
- Você já está pronto ? Disse a minha tia ao abrir a porta do quarto em que eu estava.
- Sim, já estou pronto.
- Acho que o Junior não está afim de ir a esse jantar mamãe. Afinal, ele não conhece ninguém. Disse o Carlos ao invadir o quarto.
- Na verdade, eu estou super afim. Vou confessar que não estava com muita vontade de ir, mas pensei e cheguei a conclusão de que como eu vou passar vários dias aqui, então eu tenho que me enturmar com algumas pessoas.
- É verdade, concordo com você. Filho, aproveita e apresenta os seus amigos pro seu primo.
Nesse momento o Carlos saiu do quarto e falou algo que a tia Vanessa não escutou, mas eu escutei muito bem.
- Falou certo mamãe. São meus amigos e não desse daí.
As famílias do prédio em que a minha tia morava, sempre faziam pelo menos um jantar ou algo do tipo em um mês. Dessa vez decidiram fazer um jantar.
Todas as pessoas pareciam já estar na festa. Ao entrar no apartamento da Dona Noêmia (era esse o nome da dona do AP a qual realizou o jantar), pude perceber não só a presença de várias pessoas, mas também a presença de vasos bem decorados, uma música bem baixa, e o melhor de tudo: MUITA COMIDA! A Dona Noêmia estava bem elegante. Ela vestia um vestido branco, assim como a minha tia Vanessa. Coincidência ou não? Também não sei.
- Então esse é o seu famoso sobrinho? Disse a Noêmia referindo-se a mim.
- Sim, esse é o Junior.
- Olá, prazer Júnior!
- Prazer, an... Noêmia né?
- Sim, isso aí querido. Aproveite o jantar.
- Obrigado!
TOC, TOC. Ao usar essa onomatopeia até parece que alguém acaba de bater a porta, não é mesmo? Mas não! Era apenas o som de alguns degraus sendo pisados por um salto fino de uma garota LINDA que descia as escadas. Sabe, acho que o TOC, TOC era o som de alguém batendo a porta. Mas não era uma porta qualquer. Era a porta do meu coração. Não acredito que eu falei isso! Que brega!
- Bárbara como você está linda. Disse uma senhora cujo nome eu não sabia.
- Obrigada tia Janaína.
Acho que já sabemos o nome da senhora. Assim como já sabemos o nome dessa linda garota loira de olhos castanhos claros. Até hoje não entendo o porquê da minha vocação por loiras. Eu hein!
Eu resolvi sentar em um sofá que estava um pouco longe de todos. Havia alguns livros em cima de uma pequena mesa de vidro que ficava ao lado do sofá. Resolvi dá uma olhada. Não sei se já disse pra vocês, mas eu amo muito ler livros.
Haviam vários livros conhecidos e que eu já havia lido. Estavam lá o Como eu era antes de você da Jojo Moyes, o Querido John do Nicholas Sparks, o Não se apega não da Isabela Freitas e outros que eu ainda não conhecia. Resolvi abrir o Como eu era antes de você, apesar de já conhecer a história. De repente escuto uma voz doce e suave atrás de mim:
- Gosta de ler romances? Disse a Bárbara sentando ao meu lado no sofá.
- É... Me desculpa por ter pego os seus livros. São seus né?
- Não precisa pedir desculpas. Você pode ver todos se você quiser. São meus sim. Mas você ainda não respondeu a minha pergunta.
- Bom, eu gosto de romances sim. Mas o meu gênero favorito de livros é o Auto ajuda juvenil.
- Ah, eu também amo. Não é atoa que eu amo os livros da Isabela Freitas. Eu já li os três livros dela da saga Não se apega não. Mas eu só tenho o primeiro, os outros foi a minha amiga quem me emprestou.
- Que legal! Ler livros sempre é muito bom...
De repente a música que no começo da festa era baixa, explodiu nos nossos ouvidos. A mãe da Bárbara resolveu aumentar.
- Ai que barulho. Você se importa se nós formos para o corredor? Disse a Bárbara me puxando pelos braços para fora do apartamento.
Logo que chegamos ao corredor do prédio a conversa se estendeu.
- Desculpa por não ter me apresentando antes. Eu me chamo...
- Não precisa falar. Eu sei quem você é. É o Junior, o primo do Carlos. Ele falou muito de você. E quando te olhei logo percebi que era você, pois você era a única pessoa que não conhecia.
Espera aí! Não acredito no que eu ouvi. É isso mesmo? O Carlos falou muito de mim? Haha eu vivi pra presenciar essa cena. Quer dizer, eu não presenciei mas no momento consegui imaginar como foi.
- Ah sim. E você é a Bárbara ? Eu ouvi uma senhora falando com você. Acho que era a sua tia Janaína.
- Então estamos apresentados. Disse a Bárbara.
- O que o Carlos falou de mim?
- Não sei se devo contar. Não quero gerar problemas.
- An? Quê isso! Só quero saber mesmo. Não sou de criar confusão com ninguém.
- Ele comentou comigo e com outros amigos que você vinha pra cá. Ele disse que você era muito chato e provavelmente nós não íamos gostar de você.
Eu sabia. Sabia. Sabia que o Carlos não ia sair por aí falando coisas boas sobre mim. Ainda mais para os seus amigos que como ele mesmo falou "são dele" e não meus.
- Ele falou tudo isso?
- Eu sabia que não deveria te falar nada.
- Não, esquece. Eu não sou muito de ligar para o que as pessoas falam sobre mim. Vamos mudar de assunto, por favor!
- Sim, vamos. Mas só para constar, você não é nada chato. Gostei muito de você.
- Que bom. Eu também gostei muito de você.
É, parece que mais uma pessoa acaba de entrar na minha vida. Será que é pra ficar? Ou será que é pra me iludir, e quando eu estiver super apegado dizer um ADEUS? A verdade é que eu não sabia o que estava por vir.
Eu espero muito que não aconteça o mesmo que aconteceu comigo há dois meses atrás. Sabe quando você conhece uma pessoa que de repente vira seu amigo e logo logo não quer mais saber de você? Bom, eu espero muito que vocês não saibam o que é passar por essa situação. Mas acredito que muitos já passaram por isso. Afinal, o mundo está cheio de pessoas prontas para entrarem em nossas vidas e saírem a hora que quiserem sem ligar para a falta que vão deixar. Não sei pra quê insistem em dizer que nunca vão nos deixar sendo que logo depois saem das nossas vidas sem dizer o motivo. Se você não quer ficar na minha vida pra sempre então por favor nem tente entrar. A minha lista de decepções já está bem grande.

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