Capítulo 2 - Eu só queria alguém que não fosse embora.

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Era uma vez um trouxa que se ferrou durante toda a vida e viveu infeliz para todo o sempre... Sim, parece até loucura, mas é a vida real: Conhecer, se apaixonar, ficar (ás vezes), se apegar e ser abandonado. Sim, quando nós mais precisamos das pessoas elas desaparecem, quer dizer, desaparecem não, vão embora, falar que elas desaparecem me lembra "sequestro" e não, elas não são sequestradas, elas vão embora por sua conta própria sem ligar para o que as pessoas vão sentir.
Se eu for contar a quantidade de pessoas que já me abandonaram, não vou terminar tão cedo. Existem pessoas que acham que as pessoas são iguais, por isso temem dá uma nova chance para alguém e isso é péssimo, assim como existem pessoas do meu tipo que acham que todas as pessoas são diferentes, ok elas são (nem todo mundo) e acabam pensando que todo mundo pode ser melhor do que a outra pessoa que te magoou, que te decepcionou, que te abandonou.
Vocês podem notar que no começo desse capítulo têm apenas palavras no singular. Bom, nos contos de fadas sempre é isso : Era uma vez... e viveram felizes para sempre. Mas na vida real não! Além de não vivermos "felizes para sempre", muita das vezes nós vivemos infelizes e ainda por cima sozinhos. Existem momentos que precisamos das pessoas para nos aconselhar, nos dizer o quão importante somos pra ela, existem momentos os quais precisamos apenas de uma pessoa ao nosso lado. As pessoas deveriam se preocupar um pouquinho mais com aqueles que vivem ao seu redor. Se você olhar um amigo seu se automutilando, a sua reação será a mesma reação que milhares de pessoas já tiveram e ainda vão ter: Você é louco? Quer chamar atenção ? Para com isso palhaço. Todos nós sabemos que machucar o próprio corpo é algo totalmente doloroso, mas porque será que muitas pessoas insistem em fazer isso? O único motivo que as pessoas têm para tomar uma atitude dessas é a falta de companheirismo das próprias pessoas que convivem com elas. Ao olhar uma pessoa se automutilando, que tal perguntar o que se passa? O que está acontecendo? Que tal perguntar se essa pessoa está bem? Mesmo sabendo a resposta, porque alguém que se machuca por prazer com certeza não está bem. Mas não! Muitas pessoas não fazem isso. As pessoas insistem em julgar os outros na primeira oportunidade. Logo que entrei no Ensino Médio, pude perceber diversas personalidades ao meu redor. Tudo bem é normal, é uma escola nova e é óbvio que vamos ver pessoas com personalidades diferentes das nossas. Vamos ver pessoas com roupas diferentes, gosto por estilos musicais diferentes, e a única coisa que devemos fazer é aceitar e respeitar o modo como as pessoas lidam com a vida, mesmo que seja diferente da gente. Cada um lida com a vida do seu modo, e olha que lidar com essa "danada" não é nada fácil.
Antes de 1 mês na nova escola eu pude conhecer a Melissa, uma garota de 17 anos que sempre sofria bullying, pois as pessoas insistiam em chamá-la de "estranha" apenas por usar aquele óculos fundo de garrafa, aparelho nos dentes, sempre andar olhando para os seus pés e o pior de tudo : VÁRIAS CICATRIZES NO SEU BRAÇO, não sabendo eles que em outros lugares do seu corpo os quais não podiam ser vistos estavam piores, estavam inflamados pois com certeza ela tinha se automutilado recentemente naqueles lugares do seu corpo.
Será que alguém chegou e perguntou pra ela o porque daquelas cicatrizes? Claro que sim! Eu aqui! Foi bem difícil no começo manter contato com ela, admito. Mas ao passar do tempo ela demonstrou confiança por mim e resolveu colocar pra fora tudo aquilo que estava preso dentro de si há muito tempo. Era uma manhã de segunda-feira, ela veio me chamar pra conversar e isso me deixou muito surpreso, pois dias antes eu tinha insistido muito pra que ela me contasse o que havia acontecido e ela acabou correndo para longe de mim, e eu que nunca entendo nada fiquei me perguntando o porque daquela "ceninha". Mas depois de algumas horas pensando sobre o assunto eu pude perceber que ela estava com medo de falar sobre a sua vida, estava com medo de eu julgá-la como todos os outros fizeram, não sabendo ela que a minha vida também era completamente virada de cabeça pra baixo. Eu falei isso mesmo? A minha vida "era" virada de cabeça pra baixo? Não sei quando a minha vida se ajeitou, então ela continua virada de cabeça pra baixo, sério.
- Mel, se você não quiser falar sobre isso eu vou entender.
- Tudo bem. Eu decidi falar, não vai adiantar eu ficar escondendo isso pois sei que logo logo eu vou ter que te contar. Você é muito insistente, acho que é a pessoa mais insistente que já conheci cara.
Eu escutei isso mesmo? Eu tirei um pouquinho do meu tempo pra aconselhar a Melissa e a terráquia vem e diz que eu sou insistente? Mas espera aí! Isso é bom ou ruim? Preferi ficar com essa dúvida, pois se eu fosse perguntar se ser insistente é algo bom ou ruim ela ainda poderia surtar e sair correndo como da outra vez.
- Ah que bom que está confiando em mim.
- Eu me automutilo. Disse ela.
- Mas porque você faz isso?
- As pessoas são más. Qual o problema em ser o que eu sou? Eu não tenho culpa em ser assim. Eu não tenho culpa por usar esse óculos pavoroso. Eu não tenho culpa por andar olhando para os meus pés, é o meu jeito.
- Mas já ouvi tantas pessoas dizerem por aí que você começou a usar óculos (ela usava lentes), andar tímida... por causa de um garoto, é... como é mesmo o nome dele?
- Sebástian. Como as pessoas sabem assim da minha vida?
- Me diz, o que as pessoas não sabem? Existem coisas que nem nós mesmos sabemos sobre as nossas vidas e elas sabem. Mas, quem é esse Sebástian?
- Meu ex namorado. Nós terminamos há 2 anos.
O que? Não, isso não pode tá acontecendo. A Melissa já teve um namorado? Ela já "pegou" alguém? Surpreendente, porque há alguns anos atrás enquanto a Melissa dava uns "pega" no Sebástian, eu não estava pegando nem gripe, mas bem que eu queria a Savanah, mas essa é uma outra história.
- Uau. Mas o que aconteceu? E só por causa do término de vocês, você resolveu acabar com a sua vida?
- Você não sabe o que ele fez.
- Estou aqui para isso. Para saber o que aconteceu, te aconselhar.
- Sério que quer saber mesmo? Você se importa comigo?
A Melissa já tava tão acostumada com a zoação das pessoas que ela não estava conseguindo acreditar que eu estava disposto a ajudá-la.
- Claro que me importo.
- Ta bom. Eu conheci o Sebástian há 3 anos atrás e o nosso namoro durou apenas 1 ano. Começamos a namorar, ele fazia vários planos comigo, para que nós saíssemos com os seus amigos e as namoradas deles, tipo um encontro de casais. Eu nunca queria sair porque sempre estava triste, pois meus pais brigavam muito, brigavam tanto que hoje são separados. Aquelas brigas deles me afetavam muito, e o Sebástian já estava cansado de tudo isso. Certa vez ele me perguntou porque eu andava tão triste e eu respondi pra ele. E sabe o que ele me disse? Que o problema era dos meus pais e não tinha porque eu ficar triste por um problema que não era meu. Os dias se passaram e eu não aguentava mais, o meu pai estava brigando com a minha mãe, estavam se ofendendo e o meu pai levantou a mão para bater no rosto da minha mãe, só que eu entrei no quarto dos dois nesse momento tentando saber o porque daquela gritaria e ele acabou abaixando a mão, com vergonha do que iria fazer caso eu não entrasse no seu quarto naquele instante. Eu fui para o meu quarto e comecei a chorar, isso já era normal. Fiquei me perguntando onde estava aquele amor que os dois demonstravam ter um pelo outro, e a partir daí comecei me automutilar, fiz cortes e isso doeu muito no começo, sempre depois de me automutilar eu prometia pra mim mesmo que não iria mais fazer aquilo, mas quando eu percebia eu já tinha praticado a automutilação. O Sebástian começou a perceber cicatrizes no meu braço e ele me perguntou o que era aquilo, e eu disse que não era nada, tinha me ferido sem querer em casa. Mas certo dia, eu estava em casa sozinha, os meus pais tinham acabado de sair de casa e por ironia do destino a porta estava só encostada. Era mais um dia de brigas, e aquela louca vontade de me machucar estava forte, não pensei duas vezes e comecei a me cortar com o estileite que usava na antiga escola. O Sebástian estava vindo para a minha casa mas eu não sabia, e quando chegou notou que a porta não estava fechada na chave e ele abriu a mesma. Ele começou a perguntar se tinha alguém em casa e eu não escutei nada, quando de repente a porta do meu quarto se abre e lá estava o Sebástian, me olhando super assustado enquanto eu estava sangrando em cima da minha cama. Ele me falou coisas horrorosas, disse que eu era uma louca, disse que era por isso que eu vivia com meus braços cicatrizados, eu tentei explicar mas ele não me deu oportunidade e suas últimas palavras dirigidas a mim foram: O NOSSO NAMORO ACABA AQUI. EU NÃO QUERO NAMORAR COM UMA LOUCA QUE FICA SE CORTANDO ÁS ESCONDIDAS. A partir daí me fechei para o mundo. Já que o Sebástian não me entendeu então porque as outras pessoas iriam me entender?
Mais um ponto para as pessoas monstruosas, pois mais uma dessas pessoas conseguiram destruir mais um coração, mais uma vida. Era disso que eu estava falando, da preocupação com o seu próximo. Se o Sebástian tivesse se preocupado com a Melissa, tivesse aconselhado a sua namorada a parar de fazer aquilo, tudo teria terminado bem. Mas como já sabemos, nem todas as histórias da vida real são semelhantes ás histórias dos contos de fadas. Mais uma vez o indivíduo preferiu julgar do que amar, do que incentivar a parar de fazer aquilo. Será que ele amava ela de verdade? Será que ele pelo menos gostava da Melissa? Já dizia aquela música do Caetano Velozo: Quando a gente gosta é claro que a gente cuida. Fala que me ama só que é da boca pra fora. O Sebástian pisou na bola, e feio. As minhas palavras para a Melissa foram: SE VALORIZE! Eu expliquei para ela que não importa o que as pessoas pensam sobre nós, o importante é sermos nós mesmos. Mas ela não estava sendo ela mesma, aquele estilo que para muitos era um estilo horrível, era apenas uma máscara, um disfarce. E depois de um tempinho ela voltou a ser aquela garota linda de antigamente.
Todos nós devemos nos colocar no lugar das pessoas. Se você olhar alguém triste, de mal com a vida, então procure saber o que aconteceu. Se você não tiver tanta intimidade com essa pessoa, então dê apenas um sorriso verdadeiro, ás vezes um sorriso pode mudar tudo na vida de uma pessoa. Mas não ter intimidade com uma pessoa não impede ninguém de dá uma ajudinha a quem precisa. Ajudar nunca faz mal a alguém, mas julgar faz sim. Julgar faz você um ser humano sem coração, quer dizer, com coração porém um coração o qual ninguém queria ter. Pelo menos eu não queria ter esse coração de pessoas que amam julgar os outros sem saber o que realmente se passa na vida delas.
Se valorize! A partir do momento em que você ajuda uma pessoa, você está se valorizando, pois você estará fazendo algo que te fará bem. E se valorizar é isto: FAZER ALGO QUE SE SINTA BEM, USAR AS ROUPAS QUE GOSTAR, ANDAR DO JEITO QUE QUISER (mesmo que seja andando olhando para os seus pés), sem se preocupar com o que os  pensar.

Atenção: Em uma determinada parte desse capítulo, eu citei o nome da Savanah e disse que esse assunto era de uma outra história. Bom, se vocês ficaram interessados em saber dessa história, então leiam o meu primeiro livro que postei aqui no Wattpad. Ele se chama: Onde está o amor?.

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