Prólogo.

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Sei...a maioria das coisas se torna chata para um adolescente como eu,nem todos são assim,mas ninguém escapa do mal dia. Com o tempo sua mente acorda e você percebe que está preso em uma única realidade,diferente dos outros que seguem a fila e não olham para os lados.

Esse sou eu,Tyler Bouvier,tenho 15 anos e...para falar a verdade não gosto muito de me descrever,pense apenas que sou como qualquer outro adolescente. Minha vida ficou conturbada depois que meu pai faleceu a 4 anos atrás,apesar da falta já superei isso.

...

O canto dos pássaros anunciavam a chegada de mais um dia,meu despertador tocava loucamente as 6:00 em ponto e depois de desliga-lo volto a dormir,mas não por muito tempo.

— Tyler,vamos filho,é hora de ir para a escola. — Falou minha mãe entrando no meu quarto.

Ela abre a janela deixando os raios de sol iluminar todo o ambiente,rapidamente cubro meu rosto com o cobertor.

— Por favor mãe,só mais 5 horinhas.

— Nada disso. — Ela puxa a coberta insistente.

É impossível lutar contra Alyah Bouvier,vulgo minha mãe,olhos claros,pele morena,cabelos negros e ondulados,44 anos,trabalha como diarista,mas também consegue algum dinheirinho fazendo pinturas.

— Vamos Tyler...levanta.

E um cabo de guerra começa com a gente puxando o cobertor um do outro,mas logo desisti e me levantei da cama. Depois de estar pronto vou tomar café,chegando na cozinha encontro meu irmão mais velho.

— Sua cara está péssima. — Disse ele olhando minha cara de sono.

Esse é Gustavo Bouvier,19 anos,pele parda,olhos escuros,cabelo cacheado,ninguém consegue ser tão irritante quanto ele.

— Deveria ficar feliz,pelo menos ainda está na escola,a coisa começa a pesar quando sair de lá. — Disse ele.

Respiro fundo em pensar que venderei minha alma para uma faculdade assim como meu irmão.

— Não é esse tipo de incentivo que o Tyler precisa no momento. — Falou nossa mãe.

— Mas essa é a mais pura verdade,ele precisa saber. — Respondeu Gustavo.

É difícil comer no café da manhã quando eles ficam falando sobre meu futuro,mas talvez Gustavo tenha razão,eu preciso me preparar para o que vier.

...

Saio de casa e vou caminhando como sempre faço. Em todo lugar que passo ouço a mesma música de sucesso se repetir,dando a entender que ninguém tem gosto próprio,mas quem sou eu para julgar afinal?.

Ao chegar na escola ando distraidamente pelos corredores ignorando completamente o "bom dia" dos professores,não isso faço por mal...é que...o dia não está bom para mim. Ao chegar na sala de aula vejo poucos alunos,provavelmente o resto ainda virá,sento em meu lugar e olho com o olhar vazio para a parede.

Dena Phillips,uma amiga minha,chega na sala sorridente,provavelmente para me contar como foi o fim de semana,não querendo estragar sua animação com minha cara disfarço um sorriso.

— Oi Tyler,tudo bem?. — Perguntou ela.

— Estou ótimo,pela sua animação o fim de semana foi bem proveitoso. — Falei.

— E como...deixa eu te contar...

No sábado ela saiu para algum lugar e no domingo passou o dia em casa.

— Sábado fui ao cinema e no domingo não fiz nada de mais,apenas em casa. — Concluiu Dena.

Acredite,isso se repete toda segunda,eu sempre sei o que ela fala,é como se o roteiro não mudasse.

— E o seu Tyler?. — Perguntou ela.

— Igual... — Respondi.

Dena se senta ao meu lado e começa a falar um monte de coisas e eu prestava atenção em tudo,ela quase não me deixa falar,sempre me interrompe com outro assunto.

Antes tinha mais amigos tagarelas como ela,infelizmente quando fomos para o ensino médio poucos restaram e agora no segundo ano Dena é a única que está na mesma sala que eu.

...

São ao todo cinco aulas por dia,na primeira temos matemática,não é minha matéria preferida,a professora é chata e gosta de humilhar quem tira notas baixas.

Na segunda aula temos uma minhoca morta como professor de português,o cara quase não faz nada e para completar a sala vira uma zona de arremessar bolas de papel.

Na terceira aula temos física,a professora fica lá falando coisas e escrevendo rabiscos no quadro,a sala fica quieta...dormir sempre é bom.

No recreio Dena e eu nos encontramos com dois amigos nossos,Brandon e Glória,a conversa é tão boa que fico de fora as vezes.

Na quarta aula temos química,o professor é bem estranho e de vez enquando gosta de falar coisas estranhas,ninguém além dos alunos puxa saco se importa.

Por fim temos a última aula,biologia,apesar do professor ser gente boa ele parece ser bastante falso...não confiar nele sempre é bom.

Claro,ainda resta mais matérias,mas a semana está só começando,essa foi apenas uma breve amostra da batalha diária.

...

Tudo se tornou repetitivo,sem gosto,as vezes coisas acontecem só para frustar mais a gente,mas não se pode fazer nada...ao menos eu não posso. É difícil para mim compreender o que estou sentindo nesse exato momento,a palavra que descreve bem é...

Vazio...

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(Continua No Próximo Capítulo)

A Pessoa Que Não ExisteOnde histórias criam vida. Descubra agora